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Mauro Lopes

Mauro Lopes é jornalista, editor do Brasil 247 e apresentador do Giro das 11 na TV 247. Fundador do canal Paz e Bem, de espiritualidade aberta e plural.

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A agonia do governo Bolsonaro: prisões, fiasco, retaliação e uma moldura laranja

O jornalista Mauro Lopes, editor do 247, escreve sobre a agonia do governo Bolsonaro: "Esta terça, 22 de janeiro, é um marco na agonia política do tragicômico governo Bolsonaro. Uma sucessão espantosa de eventos marcou o dia, mas a imagem o ícone da agonia do governo é uma foto. A imagem do fim do governo é simplória, como Bolsonaro. Evoca seu alheamento do mundo ao redor. Expressa o ensimesmamento que cultiva o ódio e enxerga conspirações e atentados em todos os cantos. É o símbolo de seu isolamento. Uma prosaica foto de Bolsonaro almoçando no bandejão de um supermercado em Davos"; a parede laranja ao fundo é a moldura perfeita para a agonia bolsonarista

A agonia do governo Bolsonaro: prisões, fiasco, retaliação e uma moldura laranja
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Por Mauro Lopes, editor do 247 e dos Jornalistas pela Democracia - Esta terça, 22 de janeiro, é um marco na agonia política do tragicômico governo Bolsonaro. Uma sucessão espantosa de eventos marcou o dia, mas a imagem o ícone da agonia do governo é uma foto. É assim mesmo. Uma imagem, uma foto, um breve filme tem por vezes o condão de condensar toda uma gama de eventos e sentidos. A imagem do fim do governo é simplória, como Bolsonaro. Evoca seu alheamento do mundo ao redor. Expressa o ensimesmamento que cultiva o ódio e enxerga conspirações e atentados em todos os cantos. É o símbolo de seu isolamento. Uma prosaica foto de Bolsonaro almoçando no bandejão de um supermercado em Davos. Como observou o jornalista Jamil Chade, um dos mais respeitados correspondentes estrangeiros nascidos no Brasil, em um tweet: "3,5 mil participantes e 70 chefes de estado e governo. Mas Bolsonaro almoçando sozinho em Davos."

 3,5 mil participantes e 70 chefes de estado e governo. Mas Bolsonaro almoçando sozinho em Davos. pic.twitter.com/yeYvUAOAOh

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A cor da parede ao fundo da foto -laranja- não poderia ser mais ilustrativa de um dos vetores da agonia bolsonariana. Eleito com um discurso raivoso contra a corrupção, o presidente e seu clã -os filhos Flávio, Eduardo e Carlos e mais a esposa Michelle- foram flagrados num esquema de caixa dois mais mequetrefes que se tem registro. Tudo é alaranjado no esquema que tem como operados um ex-PM acusado, entre outras coisas, de executar pessoas nas periferias do Rio, Fabrício Queiroz. O laranja ao fundo é a moldura perfeita para o esquema do clã.

Da parede laranja para o púlpito do Fórum Econômico Mundial, em Davos, foram apenas alguns quarteirões. A cor de fundo, durante o discurso, era azul Mas a parede laranja como que acompanhou Bolsonaro. Um discurso-epitáfio. A alocução colegial, primária, causou estupefação na comunidade e na imprensa internacional. Oito minutos dos mais constrangedores da história do país. 

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O discurso da parede laranja aconteceu sob o ensurdecedor ruído das prisões dos milicianos vinculados diretamente ao clã Bolsonaro e acusados de envolvimento  no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. É tudo sórdido, violento, marginal demais. Todos os milicianos presos atuavam em Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio, o principal reduto do clã Bolsonaro, onde atuavam abertamente -tanto o clã como os milicianos. Parecidos em tudo, incrivelmente semelhantes do ponto de vista da trajetória, da linguagem e até dos trejeitos e perfil físico. O país descobre nesta terça algo que nos bastidores já era conhecido -sabiam-no os militares, os políticos, as elites: o clã Bolsonaro tem ligações viscerais com os milicianos paramilitares. Ficou insustentável.

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Numa arena internacional, Davos, enquanto Bolsonaro delirava garantindo que "nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir", a sala do Fórum foi invadida pelo desagradável cheiro de frangos. Milhares, milhões de frangos invadiram o salão a cacarejar: "E agora, Bolsonaro, e agora, Bolsonaro, e agora Bolsonaro?". A Arábia Saudita acabara de anunciar a retaliação à decisão da dupla Bolsonaro-Araújo de romper com a tradição pragmática e pacifista da política externa brasileira pra o Oriente Médio e alinhar-se a Netanyahu e Trump. Os árabes estão enfurecidos e a aventura bolsonarista não ficará impune: "A decisão da Arábia Saudita de descredenciar cinco frigoríficos brasileiros que exportam para o país, anunciada nesta terça-feira, 22, é uma retaliação ao governo de Jair Bolsonaro, em função da decisão de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, afirmou em Davos o ex-secretário-geral da Liga Árabe (organização que reúne 22 países árabes), Amr Moussa. 'O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)', disse Moussa, um dos diplomatas do Oriente Médio de maior influência na região." - a informação, mais uma vez, é do respeitado Jamil Chade.

Enquanto isso, o que fez a 'reserva moral' do governo Bolsonaro nesta terça? Sim, ele mesmo, Sérgio Moro. Depois de viajar a Davos confraternizando alegremente com Bolsonaro enquanto o presidente orientava seu filho Flávio para mais uma das dezenas de versões mentirosas que tem espalhado desde domingo, o justiceiro tão falante e feroz com um leão contra o PT e Lula, miou como um gatinho numa mesa no Fórum. "Não me cabe comentar sobre isso" disse Moro -e o que cabe ao ministro da Justiça comentar, enquanto o país ferve com as notícias do esquema do clã presidencial e da prisão dos milicianos vinculados aos Bolsonaro?

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Em Davos, a agonia do governo Bolsonaro assumiu cores definitivas. E ela é laranja e com respingos de vermelho -não a cor do PT, mas o sangue de Marielle e Anderson. 

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