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Fred Ghedini

Jornalista, casado com Denise Carreira, dois filhos e quase 50 anos de profissão. Atualmente preside a Associação Profissão Jornalista (APJor) e é pesquisador na UFSC (pós-doutorado)

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19J

"Amanhã, 19 de junho, na Avenida Paulista, em São Paulo e em centenas de outras ruas, praças e lugares públicos por quase 400 cidades no Brasil – e pelo mundo afora –, vamos gritar a plenos pulmões: 'Fora Bolsonaro'", escreve o jornalista Fred Ghedini

(Foto: Twitter/Guilherme Boulos)
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Sou da Geração 68. Não participei ativamente dos protestos de rua e dos momentos de grande mobilização contra a ditadura civil-militar de 1964-1985. Em 1968, por exemplo, eu estava no Colégio Naval. Naquele ano, lembro de uma ordem do dia, lida pelo sistema de som do Colégio Naval, assinada pelo Comando, que culpava os estudantes pelas “arruaças” no Rio e em outras cidades, o que foi usado para justificar o aquartelamento dos alunos no final de semana (tínhamos folgas a cada dois finais de semana).

O aquartelamento “por causa das bagunças causadas pelos estudantes” era uma forma de nos deixar com raiva daqueles “estudantes arruaceiros”. Pelo menos eu ficava, pois o aquartelamento me impedia de pegar as carona nas estradas entre Angra dos Reis e Campinas, onde morava minha família e eu tinha uma namorada.

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Contudo, não me dei muito bem com o dia a dia dos milicos e em 1969 decidi dar baixa. Assim, não fui para a Escola Naval, no Rio de Janeiro. Preferi prestar vestibular. Entrei na Poli, onde iniciei minha vida política, participando do Grupo de Teatro da Poli (o GTP, famoso pelas peças que encenava).

Essa pequena digressão situa um pouco meu passado não tão ativo na Geração 68 de então. Nunca participei de uma das organizações políticas, clandestinas ou não (havia várias, com diferentes linhas políticas. O debate entre essas linhas políticas era quente). Minha educação política se deu aos poucos. Mais tarde, quando decidi me tornar jornalista, ela foi sempre mesclada com a questão democrática, pois o jornalismo é filho dileto da democracia.

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Tortura

Naquela época, embora não militando em nenhum organização política, era impossível estar na faculdade e não ter contato com gente de quase todas elas. Minha primeira esposa, por exemplo, que cursava sociologia, foi torturada barbaramente pois estudara no Aplicação e ingressou em uma das organizações dizimadas pelo delegado Fleury e sua turma de trogloditas torturados.

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O Brasil tem uma democracia um tanto manca. Nunca chegou a superar efetivamente a tutela militar. Tanto que temos agora uma nova onda de milicos no poder, sob o comando de um ex-militar. Quem não se lembra do general Villas Boas ameaçando o Supremo Tribunal Federal e coisas do tipo, inconcebíveis em qualquer democracia séria?

A questão da tortura praticada durante a ditadura contra presos políticos (e nas delegacias de polícia e ações da PM pelo Brasil afora cotidianamente, até hoje) ainda é uma faca na carne da nação, sempre pronta a ser enterrada no coração da democracia brasileira. Por conta do acordo feito com os militares em meados dos anos 1980, não houve a responsabilização criminal, de forma ampla, dos mandantes e praticantes da tortura durante a ditadura. Ao contrário do que ocorreu no Chile e na Argentina, para dar dois exemplos de países irmão no nosso continente.

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Por essas e outras, um deputado defensor da tortura, como o que está na presidência atualmente, pôde se candidatar e – mais grave ainda – assumir o cargo. Se as instituições democráticas brasileiras estivessem fir4memente enraizadas na democracia, não teriam permitido a um defensor da tortura sequer ser candidato a deputado. Quanto mais ser candidato à Presidência da República. E, ainda, assumir o cargo.

A tortura é crime inafiançável, praticado por covardes e polícias mal preparadas, incapazes de aplicar técnicas civilizadas de investigação. É praticada cotidianamente nas cadeias e delegacias brasileiras devido a um aleijão na formação das nossas políticas e da nossa cidadania. Cai muito bem às máfias, milícias e outras organizações criminosas. Mas é inconcebível como técnica usada por agentes públicos. Como fomos permitir que um defensor desse tipo de crime assumisse o principal cargo político de nosso país?

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Ainda é tempo

Ainda é tempo de impedir que o mandato de um presidente amante da tortura se conclua em nossa país. O mandatário mor da nação pratica crimes contra a Constituição todos os dias. O presidente da Câmara dos Deputados está sentado sobre 114 pedidos de impeachment. As organizações da sociedade civil deveriam lançar imediatamente uma campanha com a foto do presidente da Câmara dizendo: “Este homem não deixa que se inicie o processo para tirar da presidência um amante da tortura, incompetente para administrar o país, incapaz de impedir milhares de mortes desnecessárias diante da pandemia, incapaz de colocar nossa economia para andar, uma mancha para todos nós brasileiros e brasileiras diante dos povos e nações do mundo”.

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Amanhã, 19 de junho, na Avenida Paulista, em São Paulo e em centenas de outras ruas, praças e lugares públicos por quase 400 cidades no Brasil – e pelo mundo afora –, vamos gritar a plenos pulmões: “Fora Bolsonaro”.

Nós, da Geração 68, lá estaremos e convidamos todos e todas, de qualquer outra geração, a estarem conosco, no bloco identificado com faixas, cartazes e cordões.

Por um Brasil sem tortura,

Pelo auxílio emergencial de R$ 600, enquanto durar a pandemia,

Pelo respeito aos direitos dos cidadãos e à democracia,

Por emprego, saúde e educação de qualidade para todos,

Contra o racismo, a homofobia e outras excrescências,

Fora Bolsonaro!

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