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Pedro Augusto Pinho

Avô, administrador aposentado

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A banca ou o fim de uma civilização

Embora tenhamos aprendido que existem expressões do poder, na prática ele só se forma pela força, hoje econômica ou mais precisamente financeira. E, em  cada etapa, o poder tem seu objetivo nem sempre facilmente descortinado pelas pessoas. Diferentemente dos seres humanos, o poder não tem respeito nem arrependimento. Ele só conhece a conquista ou a derrota

Brasília - As centrais sindicais convocaram greve geral contra as reformas da Previdência e trabalhista e por eleições diretas (Antônio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Pedro Augusto Pinho)
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As civilizações surgem, crescem (as vezes) e morrem, como nos ensinam os livros de história. Mas estes mesmos livros, na quase totalidade, não nos informam sobre o efetivo poder que sustenta os diversos momentos da vida dos povos, das civilizações.

Precisamos, desde logo, distinguir governo e poder. O governo é visível, age sobre a vida das pessoas, administra. O poder, eventualmente, pode estar aparente, perceptível, mas ele quase sempre prefere as sombras. É o poder que define, escolhe os governos e os orienta. A nossa força, a força do povo, é que ele pode se constituir em poder.

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Embora tenhamos aprendido que existem expressões do poder, na prática ele só se forma pela força, hoje econômica ou mais precisamente financeira. E, em  cada etapa, o poder tem seu objetivo nem sempre facilmente descortinado pelas pessoas. Diferentemente dos seres humanos, o poder não tem respeito nem arrependimento. Ele só conhece a conquista ou a derrota.

O poder que envolve o mundo contemporâneo é o sistema financeiro internacional, que abrevio por banca, mas é igualmente conhecido por Nova Ordem Mundial (NWO, na sigla em inglês).

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Pretendo refletir sobre a origem, empoderamento e objetivos atuais da banca, nesta segunda década do século XXI.

BANCA SURGE NA INGLATERRA

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A banca é um fenômeno político-econômico ocidental. Quando surge, no século XV,  a Europa passava por grande mudança. O feudalismo, de poder disperso, estava sendo substituído pelas monarquias nacionais empurradas pela força do comércio. Não recordo que historiador escreveu que o mercantilismo era um elo entre os particularismos medievais e o Estado Moderno, o renascentista.

Na Ásia – a China vivia o esplendor da Dinastia Ming e era uma potência naval, a Índia sofria a invasão islâmica – e na África – havia conflitos nos reinos dos bantos, dos malis, songai, hauçás, massaiano e em áreas de controle muçulmano  – não se desenvolvia, no entanto, o espírito colonizador. Mesmo com todo poder, a China se contentava com as trocas comerciais que fazia por toda Ásia, inclusive no Oriente Médio e parte da África.

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A Inglaterra passava por diversas crises políticas, religiosas, econômicas que acompanharam os Tudor. Os barões tinham forte poder e detinham a maior riqueza do reino. Para desenvolver o comércio e se armar para enfrentar militarmente a concorrência, impor o Império ao mundo, os monarcas se socorrem dos barões, dos senhores de terra, para construir a armada nacional (Companhia Inglesa das Índias Orientais, Combate nas Molucas, Guerras anglo-holandesas).

Recordemos que os barões já haviam demonstrado sua força com João sem Terra e seu filho (Henrique III), deles arrancando o garantia da sucessão fundiária (as Magnas Cartas).

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Os barões negociam os juros. Ficam com medo de perderem seus ganhos com a moeda fraca. Surge o Governor and Company of the Bank of England (BoE), em 1694, entidade privada com o direito de emitir a moeda nacional. Apenas no século XX, entre 1946 e 1997, o BoE foi estatal.

O BoE é um marco da banca. Por longos anos a família Rothschild o controlou. Esta fase da banca, que denominarei infância, atravessa as revoluções industrial, americana, francesa e só altera seu formato com a era napoleônica.

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Outro marco, o Tratado de Viena (1815), é a tomada de consciência, pelo passeio europeu de Napoleão destituindo e criando monarquias, que o valor da propriedade fundiária era relativo. Era preciso ter um poder que fosse menos atingido pelas armas.

A banca cria a dívida. É a dívida que vai fazer o Império Inglês ser o lugar onde “o sol nunca se punha”.

Do outro lado do Atlântico Norte, um diferente sistema capitalista se desenvolvia: o industrial. Os Estados Unidos da América (EUA) cresciam com o Estado impulsionando e financiando a expansão industrial. Os gordos excedentes foram, de início, aplicados nos próprios EUA, na marcha para oeste. Chegado ao Pacífico prosseguiram nas ilhas Hawai, pelo Arquipélago Alexandre e no continente asiático, quando encontraram o imperialismo europeu.

Estamos agora no século XX, nas grandes guerras da primeira metade do século.

O capitalismo industrial se empodera. Enfraquece a banca, o capitalismo financeiro. Começa nova fase da banca, a terceira, atacando o capitalismo industrial que esperava este ataque de seu concorrente: o socialismo industrial.

Neste momento a banca encontra um aliado: os movimentos ecológicos, preservacionistas. Apenas para articular as ações; a enorme visibilidade que estes movimentos tiveram na mídia internacional não foi pelo comprometimento com as futuras gerações, como veremos mais adiante, foi pelo interesse da banca em demolir o capitalismo industrial e, de passagem, o socialismo industrial. Os momentos que fixo marcantes são a Fundação do Clube de Roma (1966) e sua publicação “Os limites do crescimento” (1972).

A banca então descobre outra arma: as crises. E as crises do petróleo que tem início no final dos anos 1960 e se prolongam até 1980, colocam novamente a banca no poder. E, digamos, atingindo a maturidade, a banca passa a se interessar não apenas pela área econômica mas pelo domínio global.

Faz dois dirigentes, nos mais significativos países para seus objetivos – EUA e Reino Unido (UK) – Ronald Reagan e Margaret Thatcher, adapta uma filosofia do século XVIII e doutrina o mundo com a ideologia do “neoliberalismo”.

Uma consideração. O atual regime chinês não é o socialismo marxista, nem de outras versões que surgiram no século XX. Mas não o vemos se denominar “neossocialismo”. Este neo, da banca, é como qualquer produto para venda; mera questão de propaganda, pois é o velho e carcomido liberalismo de 300 anos, fantasiado de menino.

Obtém as desregulações financeiras, expande os “paraísos fiscais”, compra tudo que o dinheiro pode comprar: as comunicações de massa, as academias, as empresas, a política e domina os Estados Nacionais. Associa-se aos capitais ilícitos (drogas, tráficos de pessoas, armas, contrabandos, corrupção política) pelo mundo todo.

Se os capitais ilícitos não podiam aproveitar os fluxos financeiros, com as desregulações entram e lucram com eles. E a banca recebe uma enorme massa de dinheiros que fortalece sua posição e se expande nos paraísos fiscais.

Apenas recordando sobre sua nova arma, desde seu empoderamento total (1987) até 2008, tivemos dez crises mundiais que só fizeram aumentar sua riqueza e seu poder.

CRISES DO SÉCULO XXI E OBJETIVOS DA BANCA

Sumariamente lembremos as crises deste século.

Crise de 2000 – Ponto com ou da Bolha da Internet. Com empresas de software e a Nasdaq (Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotação Automática), um mercado de ações que reúne empresas de informática, eletrônica, biotecnologia, comunicações e outras áreas de ponta tecnológica. Não eram majoritariamente empresas de ativos, mas de uma ou duas pessoas de invulgar talento. Não tinham muito ou até nada para responder a qualquer insucesso. A especulativa alta destas ações já fazia antever a queda.

Crise de 2001 – Argentina. Sabemos que até 2002 a Argentina foi dirigida por políticas econômicas neoliberais de Carlos Menem e Domingo Cavallo. Quando Fernando de la Rúa é obrigado a renunciar, instaura-se um caos político, social e econômico na Argentina, que só com a eleição de Néstor Kirchner (2003) voltará à normalidade. Pode-se afirmar que esta crise foi a consequência das orientações de 12 anos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para aquele país.

Crise de 2008 – O subprime americano ou o terrorismo econômico em Washington. As melhores descrições desta “crise” estão no filme Inside Job (Trabalho Interno), documentário de 2010 de Charles H. Ferguson, e nas reportagens de Mike Whitney, jornalista residente em Washington, em especial a que considera a quebra do Lehmann Brothers um “terrorismo financeiro” para influenciar o Congresso Estadunidense. Em síntese tratou-se de uma armação de bancos, empresas de avaliação de risco e de pessoas das áreas financeiras do Governo para transferir recursos do Tesouro Americano para bancos, seguradoras e algumas poucas empresas industriais.

Cabe explicitar que neste domínio global, a banca colocou a seu serviço instituições internacionais, como o FMI, o Banco Mundial (WB), encontros internacionais como o Foro de Davos, na Suíça, e toda uma estrutura de suporte em planejamento, logística e ações não oficiais. Entre as organizações temos: o Grupo Bilderberg, a Sociedade de Mont Pèlerin, a Comissão Trilateral, universidades de renome como Yale e Oxford, além de serviços de inteligência de países onde domina o governo (UK – MI6).

Os fundos de investimentos são uma das capas da banca. Exemplifico com um dos maiores: Berkshire Hathaway (BH). Sua carteira contempla, entre outras: empresas industriais – Apple, Kraft Heinz, Coca Cola; de comunicação – Charter Communication; de transporte – Delta Air Lines; de ensino – Phillips 66; financeiras e bancos – Wells Fargo, Bank of New York Mellon, American Express e até de “agências” de classificação de risco, como a Moodys. Mas a BH se reparte em diversas empresas, que se subdividem até que a origem dos capitais se perca. Provavelmente em paraíso fiscal.

Praticamente todas as agências de notícias são propriedade da banca. O controle da mídia foi das primeiras ações para retomar o poder.

Embora a banca difunda a ideologia neoliberal, como o capital não tem pátria, a banca se alia a qualquer partido político, qualquer instituição, qualquer religião que lhe permita atingir seus dois objetivos maiores:

a) apropriar-se de todos os ganhos de todos os setores da economia, públicos ou privados;

b) promover a permanente concentração de renda.

Detalhemos estes objetivos.

Muitas vezes, por força de nossa vivência num mundo industrial, imputamos ações a interesses mais visíveis. Por exemplo: a Shell obtendo dos golpistas de 2016 no executivo, no judiciário e no legislativo enormes e indevidas vantagens, consideramos, provavelmente, a pressão do UK e a corrupção, arma da banca, por excelência. Mas a Shell nada mais é do que um braço da banca para atingir seu primeiro objetivo. Procure conhecer seus acionistas? Como no caso da Berkshire Hathaway, cairá numa série de empresas, fundações e se abrirão em outras.

O mesmo ocorre com Estados Nacionais. Veja a França, houve diferença de políticas entre um presidente do Partido Socialista e outro saído do Banco Rothschild? Apenas estilos de gestão. Aqui no Brasil, o Presidente do Banco Central de Lula é o Ministro da Fazenda de Temer.

O segundo objetivo da banca cria, igualmente, seu maior problema: a redução dos participantes da banca. Minhas pesquisas pessoais mostraram que, nestes últimos 15 anos, houve mudanças na meia centena de famílias que constituem o “Board” da Banca. Observei pelos fluxos monetários que passaram a se dirigir e se concentrar em pontos diferentes. Não poderia dizer que saíram dos Rockefeller para os Morgan ou os Courtenay. De qualquer modo a concentração de renda que assistimos no Brasil, se dá na esfera planetária, inclusive nos maiores beneficiários do sistema banca.

O relançado Jornal do Brasil colocou em destaque a concentração da renda e, dentro dela, nas famílias de banqueiros. Quantos outros banqueiros não morreram nesta praia das concentrações?

Estes objetivos vão estreitando as possibilidades de vida digna e mesmo apenas a existência dos bilhões de pessoas na Terra. Por isso tenho apontado o crescimento demográfico como o atual grande inimigo da banca.

Mas seus centros de planejamento já vem trabalhando na eliminação das pessoas há muito tempo. Vejamos apenas o que é do conhecimento público.

A população de maior taxa de fertilidade é a muçulmana. As áreas mais populosas do planeta estão na Ásia e na América Latina. Não deve assustar ninguém que o Serviço Secreto de Sua Majestade tenha criado, financiado e treinado a Irmandade Muçulmana e as oposições Síria e os movimentos do “terrorismo árabe”. Antes de uma ou outra bomba na Europa, eles vem provocando cizânias e conflitos por todo Oriente Médio e expandindo para as nações islâmicas asiáticas. Ou seja, a banca usa a guerra, que também deixa a fome e as migrações como efeito colateral, entre a população de maior crescimento demográfico.

O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo. Tem como vizinho a Venezuela, que detém a maior reserva de petróleo do planeta. Em conflito que envolva o Brasil e a Venezuela, a banca o fará facilmente chegar ao México. Eliminaria na passagem governos nacionalistas e populares da América Central e Caribe, hostis ao seu poder. E ainda ameaçaria o Governo Trump que não goza de sua simpatia. Ele é pelo capitalismo industrial, o que talvez explique sua aproximação com Putin, também industrialista.

CONCLUSÕES

Num conto de Conan Doyle, Sherlock Holmes pergunta ao Dr. Watson: quantos degraus tem a escada de nossa entrada? E deu a lição: você passa várias vezes por dia, mas nunca prestou atenção. Parece-lhe algo óbvio, que não merece maior observação.

A banca age exatamente assim. Como detém o controle da comunicação de massa, desde criança você vai se habituando com certos valores, com certas ideias e não lhe acode refletir sobre elas. É o ar que respira.

Por que um governo iria tirar o pão, o leite das crianças para pagar juros aos bancos? Por que fecharia escolas, hospitais para gerar um “superavit primário”?

O banco que rolasse a dívida, se ela fosse devida e não criada pelo próprio banco, não pagando impostos que provocaram rombos nas contas públicas.

Os 366 parlamentares que votaram a favor da chamada PEC 241, de Temer, congelando por 20 anos as verbas para saúde e educação, simplesmente mataram um geração de brasileiros a mando da banca. E com apoio dos “verdes” ecológicos, vide Marina Silva. Os subornos não tem outra origem.

O que temos nós com o Governo da Venezuela? O povo livremente – e apesar da campanha da Globo de lá e do mar de dinheiro que veio de exterior – elegeu e vem elegendo por vinte anos esta política que atende aos pobres e não aos bancos. Por que então vou me meter? Antes deveria, em nome da humanidade, repudiar os bombardeios estadunidenses na Síria, os israelenses na Palestina e este incentivo, eivado de mentiras e falsidades (vide as inexistentes armas químicas de Saddam Hussein), que deseja destruir etnias, povos e nações.

A banca é o grande inimigo de todos os povos neste século XXI. Ela é a grande corruptora. Ela está por trás das drogas, das armas que fortalecem a marginalidade, das guerras e da fome (a produção de grãos e proteínas alimentaria toda população da Terra. Bastava a decisão política de dar prioridade à sua distribuição e não aos juros), dos contrabandos, tirando receitas tributárias das nações.

Buscar outros fantasmas do presente ou do passado é tudo que a banca deseja para que você não a incomode. Atenção brasileiro, nacionalista e patriota, procure contar os degraus da escada, questione as acusações a uma única ideologia, a um só partido, a uma pessoa, pois você está diante de outra razão: opressora, excludente e assassina – da banca.

É por justiça que agradeço e dedico este artigo aos três autores que, por primeiro, me revelaram a banca e todo seu objetivo egoísta e anti-humanitário: Adrián Salbuchi, John Perkins e Walter Graziano.

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