A macroeconomia dos míopes e a sorte de Lula
A realidade se impõe e seguirá se impondo, ainda que a má vontade hegemônica teime em associar sucessos desse início de governo a uma suposta sorte de Lula
A realidade se impõe e seguirá se impondo, ainda que a má vontade hegemônica teime em associar sucessos desse início de governo a uma suposta sorte de Lula
Bastiões históricos do liberalismo, como os EUA, o FMI e o Banco Mundial, assim como pensadores honestos de formação econômica neoclássica, já questionam as velhas políticas liberais que trouxeram o planeta à beira da catástrofe social e ambiental
Não é mais possível aos brasileiros assistirmos impassíveis à crescente uberização das relações de trabalho, ao visível avanço da fome e da miséria e à destruição do aparelho de Estado que são as consequências das políticas liberais defendidas pela maior parte da elite, que não deseja contribuir com a justa parte na construção da sociedade mais igualitária
O Brasil havia deixado o infamante Mapa da Fome das Nações Unidas em 2013. Uma conquista espetacular, que desafortunadamente foi menos celebrada pela mídia e pela sociedade do que uma façanha deste quilate mereceria. O IBGE confirmou que, em 2018, voltamos a ter 5% da população em estado de fome, índice que nos reinclui no rol dos desafortunados do mundo
Que tipo de sociedade é esse que estamos construindo, onde um equilíbrio fiscal socialmente injusto, perseguido através da imposição de pesados sacrifícios exclusivamente aos mais pobres, é um valor maior do que a vida, a dignidade e a solidariedade social?
A entrada do Brasil no clube dos ricos, prometida pelos EUA a Bolsonaro, significa que o país deve abrir mão voluntariamente de adotar políticas de conteúdo nacional e impor limites a capitais especulativos, entre outras medidas
Alguns apoiadores de primeira hora do governo já percebem que o aprofundamento do austericídio conduziria a um beco sem saída. Empresários, jornalistas e economistas neoclássicos começam a alertar para a necessidade de se conter o avanço sem freios do rentismo e do abismo social que se vai aprofundando