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Evilázio Gonzaga Alves

Jornalista, publicitário e especialista em marketing e comunicação digital

48 artigos

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A conquista reacionária das universidades para dominar opinião pública

É bom a turma da Universidade prestar a atenção

(Foto: CECILIA BASTOS/USP Imagem)
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É bom a turma da Universidade prestar a atenção. 

Pelo que Jessé de Souza explica no seu último livro "A guerra contra o Brasil ", a estratégia inicial dos bilionários reacionários estadunidenses, contra a tradição do New Deal – iniciada por Roosevelt, para estabelecer o período mais próspero e humanista da história estadunidense – foi a conquista da universidade. 

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Os bilionários reacionários, que odiavam as conquistas sociais e civilizatórias asseguradas pelo New Deal, chegaram à conclusão de que, para quebrar um conceito hegemônico cristalizado na maioria da opinião pública (apoio ao bem estar social e a proteção social estatal), era preciso mudar as raízes da ideologia, através do domínio do terreno onde o pensamento era produzido, ou seja, na academia. 

Segundo a estratégia dos bilionários reacionários, uma vez produzida uma nova versão da realidade, dentro da universidade, que por mais absurda que fosse teria o status de ciência, essa "verdade" fabricada sob encomenda seria disseminada à toda a sociedade, através dos intelectuais funcionais do capitalismo, como jornalistas, diretores de cinema, pastores religiosos, políticos, etc.

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Um dos instrumentos para a cooptação “branca” e a formação dos intelectuais funcionais são os cursos de MBA, que se tornaram uma febre mundial e são formatados de acordo com um padrão estabelecido nas universidades estadunidenses.  

A mídia que era um instrumento fundamental para a disseminação da nova verdade foi, simplesmente, comprada por esses bilionários, como os irmãos Koch. E não foi uma compra, através de publicidade, como ocorre por exemplo com a Globo, no Brasil. Grandes conglomerados, controlados por bilionários reacionários, adquiriram o controle direto sobre a boa parte da mídia e da indústria do entretenimento dos Estados Unidos. As corporações que atuam na Internet, como Facebook, Google e outras estão inseridas neste sistema controlado. Os rostos da Internet, como Mark Zuckerberg, são apenas símbolos de marketing, sendo que o controle das empresas às quais são associados é exercido pelas corporações invisíveis.  

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Quando Reagan foi eleito, na década de 1980, havia mais de 50 produtores e emissores de notícias independentes nos EUA, hoje são apenas cinco, todos controlados por bilionários grupos econômicos. 

De acordo com Jessé, a conquista da universidade foi feita, através da estratégia de "cabeças de ponte", uma expressão militar, que designa a conquista de um pequeno trecho do terreno, em uma praia ou na margem oposta de um rio, de onde a invasão é ampliada. Imaginem as cabeças de ponte na invasão da Normandia, na Segunda Guerra Mundial. 

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As cabeças de ponte eram viabilizadas através de milionários financiamentos a professores e pesquisadores conservadores, que após fazer seus estudos alinhados com os propósitos dos conservadores reacionários ainda recebiam todo o apoio, para divulgar amplamente os seus trabalhos.

Os bilionários reacionários criaram centros de financiamento para professores ou pesquisas alinhadas com seus propósitos, disfarçadas de fundações filantrópicas. Somente uma dessas entidades, a Fundação Olin, chegou a “doar” 68 milhões de dólares para o projeto de produção de uma verdade encomendada. 

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Com o tempo, as cabeças de ponte foram sendo ampliadas e consolidadas, em milionários departamentos e think tanks dentro e fora das universidades, voltados para produzir a versão do mundo encomendada pelos bilionários conservadores. 

Não demorou, para que esse sistema controlasse quase toda a pesquisa e a produção de conteúdo intelectual das universidades dos Estados Unidos, com base na injeção de bilhões de dólares.

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Essa nova verdade com ares científicos impõe políticas públicas antipopulares, justifica o violento enfraquecimento do estado, dá razões para guerras, estabelece padrões de comportamento individualista e antisolidario, ao mesmo tempo em que desorganiza o acúmulo científico da humanidade, coisa que torna viável o questionamento de fenômenos como o aquecimento global.

A luz do que houve nos Estados Unidos, é possível compreender o comportamento bizarro do ministro da educação do Brasil, Abraham Weintraub. Embora seja um indivíduo absolutamente desclassificado e incompetente, que não domina nem mesmo o conhecimento de contabilidade, disciplina que dá aulas em uma universidade federal (pasmem), o ministro cumpre uma tarefa determinada de desorganizar o ensino superior brasileiro. Os seja, há propósito e método nas suas ações e o objetivo é criar um sistema universitário, alinhado com a produção da ideologia que justifique um mundo sob a ótica dos bilionários conservadores estadunidenses – os brasileiros são apenas operadores subalternos desse sistema.

O processo levou décadas para ter uma influência decisiva nos Estados Unidos e uma de suas táticas foi exatamente a paciência: a construção do novo modelo de maneira sutil, cuidadosa, lenta, para que não fosse percebido e combatido. 

A estratégia no Brasil parece semelhante, porém com um componente particular: como aqui o sistema de mais alta qualidade e prestígio é público, antes será necessário desorganizar e desmoralizar o padrão mais valorizado e prestigiado pela sociedade: o ensino superior nas universidades federais. 

Portanto é bom que aqueles que defendem a universidade como um espaço livre e saudável para a produção de conhecimento abram os olhos, ou serão atropelados.

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