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Enio Verri

Deputado federal pelo PT-PR

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A classe dominante odeia o Brasil

A consciência tranquila do trabalho realizado não alivia a profunda angústia de perceber que nada, nem mesmo as denúncias diárias das forças progressistas, abalará a atávica crueldade da casa-grande contra a senzala. A única solução para evitar que o número de mortos e a crise econômicas sejam ainda maiores é o impeachment de Bolsonaro, cassação da chapa e convocação de novas eleições

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Está na pauta da Câmara, de hoje, o PL 735/20, que eu tenho a honra de assinar com a bancada do Partido dos Trabalhadores. Para se ter ideia da importância do projeto, ele trata da proteção de quem produz mais de 75% dos tipos de alimentos que vão à mesa do presidente da República, do médico, do gari, do professor, do juiz, do empresário. Em linhas gerais, ele estabelece um auxílio emergencial, acesso a crédito e garantia da produção da agricultura familiar e dos feirantes que tiveram uma vertiginosa queda de comercialização devido à pandemia. O valor, de R$ 600, será pago cumulativamente pelos cinco meses desde que declarado o estado de calamidade pública e por mais quatro meses consecutivos, o que é lastimável, uma vez que essa pandemia vai durar muito mais que isso e essa não é uma maneira digna de tratar a classe trabalhadora.

De qualquer forma, tendo em vista que a bancada do agronegócio tem cerca de 260 parlamentares e a da oposição pouco mais de 130, o texto foi um avanço. Agora, ele deve ser aprovado e sancionado imediatamente, pois a fome não espera e, se o campo não produz, a cidade não come. Dessa forma, é um projeto do interesse de todo o Congresso Nacional, inclusive dos parlamentares latifundiários e dos que legislam em nome deles. E é aqui onde está o problema da pouca efetividade de todo o protagonismo do CN, notadamente do campo da esquerda, em proteger a classe trabalhadora e defender a economia nacional. Desde o início da pandemia, Câmara e Senado têm se dedicado a oferecer todas as condições para o governo pagar o auxílio emergencial aos trabalhadores de todos os segmentos produtivos, bem como garantir crédito aos micro e pequenos empresários que respondem por 75% dos empregos gerados no Brasil, segundo o Sebrae.

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Seja o auxílio para os artistas, o Fundeb, ou o seguro para os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus, pouco importa para um governo que age deliberadamente para colocar uma granada no bolso dos servidores públicos, que salva as grandes companhias e deixa morrer as pequenas e quer aproveitar o foco que a imprensa dá à pandemia para passar a boiada da desregulamentação de um regramento legal ambiental que custou vidas e décadas de debates. Enfim, o brasileiro é o único povo do mundo que tem um governo que age ostensivamente para desproteger a população e achacá-la nos direitos e no patrimônio nacional. O povo tem de se defender do coronavírus e do governo cujas políticas são de abandono da população e desmantelamento do patrimônio brasileiro. E a imprensa comercial ainda vai pagar muito mais caro do que o povo já está pagando pela comparsaria dela com as políticas vigentes, o golpe de 2016 e as fraudulentas eleições de 2018.

Basta uma superficial pesquisa nos projetos da esquerda e acompanhar algumas sessões plenárias da Câmara dos Deputados para sabe quem está fazendo o quê e para quem. Mesmo com um número menor de parlamentares, a esquerda tem logrado êxito na aprovação de projetos de interesse da população, da economia, da soberania e na reprovação de medidas do governo que visam tirar direitos, sacrificar a população e entregar as fontes energéticas e as empresas estratégicas para o desenvolvimento de outros povos. Nesse sentido, a alta qualidade dos projetos e dos argumentos da esquerda recebem o apoio de parlamentares de outros espectros ideológicos. A infelicidade do despolitizado povo brasileiro é que ele tem na Presidência da República um teleguiado pelo ministro da Economia que, por sua vez, é um fiel capataz do mercado financeiro, que retarda todas as medidas que não sejam para favorecer que manda na economia e política desde país, desde 1500.

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Portanto, não importa quanto esforço político o Congresso Nacional faça. O Brasil tem um presidente acusado, por um ex-aliado, de pagar com emendas parlamentares apoio suficiente para sua ostensiva negligência ser ignorada, quando não apoiada. Bolsonaro, ao invés de agir para conter o avanço da pandemia e evitar uma tragédia ainda maior, usa a cínica imprensa comercial para produzir distração, como a de colocar em discussão se sua deliberada negligência é uma política genocida. Quando o general paraquedista, sem qualquer formação em gestão da saúde pública, foi nomeado interino do Ministério da Saúde, o Brasil somava 14 mil mortos. Hoje, 65 dias depois, mais de 80 mil famílias serão dilaceradas pela perda de algum, ou mais, amor, porque. Infelizmente, os números vão aumentar ainda muito mais se não houver reação popular contra esse descarado descaso, uma verdadeira humilhação com quem produz as riquezas deste País. A consciência tranquila do trabalho realizado não alivia a profunda angústia de perceber que nada, nem mesmo as denúncias diárias das forças progressistas, abalará a atávica crueldade da casa-grande contra a senzala. A única solução para evitar que o número de mortos e a crise econômicas sejam ainda maiores é o impeachment de Bolsonaro, cassação da chapa e convocação de novas eleições.

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