A democracia tutelada por milícias
A crise sanitária e institucional pôs a nu a completa degeneração moral da oficialidade das Forças Armadas em geral, e do Exército em particular
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Não posso dizer com certeza, mas creio que foi o historiador Sidney Chalhoub que afirmou recentemente que a pandemia do coronavírus iria evidenciar a incompetência de governantes pretensiosos, intelectualmente sofríveis e moralmente despreparados para apitar até mesmo campeonato de times de futebol de botão, se ainda existissem.
Penso, entretanto, que ele jamais imaginou que essa crise desnudaria, não só incompetências políticas, pretensões intelectualóides e deficiências morais, mas também arroubos e desmandos autoritários incrustadas no Estado brasileiro, com especial desmoralização das forças armadas, agora explicitamente expostas por seus próprios oficiais.
No caso das Forças Armadas brasileira, com precisão definidas como o “Partido Armado das Elites (do Atraso)” pelo jornalista Breno Altman, não apenas expôs sua formação politicamente reacionária e impatriótica, mas as limitações de sua formação intelectual, ao ponto do general-ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello colocar o Nordeste na zona climática da Lapônia.
É mais grave! A crise sanitária e institucional pôs a nu a completa degeneração moral da oficialidade das Forças Armadas em geral, e do Exército em particular, ao deixar definitivamente claro que por um ou dois vinténs incorporados a gratificações e salários não se importam de se converterem em capitão do mato de milícias e de milicianos.
Não bastassem as bravatas presidenciais e de seus acólitos gospel-fascistóides contra o Estado democrático e suas instituições; e as ameaças do nanogeneral Augusto Heleno com suas “consequências imprevisíveis” ou os artigos milico-manifestos general-vice-presidente Hamilton Mourão, um proto-integralista extemporâneo; agora temos mais!E se temos! Nesta sexta feira (12), outro general-ministro, desta feita da Secretaria de Governo, um tal Luiz Eduardo Ramos assumiu límpida e definitivamente que as sociedade e a democracia brasileiras, sua Constituição e suas instituições estão sob tutela de uma milícia institucionalizada em cargos de governo e protegida pelas forças armadas.
Mais claro impossível!
Em suas palavras: “é ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático. (...). [Mas - tem sempre o “mas”], o outro lado (quem seria: o STF, TSE, Congresso Nacional, o Queiroz?) tem de entender também o seguinte: não estica a corda”.
Para bom entendedor, meia palavra basta! E aí temos uma frase inteira. Ou melhor, um aviso, uma promessa e uma ameaça completa: “se tentarem tirar nossos tostõeszinhos, daremos um golpe! E não se fala mais nisso! Quem falar é comunista, é petista, é filho da p...!”
Daqui a pouco, vão nos exigir que fiquemos de joelhos! É questão de dias. Talvez de horas!
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