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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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A América Latina no embate entre o Norte e o Sul Global

Marinha estadunidense tem realizado exercícios de guerra nas Américas

(Foto: Sputnik)
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Retirando-se o olhar da Ucrânia e suas discussões intermináveis, retornemos ao papel da América Latina nessa mudança geopolítica, que como definiu bem o jornalista indiano Shobhan Saxena; esse não é um embate entre Ocidente e Oriente, mas sim entre o Norte e o Sul Global. (Apesar da Rússia fisicamente estar no Norte, ela tem características dos países do Sul, capitalismo retardatário, exportador de commodities, não é aceita na ordem vigente das nações desenvolvidas). 

Seguindo na linha do artigo anterior: “Os EUA planejam aumentar os conflitos num Governo Lula e na América Latina”, o país definiu como campo de batalha fundamental para manter o controle do Ocidente a América Latina e Caribe, assim como fez na Guerra Fria, implantou governos militares sob seu controle em todo o continente. Em 2018, o secretário de Defesa, James Mattis, delineou como foco principal na defesa da segurança estadunidense, não ser mais a Guerra ao Terror, mas a guerra da “grande competição de poder”, China, Rússia, seguidas pela Venezuela, Nicarágua e Cuba. 

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A diretora da Inteligência dos EUA, Avril Haines, emitiu o Relatório de Avaliação das Ameaças de 2022, onde a China e Rússia constituem as principais ameaças e devem ser a maior prioridade à comunidade de inteligência.

Nessa batalha os EUA precisam impedir a integração econômica da América Latina à união eurasiática e alinhar as políticas externas dos governos da região aos seus. Isso ficou bem estabelecido após o golpe de 2016 no Brasil e seu afastamento do Brics, a imposição da não adoção ao 5G chinês e as declarações belicosas de Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo contra o maior parceiro econômico brasileiro, a China.

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Neste ano, o diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Juan Gonzales declarou, em entrevista ao Voice of America: “As sanções contra a Rússia são tão robustas que terão um impacto sobre os governos com afiliações econômicas com a Rússia, e isso é intencional. Então a Venezuela vai começar a sentir essa pressão. A Nicarágua vai sentir essa pressão, com Cuba.” [Leia].

O governo dos Estados Unido tem feito sucessivas declarações citando a Doutrina Monroe, após a visita de Alberto Férnandez, presidente argentino, fez a viagem à China e Rússia, neste ano, para buscar maneiras de resolver a dívida de US$ 44,5 bilhões com o FMI, o congressista estadunidense Matt Gaetz disse em plenário que tal acordo é um afronto à Doutrina Monroe e uma ameaça significativa a “nossa nação”. 

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Em janeiro deste ano, Biden em coletiva de imprensa disse: “Costumávamos falar, quando eu era criança na faculdade, sobre o quintal da América. Não é o quintal da América. Tudo ao sul da fronteira mexicana é o jardim da frente da América.”

Em janeiro, a polícia boliviana apreendeu um carregamento de armas e equipamentos militares enviados pelos EUA à Santa Cruz. Região de onde partiu o golpe contra Evo Morales, governada por Luis Fernando Camacho que boicota sistematicamente o governo federal eleito. Evo Morales e organizações sociais denunciam estarem sendo monitorados, além de haver uma campanha de fake News e lawfare contra Morales, realizada pelos EUA. [Os EUA começam a balcanização na América do Sul pela Bolívia].

Marinha estadunidense tem realizado exercícios de guerra nas Américas

O jornalista Benjamin Norton, Multipolarista.com, noticiou exercícios militares realizados pelos EUA e Colômbia nas proximidades da Venezuela, nos dias 27 e 28 de fevereiro. Exercícios realizados entre os dois países não é nada inusitado, pois a Colômbia é um parceiro “especial” da Otan, porém, desta vez houve o uso de um submarino nuclear, o USS Minnesota.

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O comando Sul publicou imagens dos exercícios em sua conta oficial. [clique aqui]

A empresa privada de inteligência Stratfor, conhecida como uma sombra da CIA, observou que os exercícios militares dos EUA com a Colômbia estavam “dentro do escopo da OTAN”. 

A Venezuela reconheceu os exercícios militares EUA-Colômbia perto de suas fronteiras com um submarino nuclear como uma ameaça flagrante. O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, tuitou: “Por que há tanta ostentação imperialista? Isto é uma cópia da expansão da OTAN no Mediterrâneo das Américas?” 

Washington e Bogotá afirmam que os exercícios teriam como foco o combate ao narcotráfico, porém o governo da Colômbia é vinculado aos cartéis, crime organizado e grupos paramilitares. O atual presidente de extrema-direita da Colômbia, Iván Duque, só chegou ao poder porque Uribe ordenou a um traficante de drogas, Ñeñe Hernández, comprasse votos para ele.

“Vocês não combatem o narcotráfico, a guerra em Arauca [na Colômbia], assassinatos sistemáticos e grupos terroristas com submarinos nucleares”, “Rejeito categoricamente isso.”, tuitou Vladimir Padrino.

Brasil

Conforme a publicação da Folha de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro teria ido à Rússia pedir ajuda no desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro, pois os EUA não desejavam contribuir com o projeto nacional. Segundo a Folha, o Ministério da Defesa brasileiro perdeu as expectativas de firmar um acordo com Washington em 2018. Os americanos "enrolavam os brasileiros e pediam novas informações", disse o Ministro de Defesa ao jornal. 

O Itamaraty, que participava em conjunto da negociação, resolveu procurar alternativas. As conversas teriam sido retomadas em 2020 e aceleradas após a queda de Araújo, em março de 2021. As tratativas teriam sido retomadas pelo secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, o almirante Flávio Rocha, que foi à capital russa no final de 2021. Pois, a Marinha brasileira iniciou testes de um sistema de propulsão nuclear em 2021, para o qual uma assistência russa seria útil.

No entanto, não há nenhum documento oficial ligando o caso do submarino nuclear à Rússia. Como o governo atual não é adepto à verdade, mantém-se a dúvida. 

Soma-se a isso, a notícia no The New York Times que um casal de espiões americanos teria tentado vender segredos nucleares de submarino para o Brasil. Ambos, Jonathan e Diana Toebbe teriam se declarados culpados pelo caso de espionagem. O casal teria sido denunciado ao FBI pelo próprio governo brasileiro. [Aqui]. Fica a dúvida, foi um “teste de fidelidade” dos órgãos de Inteligência dos EUA ou uma venda real?

Trata-se de uma guerra fria entre o Norte e o Sul-Global

Quanto aos países que votaram na aprovação de sanções à Rússia pelo conflito na Ucrânia, oposto a interpretação feita pela imprensa brasileira, cujas análises diziam que apenas ditaduras votaram contra as sanções ou se abstiveram, o que dá no mesmo, Benjamin Norton interpreta de forma oposta. Os países a favor da Rússia são os países que realizaram lutas anticoloniais ou têm seus regimes a esquerda, antineoliberal.

onu

O fato é que a América Latina não está incólume nessa “nova guerra fria”, uma disputa entre o Norte e o Sul-Global.

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