Venezuela e Rússia rompem o bloqueio com a reativação da rota aérea Moscou-Nueva Esparta
O deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela Roy Daza indicou que a iniciativa é um sinal de que seu governo está superando o bloqueio com a ajuda de países aliados
CARACAS (Sputnik) – Venezuela e Rússia mantêm intacta sua vontade de avançar no turismo apesar das sanções ocidentais contra os países. A reativação da conexão aérea Moscou-Nueva Esparta em 1º de outubro é prova disso.
No final de agosto, soube-se que na Rússia, o operador turístico Pegas Touristik iniciou com sucesso a comercialização de pacotes de férias para a Ilha Margarita (Nueva Esparta), um destino por excelência no Caribe venezuelano.
A empresa russa Nordwind, responsável pela rota comercial, torna-se a segunda companhia aérea a operar voos diretos entre as duas nações, depois do Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas e Serviços Aéreos SA (Conviasa), que abriu sua conexão Caracas-Moscou em maio de 2021.
É assim que a nação caribenha está se preparando para receber novamente a visita de turistas russos, que foram suspensos em 8 de março devido às restrições do espaço aéreo que começaram depois que a Rússia implantou sua operação militar na Ucrânia em 24 de fevereiro.
Segundo as autoridades venezuelanas, estes voos deverão ter uma frequência de cinco por semana, o que permitirá a chegada de 440 turistas em cada um deles.
Bloqueio
Questionado sobre a reabertura da rota comercial entre esses dois países, o deputado do governante Partido Socialista Unido da Venezuela Roy Daza indicou que a iniciativa é um sinal de que seu governo está superando o bloqueio com a ajuda de países aliados, neste caso da Rússia.
"É um sinal de que estamos conseguindo com nossos aliados internacionais, estamos conseguindo romper o bloqueio, ou seja, a configuração do mundo agora vai se dar a partir dos aliados que sofrem bloqueios", disse.
O presidente Nicolás Maduro disse em várias ocasiões que a Rússia se tornou um parceiro estratégico para seu país e acrescentou que essa aliança permitiu à Venezuela enfrentar as sanções impostas pelos Estados Unidos e alguns países da União Europeia.
Até o momento, a Venezuela tem 961 medidas coercitivas unilaterais que impedem o desenvolvimento da economia e dos sistemas produtivos do país, segundo o chanceler Carlos Faría.
Na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, Faría expressou a rejeição de seu governo às sanções e assegurou que seu impacto constitui crimes de humanidade pelos danos que causam aos venezuelanos.
Relações
O legislador acrescentou ainda que o seu país atravessa atualmente um processo de recuperação da sua economia, que não deriva do levantamento das sanções, mas da capacidade de resposta que o Governo e os venezuelanos encontraram para enfrentar estas medidas.
Da mesma forma, o deputado enfatizou que, graças à estabilidade política que o governo alcançou, atualmente existem atores no cenário internacional dispostos a fortalecer suas relações com o governo Maduro, apesar de Washington.
"As sanções são as mesmas, o que acontece é que a estabilidade política repercutiu no exterior e hoje encontramos novos atores na arena internacional capazes de construir relações apesar do que diz Washington", assegurou.
A relação entre Caracas e Moscou tem um nível de aliança considerado por ambos os governos como "estratégico", que se consolidou nos últimos 20 anos com a assinatura de mais de 230 acordos.
Atualmente, os dois países possuem acordos de cooperação nas seguintes áreas: energia, finanças, cultura, esportes, saúde, turismo e comunicação.
Isso permitiu que 15.000 visitantes da Rússia chegassem ao país caribenho entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022, segundo o presidente da Corporação de Turismo da ilha (Corpotur).
Em declarações anteriores à Agência Sputnik, a diretora da Câmara Estadual de Turismo de Nueva Esparta, Cecilia Troconiz, destacou que nesse período a visita dos russos teve um impacto positivo no setor e destacou que houve um crescimento significativo no emprego no setor hoteleiro.