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Juan Manuel Dominguez

Juan Manuel Dominguez é jornalista

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A chama da esperança se acende ao sul

Com uma presença de aproximadamente o 75% dos eleitores, esse domingo a Argentina celebrou suas eleições prévias simultâneas e obrigatórias da corrida presidencial, que também elege governadores, deputados e senadores. O resultado é humilhante sim, dentro do cenário extremamente adverso que enfrenta a esquerda na geopolítica regional

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Com uma presença de aproximadamente o 75% dos eleitores, esse domingo a Argentina celebrou suas eleições prévias simultâneas e obrigatórias da corrida presidencial, que também elege governadores, deputados e senadores. O resultado não poderia ser melhor, a formula Fernandez-Fernandez -fruto de uma estratégia genial da ex-presidente Cristina Fernandez de Kirchner- teve uma vitória humilhante por sobre à formula do neoliberal conservador Mauricio Macri: 47% x 32%. É humilhante sim, dentro do cenário extremamente adverso que enfrenta a esquerda na geopolítica regional, com os casos Lawfare (perseguição judicial) que se repete em cada país da América do Sul, sem exceção. Tais os casos do Lula, no Brasil, Rafael Correia no Ecuador, Lugo no Paraguai, Cristina Kirchner na Argentina, e assim por diante a logica se repete com políticos progressistas ou de esquerdas.

Durante quase quatro anos, Mauricio Macri, o presidente aliado do Bolsonaro, foi vergonhosamente protegido pelas mídias de todo o país. O silencio do jornalismo tradicional aos atropelos à democracia ficara nos anais da história latino-americana como associado a um modelo de estado antidemocrático, repressivo e persecutório. Mauricio Macri chegou reprimir com força policial manifestações de trabalhadores rurais, professores, estudantes a até aposentados. Vale lembrar que a primeira ação do atual presidente foi derrogar, também pela força, a lei de mídias que democratizava e pluralizava as diferentes vocês de opinião, evitando a criação de monopólios midiáticos e corporações de imprensa.

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Ainda foram quatro anos de uma economia tão importante sendo governada por empresários e tecnocratas. E o resultado foi o aumento da pobreza e do desemprego, inflação (uma das piores do mundo), recessão da economia e da atividade industrial, a precarização de toda a estrutura estatal (áreas de saúde, educação e assistência social), a queda da renda mínima. Foi um período de enfrentamento absurdo e ridículo do presidente com os trabalhadores da educação, os aposentados, os sindicatos e tudo aquele que não pertencesse à alta classe empresarial. Uma caricatura calcada do perfil do presidente Bolsonaro, aqui no Brasil. 

Um verdadeiro desastre que nem com toda a grande mídia a favor distorcendo essa realidade iniludível, foi possível tampar. Argentina atravessou um pesadelo, o mesmo pesadelo que parece se iniciar agora aqui, no Brasil. Uma grande advertência para aqueles que apoiam as medidas do Paulo Guedes. Mais uma vez, os Chicago Boys tomaram conta do país irmão. Privatizaram, pediram ajuda do FMI, abriram importações, desregularam os mercados, fizeram sua reforma trabalhista, e tudo acabou em desastre, mas o pesadelo acabou. A tarefa da reconstrução é uma responsabilidade muito grande, o país se encontra devastado pela imperícia desmesurada e a desonestidade política do plano econômico neoliberal que foi praticado desde 2015.

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Essa é uma mensagem para todos aqueles brasileiros que hoje, com justiça, se sentem abalados diante da barbárie que se apoderou da nação: tudo tem um fim, existe luz ao final do caminho. O povo pode ser manipulado e estremecido, a realidade pode ser distorcida, mas isso em alguma hora acaba. Celebraram hoje na Argentina os jornalistas que não venderam suas convicções, que não participaram do grande fraude midiático que colocou um dos políticos mais corruptos da história desse pais como o presidente que ia acabar com a corrupção, assim como aconteceu com o clã Bolsonaro, parasitas do estado falando de acabar com a mamata, enquanto saqueiam os cofres públicos. Jornalistas de primeira linha que foram expulsos dos canais de TV, difamados e perseguidos como criminosos.

Alberto Fernandez, que com certeza será o futuro presidente da Argentina a partir de dezembro, visitou Lula em julho desse ano na prisão de Curitiba. Prometeu rever o acordo que Macri e Bolsonaro fizeram de costas ao povo com a União Europeia, que coloca em situação de inferioridade a indústria local perante os gigantes europeios. Ele já foi ministro de Nestor Kirchner, com quem se aliaram ao Chaves e ao Lula, fortalecendo o Mercosul que fortaleceu à sua vez a indústria e ajudou a transformar as sociedades regionais e lutar contra a pobreza. Do lado dele, nada menos que a Cristina Kirchner, que foi presidenta do país entre 2007 e 2015. Durante seu governo, foi duplicado o PIB e a atividade industrial, criou a AUH (um tipo de bolsa família), estatizou YPF (a Petrobras do país), triplicou o orçamento para ciência, tecnologia e educação. Implementou a lei de gêneros (que deu direitos reconhecidos pelo estado a toda pessoa transgénero no país) e a lei de matrimonio igualitário para cassais homoafetivos. Ampliou direitos trabalhistas e as cotas para mulheres e indígenas no parlamento. Criou o conceito de “Batalha Cultural” para lutar contra o machismo, o sexismo e o racismo na cultura, na língua e nas mídias. Lutou junto a Lula, Dilma, Rafael Correia, Evo Morales, Hugo Chaves, Pepe Mujica, Michel Bachelet por uma América do Sul forte, com menos desigualdade, que valorize suas raízes culturais e resista à todo tipo de colonização. 

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Semana anterior o Uruguai deu um outro revês ao conservadorismo, que tentou derogar a Lei Trans, que amplia os direitos para pessoas transgénero e diminui a transfobia a partir de punições mais rigorosas contra todo tipo de discriminação ou violência contra essas pessoas. O referendum promovido pelos setores da velha política e a igreja católica e evangélica foi rejeitado de forma contundente. Apenas um 10% da população foi às urnas para apoiar a retrograda medida.

Se corta assim a onda neoliberal na região, o que permite pensar também numa eleição positiva de Evo Morales na Bolívia e uma continuação do projeto progressista do “Frente Amplio” no Uruguai. Isto também desencoraja o Bolsonaro na sua cobiça de encurralar à Venezuela a traves de um bloco conservador pro norte-americano no Mercosul. Diminui a efervescência do discurso do ódio e voltam a florescer os sintomas políticos para erigir sociedades mais solidárias. Alberto Fernandez tem um compromisso com a Juventude, prometeu discutir a lei de aborto promovida pelo coletivo “Ni Una Menos”, e existem possibilidades de fazer um pedido oficial pela liberação do ex-presidente Lula da Silva, inocente e, como já foi provado pelos vazamentos do The Intercept, vítima de uma fraude judicial com intencionalidades políticas. 

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“Nós somos a verdadeira mudança” falou o Alberto Fernandez, no meio do seu discurso após conhecer os resultados. Resultados que, esperemos, sejam o ponto de partida para a volta das verdadeiras democracias na nossa querida Latino américa. 

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