Reforma da Previdência, Dívida Pública e o Restaurante
É lamentável que se defenda a pauperização de milhões de brasileiros, ao se propor reforma draconiana na previdência social, enquanto se desconsidera olimpicamente a questão da dívida pública
É lamentável que se defenda a pauperização de milhões de brasileiros, ao se propor reforma draconiana na previdência social, enquanto se desconsidera olimpicamente a questão da dívida pública
"Bolsonaro simplesmente, em dois dias, acabou com a soberania e com o orgulho brasileiros. Eu nunca imaginei que um dia iria pronunciar aquela infeliz frase da consultoria Empiricus: "O Fim do Brasil'", diz o colunista Reinaldo Del Dotore; "O presidente, em resumo, curvou o Brasil aos interesses dos EUA, sem qualquer contrapartida de Trump. Tornamo-nos vassalos do Grande Irmão do Norte", afirma; "Há quem diga, até mesmo nas hostes da ultra-direita, que Bolsonaro não entra em 2020 como presidente. Até lá, porém, ele é capaz de causar estragos irremediáveis - o que já começa a acontecer"
Contabilizadas todas as fontes constitucionais de financiamento (e não apenas as contribuições previdenciárias de empregados e patrões, como cirurgicamente aqueles porta-vozes ecoam diuturnamente), a previdência social é sistematicamente superavitária
Dois momentos diversos no tempo, mas que representam exatamente o mesmo fenômeno sociopolítico: manifestações nas ruas, em última análise, contra os respectivos governos (em 2013, Dilma; em 2016, Temer). Os editoriais da Folha, no primeiro caso, dá apoio total aos "cidadãos"; no segundo, condenação absoluta aos "grupelhos"
"Não vale a pena perder amigos ou se afastar de familiares por causa de política". Desculpem-me pela frieza, mas vale a pena, sim. Mais do que isso: é fundamental perder amigos e se afastar de parentes
Há quem diga: "A História vai julgar os golpistas". Tenho certeza disso. O problema é que antes da "História", eu, você, meus filhos e os seus, minha família e amigos e família e amigos seus, vamos todos sentir no lombo as consequências dessa obscenidade que nos equipara a Honduras e ao Paraguai
As manifestações de sexta-feira demonstraram que o golpe não vai ser tão simples quanto se deseja. Por outro lado, essa inequívoca cooptação das instituições torna inútil a resistência meramente dialética ou jurídica
O combate à corrupção deve prosseguir, é claro. Mas que prossiga nas mãos de promotores, procuradores, magistrados e policiais que se mantenham republicanamente longe do brilho sedutor dos holofotes
Há semanas que muitas pessoas vêm argumentando, com base em pesquisas de opinião, que "93% dos brasileiros exigem a saída da presidente". Não é o que as duas manifestações demonstraram, porém
Serra foi (e ainda está sendo) massacrado nos comentários da publicação, num caso que provavelmente vai passar para os anais da "social media" como um dos seus maiores desastres
O ministro Teori Zavascki propõe "afastar a Constituição" diante de alguma "situação excepcional" ao decidir pela prisão do senador; Gravíssimo. Espero que a comunidade jurídica repercuta e questione ativamente essa teratologia
Enquanto houver ministros, desembargadores, juízes, procuradores, promotores, policiais, jornalistas e cidadãos caolhos (com olhos de águia de um dos lados e completamente cegos do outro), sejam culposos ou dolosos, essa ode à moralização do país não passará de cinismo