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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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A confusão cognitiva de alguns generais

Assistir ou ler as entrevistas dos generais é um desafio

(Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Assistir ou ler as entrevistas dos generais, que optaram em apoiar e até mesmo em compor politicamente com o atual (des)governo de Jair Bolsonaro, é um desafio, principalmente no que diz respeito a articulação, a coerência e a clareza das suas falas e textos. Geralmente, em linhas gerais, o que essas falas e textos expressam é uma confusão de ideias, conceitos e explicações que beiram a um processo de “desordem mental”. 

Poderíamos pegar a título de ilustração várias entrevistas e expô-las aqui para evidenciar o que apontamos no primeiro parágrafo deste texto. Porém, lançamos mão de apenas dois exemplos que, achamos, são suficientes para explicitar o que chamamos de “confusão cognitiva de alguns generais”. 

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O primeiro exemplo, como não poderia deixar de ser, refere-se ao general Santos Cruz. Esta figura não somente apoiou politicamente Jair Bolsonaro como também fez parte da sua gestão como ministro da Secretaria de Governo. Ficou pouco tempo no cargo, pois entrou em rota de colisão com os filhos do presidente. Escorraçado, passou a criticar de forma ferrenha o governo do qual fez parte. Nesse sentido, em entrevista a revista Veja, o dito general disse que Bolsonaro estaria implantando um “comunismo de direita no país”. Oi!... “Comunismo de direita”? Já na Folha de São Paulo, em entrevista, afirmou que Lula e Bolsonaro destruíram a democracia. OI!... Lula destruiu a democracia? Quem foi mesmo que rasgou a Constituição de 1988, criminalizou a política e buscou atuar numa arena política-jurídica de exceção? Ora, justamente quem Santos Cruz hoje apoia: Sérgio Moro. 

Outro exemplo é Augusto Heleno, este que está mais para uma caricatura de general, já verbalizou coisas absurdas, produziu e divulgou vídeos de apoio político ao atual presidente, já bateu na mesa descontrolado ao falar do ex-presidente Lula e, pasmem, colocou a ABIN para espionar os bispos e cardeais que participariam do Sínodo sobre a Amazônia (2019), uma reunião no Vaticano que foi vista por ele como uma “agenda de esquerda”. Oi!... Debater a realidade dos povos tradicionais da Amazônia é uma “agenda de esquerda? É isso mesmo? Para Augusto Heleno, todos aqueles que discordam dele ou tratam de temas que ele julga “inoportuno” são de esquerda. E esta esquerda é monolítica (nela cabem socialistas, trabalhistas, comunistas, anarquistas, etc... Até Sérgio Moro e Alexandre Frota!!!). 

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Poderíamos continuar aqui trazendo à baila frases e falas dos generais Walter Braga Neto, Luiz Eduardo Ramos e outros, que seguiriam nessa mesma balada e expressariam/reforçariam essa confusão cognitiva. 

Para finalizar, como sublinhou Santos Cruz nas entrevistas que deu, os generais que fecharam com Bolsonaro, fizeram isso numa perspectiva de “missão”. “Missão” de quê? De entreguismo, de desemprego, de miséria, de alto custo de tudo (carne, combustível...)? E este mesmo general ainda disse que os generais bolsonaristas não representam as Forças Armadas. Como assim, não saíram de lá? E suas visões de mundo e ideias sociais, não influenciam seus comportamentos? 

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Claro que sim! É uma via de mão dupla. Tanto é que recentemente o Exército realizou um treinamento a candidatos para integrar a sua tropa de elite, treinamento este que “simulava o combate a uma organização armada clandestina, surgida de uma dissidência do Partido dos Operários”, o PO, que recrutaria e treinaria “militantes do MLT, o Movimento de Luta pela Terra”. 

Vejam só: por que não simularam algo relacionado ao narcotráfico? Ou a alguma situação de defesa das fronteiras nacionais?

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Enfim, enquanto perdurar uma formação militar que perpetue esse quadro, a confusão cognitiva de muitos generais continuará!

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