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Ricardo Cappelli

Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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A "blitzkrieg" de Bolsonaro

O presidente marcha em sua "revolução permanente", deixando seus adversários "permanentemente impressionados, respondendo por impulsos", escreve o colunista Ricardo Cappelli. Bolsonaro "tem 30% de ótimo e bom. Cerca de um terço da população aprova suas declarações", destaca. Mantendo este eleitorado cativo, ele "fecha a porta pela direita e se mantém competitivo. Desde que a esquerda faça o jogo dele", avalia

(Foto: Antonio Cruz - ABR)
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Qual foi a reação do Capitão quando vazou sua fala sobre “os Paraíba”?  

Atacando o politicamente correto, fez piada sobre a cabeça dos nordestinos, atacou “aquele cara” Flávio Dino, constrangeu Rui Costa no caso do aeroporto e disse que os governadores do nordeste querem dividir o país.  

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Em seguida, demoliu a comissão sobre mortos e desaparecidos políticos declarando: “mudou, o governo é de direita”. Passou o trator por cima do INPE. Quando o chanceler francês esboçou pautar a questão ambiental, cancelou a reunião e foi fazer uma “live” cortando o cabelo.  

O que fez o presidente quando a OAB defendeu o Estado Democrático de Direito? Atacou os conselhos profissionais, ironizou o assassinato pela Ditadura do pai do presidente da Ordem e mandou romper o contrato de seu escritório de advocacia com a Petrobras.  

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Por fim, a PF solicitou e a juíza autorizou a transferência de Lula para um presídio. O ex-presidente só não está em Tremembé porque o STF, num lampejo garantista, impediu.  

Para ficar mais claro o raciocínio, vamos voltar no tempo. Bolsonaro disse que não haveria partidos na Esplanada. Todos diziam que seria questão de tempo ele recuar. Já estamos em agosto e nem sinal da volta do famoso presidencialismo de coalizão.  

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A reforma da previdência caminha de vento em popa, a comissão especial da reforma tributária já está montada, partes da Petrobras estão sendo vendidas com aval do STF e outras privatizações estão a caminho.   

É um erro avaliar os movimentos de Bolsonaro pelos paradigmas que nortearam o jogo político desde a redemocratização. Nunca tivemos um governo de extrema direita como estamos experimentando.   

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FHC montou um governo chamado de neoliberal pela esquerda. Lula assumiu, manteve o tripé macroeconômico e levou um Tucano para a presidência do BC. Não vai aqui nenhuma crítica aos ex-presidentes.   

Fica apenas uma constatação: apesar das nuances, mais fiscalista, mais social, mais nacionalista e etc., nenhum dos dois questionou os paradigmas. Paulo Guedes chama os dois de sociais democratas. Ninguém ousou dizer com todas as letras o que Bolsonaro disse: “estou aqui para destruir”.  

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Conselhos profissionais, agências reguladoras, jornais, estatais “sagradas”, leis ambientais, auto-escola para tirar carteira de habilitação, terras indígenas, ong´s e até tomada de três pinos, fora! Mudou, agora é direita! O presidente marcha em sua revolução permanente, uma verdadeira “blitzkrieg”, deixando seus adversários permanentemente impressionados, respondendo por impulsos.   

A cada declaração “Não é possível!”, “Onde ele vai parar?”, ele dobra o número de tanques e aumenta a velocidade, decapitando por puro sadismo algum jornalista pelo caminho. Ao radicalizar, Bolsonaro arrasta conscientemente o eixo da política para a extrema direita, subindo muros de contenção em torno de seu eleitorado.   

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Um eleitor de FHC poderia depois votar em Lula. Alguém imagina um bolsonarista votando na esquerda? São choques diários de ódio e fake news demarcando o território.  

A conta é simples. O presidente tem 30% de ótimo e bom. Cerca de um terço da população aprova suas declarações. Se mantiver este eleitorado cativo, ou mesmo algo perto disto, fecha a porta pela direita e se mantém competitivo. Desde que a esquerda faça o jogo dele.  

A cada pancada de Bolsonaro ele reza por uma resposta radical vinda da esquerda. A sedução dos pólos é imensa, é prazeroso se sentir amado por sua bolha. Na atual conjuntura, numa disputa entre pólos radicalizados, quem seria favorito?  

A travessia será longa. O desafio é conjugar resistência serena e firme com a máxima amplitude. Não parece haver outro caminho.

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