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América Latina

Candidata de esquerda em Honduras faz campanha de enfrentamento ao golpe

Em meio à crise do governo golpista, os hondurenhos vão às urnas em 28 de novembro, quando ocorrerão eleições gerais no país caribenho. Xiomara Castro aparece liderando nas últimas pesquisas de intenção de voto liderando com 38%

(Foto: Reuters)
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DCO - Em meio à crise do governo golpista, os hondurenhos vão às urnas em 28 de novembro, quando ocorrerão eleições gerais no país caribenho. Xiomara Castro aparece liderando nas últimas pesquisas de intenção de voto liderando com 38%, enquanto o candidato governista do Partido Nacional, Nasry Asfura, tem apenas com 21%.

 O golpe de 2009

O regime político em Honduras é uma herança do golpe de Estado de 2009 que derrubou o governo Zelaya em benefício dos monopólios, em especial do setor petrolífero e financeiro. Oriundo da oligarquia hondurenha, o político foi levado a adotar medidas contrárias aos interesses estrangeiros pela situação política e sofreu o primeiro golpe de uma série ainda em andamento aqui na América Latina.

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Eleito em 2006, Zelaya aderiu à Petrocaribe, aliança entre a Venezuela e países caribenhos em torno do comércio de petróleo, e à ALBA, Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, outra iniciativa impulsionada por Hugo Chavez para promover a cooperação entre os países latino-americanos. Medidas que apontavam para uma maior autonomia política de Honduras e uma perspectiva de desenvolvimento econômico rompendo o cerco dos monopólios.

Xiomara Castro vem disputando e perdendo eleições rigidamente controladas pelos golpistas desde então pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre), criado por Zelaya em 2011. Para se ter uma ideia, na campanha eleitoral para o pleito de 2013, pelo menos 18 pessoas ligadas ao partido foram assassinadas, incluindo candidatos e pré-candidatos do partido.

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A guinada à esquerda na campanha

Mesmo com posições moderadas e presa ao mecanismo manipulável das eleições burguesas, Xiomara Castro tem elevado o tom na sua campanha. Assim como ocorreu com Zelaya no começo dos anos 2000, Castro responde aos anseios da população e se coloca politicamente em oposição ao imperialismo, classificando corretamente o capitalismo como um sistema opressor e o modelo neoliberal como uma ferramenta para essa opressão.

O programa eleitoral de Castro foi nomeado “Plano de Governo da Ditadura à Democracia”, numa clara denúncia contra o governo golpista e ditatorial do país. Para começo de conversa, a candidata propõe a derrubada de 13 leis que sustentam a ditadura hondurenha, como a Lei de Conselho de Segurança e Defesa, a Lei de Escutas o regulamento interno do Congresso Nacional.

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Ao mesmo tempo, propõe já no primeiro dia de governo a convocar uma consulta popular para a eleição e organização de uma Assembleia Nacional para estabelecer uma nova constituição para o país. Junto com a revogação das leis de sustentação da ditadura atual, essa medida é a maneira que essa esquerda consegue conceber para estabelecer uma ruptura com a política entreguista e antipopular colocada em prática pela direita.

Outros pontos do programa

A candidata nacionalista propõe em seu programa mecanismos de “democracia participativa”, prevendo a estruturação de mecanismos para a participação direta da população nas decisões estatais e mecanismos indiretos como plebiscitos, referendos e consultas populares. É o que o partido Libre chama de “socialismo democrático”.

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Diante de uma série de escândalos de corrupção no governo golpista, Xiomara Castro propõe um pacote de medidas “anticorrupção”, que responde à crítica da população contra o governo atual, mas que pode se voltar futuramente contra a própria esquerda. Como estamos podendo acompanhar nos últimos anos, o mote da “luta contra a corrupção” cai como uma luva para a derrubada de governos nacionalistas na América Latina.

A recuperação das empresas estatais é outro ponto em destaque no programa de Castro. Assim como no Brasil, as estatais são uma base fundamental para o desenvolvimento da economia e seu sucateamento e entrega aos capitalistas fere de morte os impulsos industriais dos países atrasados e torna mais difícil o acesso da população a serviços básicos como energia elétrica e água tratada. O programa cita diretamente as empresas Enee (Empresa Nacional de Energia Elétrica), Hondutel (empresa de telecomunicações do país) e Sanaa (Serviço Autônomo Nacional de Aquedutos e Esgoto), além dos aeroportos, portos e estradas.

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Reduzir o preço da energia elétrica, com isenção de pagamento para as famílias mais pobres, é outro destaque importante e que se opõe frontalmente à política antipopular dos golpistas e dialoga com as necessidades materiais do povo hondurenho. Isso se une à proposta de aumento do salário mínimo e de um plano de criação de empregos impulsionado pelo governo.

Eleições radicalizadas

Mesmo apresentando propostas moderadas e dentro dos marcos do capitalismo, o programa de governo e o tom da campanha de Xiomara Castro destoam das capitulações da esquerda nacionalista no continente. É um sinal da radicalização das massas hondurenhas, que empurra mais para a esquerda os nacionalistas e reformistas.

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O que ocorre em Honduras serve de exemplo para a Lula, quanto mais se afastar da direita golpista e abraçar as massas que sustentam sua popularidade o petista só tende a crescer eleitoralmente e se fortalecer para os embates com a burguesia num possível governo.

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