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J. Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela UFRJ, professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba e autor de mais de 20 livros sobre economia política.

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A degradação neoliberal que se expõe no lucro da Caixa

A Caixa Econômica Federal teve neste ano seu maior lucro na história. No meu governo, seu presidente seria sumariamente demitido. A praga neoliberal tomou conta de tal forma das consciências que poucos se dão conta de que uma empresa pública, como é o caso da Caixa, não é criada para dar lucros, mas para prestar serviços ao público

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Acabo de tomar conhecimento de que a Caixa Econômica Federal teve neste ano seu maior lucro na história. No meu governo, seu presidente seria sumariamente demitido. A praga neoliberal tomou conta de tal forma das consciências que poucos se dão conta de que uma empresa pública, como é o caso da Caixa, não é criada para dar lucros, mas para prestar serviços ao público - inclusive, no caso de bancos, o serviço de forçar a concorrência privada.

O lucro da Caixa é imposto sobre os pobres. Sua clientela é basicamente de pessoas de baixa renda. Cobrando juros e serviços bancários, ela recolhe bilhões de reais do povo. Em face dessa colheita temos salários baixos dos funcionários e cortes de custos determinados pela política neoliberal. O resultado são os lucros recordes. Os ricos pagam proporcionalmente muito pouco dele. E o mesmo acontece com outras empresas públicas de serviços de massa.

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O neoliberalismo subverteu todas as elações financeiras, sociais e políticas no Brasil. Na verdade, somos nisso tudo o espelho do mundo. E mais. Em se tratando de relações financeiras, como não temos concorrência bancária – o oligopólio de cinco domina o mercado -, a financeirização chegou a limites extremos, desde o cheque especial com juros pornográficos, até o crédito consignado, neste caso expropriando os pobres.

Esse movimento começou pela compra descarada do Congresso Nacional, inclusive de parlamentares do PT, por grandes grupos produtivos, como Odebrecht e J&BA. Nesse caso, foi uma compra por atacado. O sistema bancário entrou por outro caminho. Comprou a mídia. Neste exato momento o grupo empresarial mais privilegiado do país, o agronegócio, derrama milhões de reais em publicidade institucional na Globo e em outras mídias.

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O grande capital penetrou nas consciências também através do soft war do cinema e dos programas de televisão subsidiados, que captam dinheiro público mediante isenção de impostos Eles apaziguam as almas penadas da desgraça econômica e do desemprego com os recursos do chamado divertissement - em francês, diversão, divertimento. Disso bem sabiam os romanos: pannis et circensis, pão e circo. Simplificamos a regra: é só circo!

Como reverter esse quadro, se todas as instituições estão contaminadas pela ideologia e pela prática neoliberal? O Executivo é o principal agente da degradação. Acaso a salvação seria o Congresso? Como, se o Congresso está comprado pelos grandes grupos econômicos. Então seria a Justiça, o STF? Como, se os juízes se acovardam diante do Executivo e não se entendem com o povo? Seria então a mídia? Bom, ela é a fonte principal das mazelas e da manipulação.

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Uma situação em que todas as instituições – e podemos acrescentar, Procuradoria Geral da República e Polícia Federal – estão corrompidas é uma situação pré-revolucionária. Agradecemos aos céus se uma parte significativa dos brasileiros ainda não seguiu o conselho de Jair Bolsoaro para se armar. Do contrário, iríamos para uma guerra civil, como aconteceu em situações semelhantes na Europa, nos EUA, na América Latina e outras partes do mundo, e aqui mesmo em outras épocas, como em Canudos.

Não, não vamos para a guerra civil. Vamos para o equivalente pacífico dela. Sinto que a sociedade civil brasileira chegou ao limite com Jair Bolsonaro e com sua troupe neoliberal. Será pela mobilização social que alcançaremos a libertação do jugo econômico radical. Sociedade civil aqui significa as grandes massas, as categorias profissionais, os pobres. Não a burguesia. Esta se entregou a forças externas e ficou indiferente à degradação do povo.

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Teremos dois caminhos concretos de libertação pela sociedade civil. Um, pelo levante pacífico dos servidores e das estatais contra a degradação do Estado. Outro, pelo levante dos governadores de Estado espoliados pelo Governo com a imposição de uma dívida nula de R$ 400 bilhões a que se acrescentam R$ 630 bilhões de crédito pela Lei Kandir. Os que não cobrarem o crédito arriscam-se a ir para o lixo da história. E o povo cobrará de algum jeito.

Há, claro, o fator militar. O Exército, que na institucionalidade degradada decide a guerra e a paz, terá de decidir entre a elite entreguista, servil ao capital financeiro, e os 210 milhões de brasileiros que cedo ou tarde irão às ruas para exigir não um novo governo, mas um novo sistema de poder que atende aos interesses das massas. Será uma decisão histórica. Mas, qualquer que seja, tem que ser alinhada com os objetivos fundamentais de democracia social.

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