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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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A covardia dos anônimos

Um ódio inexplicável e doentio, estimulado por essa imprensa igualmente doente, vem sendo destilado por pessoas que se escondem no anonimato para dar vazão à sua virulência verbal primitiva e cruel

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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma". A declaração, profética, que parece referir-se à imprensa brasileira, é do jornalista americano Joseph Pulitzer, que morreu em 1911 e deu nome ao mais importante prêmio do jornalismo nos Estados Unidos. As manifestações de internautas nas redes sociais em nosso país, diante de certas notícias e artigos, confirmam a previsão do jornalista americano: um ódio inexplicável e doentio, estimulado por essa imprensa igualmente doente, vem sendo destilado por pessoas que se escondem no anonimato para dar vazão à sua virulência verbal primitiva e cruel. E que, cinicamente, se dizem cristãs, chegando a invocar o nome de Deus para avalizar tanto ódio.

É de estarrecer as postagens, carregadas de ódio, nas redes sociais e nas áreas abertas para comentários em noticiários e artigos publicados em blogs e sites. Como não possuem argumentos de contestação às opiniões manifestadas, por falta de cérebro ou porque estão com o raciocínio obliterado pelo ódio, simplesmente agridem, insultam, ofendem, inclusive com palavrões. A violência, verbal ou física, é o argumento dos ignorantes. E essa violência desnuda o nível, moral e intelectual, dos "valentes" que postam insultos à guisa de comentários, escondendo-se covardemente atrás do biombo do anonimato, usando pseudônimos.

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O ex-ministro José Dirceu, que se tornou a vítima predileta dessa mídia odienta e enferma (certa feita foi agredido a bengaladas no Congresso por um idiota que se deixou influenciar por ela) tem sido alvo desse ódio também alimentado pelos principais líderes oposicionistas do país, que falam até em "sangrar a Presidenta", como se tivéssemos voltado à Idade Média. Ao ser noticiado que ele sofreu um AVC, muita gente foi para a internet pedir a sua morte. "Que morra e volte para buscar Dilma e Lula", postou um dos internautas. "DEUS, faça ele ser atendido no SUS por um dos médicos cubanos que dará o diagnóstico de virose e ele será enviado para casa e morrerá dentro de poucas horas. Amém!", postou outro hitlernauta doente. Coitados, não conhecem o mecanismo energético da rogativa má, que funciona como um bumerangue. Pulitzer tinha razão quando disse que essa imprensa formaria um público "tão vil como ela mesma".

Afinal, o que fez Dirceu a essa gente para despertar tanto ódio? Resposta: filiou-se ao PT e integrou o núcleo de maior poder dentro do governo petista. Massacrá-lo, com a ajuda de magistrados também rancorosos e parciais, tem o objetivo de atingir o petismo através de uma de suas figuras de maior projeção. Pretendem, desse modo, ferir indiretamente a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Por isso ele foi condenado no julgamento do mensalão, mesmo sem nenhuma prova, apenas com base na chamada "teoria do domínio do fato", ou seja, em rumores e notícias de jornais. Essa foi a sua recompensa por ter lutado contra a ditadura e contribuído para a restauração da democracia, a exemplo de José Genoíno, igualmente condenado sem culpa num julgamento criticado pelos mais renomados juristas deste país.

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É nesse clima de ódio que se desenvolve a Operação Lava-Jato, criada para investigar o esquema de corrupção na Petrobrás e punir os responsáveis e que, lamentavelmente, vem sendo conduzida politicamente, onde mais importante do que penalizar corruptos e corruptores é contribuir para fragilizar o governo, desestabilizá-lo e derrubar a presidenta Dilma Rousseff. É visível a preferência partidária dos integrantes da operação, que fazem vista grossa para as acusações aos tucanos e não estão preocupados com os graves danos causados às empresas envolvidas e suas consequências no mercado de trabalho. Como não se contentam em prender os executivos estão punindo também as empresas, provocando com isso a demissão de milhares de trabalhadores e a falência da indústria naval. É o mesmo que fechar hospitais e demitir seus funcionários por causa de um erro médico. E sob o pretexto de combater a corrupção, estão destruindo a Petrobrás e parte expressiva da construção no Brasil.

O mais surpreendente é o silêncio das entidades máximas das indústrias e dos organismos superiores da Justiça diante das decisões do juiz Sergio Moro, que abusa do seu poder para obrigar empresários presos a fazerem delações e até já defende a manutenção da prisão deles sem o trânsito em julgado. Enquanto isso, tem muito homicida em melhor situação, defendendo-se em liberdade, o que significa que hoje a vida humana vale menos do que o dinheiro. Afora as críticas diárias de juristas renomados e da OAB, tanto o Supremo Tribunal Federal como o Conselho Nacional de Justiça estão em silêncio, como se fora uma aprovação tácita aos atos de Moro, o que ninguém em sã consciência poderá admitir. Aparentemente, o apoio da imprensa, que até já lhe premiou por suas ações, intimidou quem poderia puxar-lhe as orelhas. O medo da mídia silenciou muita gente.

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Tal como o então ministro Joaquim Barbosa, durante o julgamento do mensalão, o juiz Sergio Moro virou celebridade e, animado pelo silêncio dos organismos superiores e o apoio da mídia oposicionista, atua como se dotado de todos os poderes, decidindo os rumos da vida alheia, libertando imediatamente quem concorda em delatar e atropelando até o estado de direito. Alguém já disse que "pior do que a ditadura militar é a ditadura de toga". São produtos dessa imprensa "cínica, mercenária, demagógica e corrupta", como disse Pulitzer. A propósito, vale lembrar o que disse o saudoso Millor Fernandes, em 2006: "Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime".

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