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Artur Scavone

Jornalista e mestre em filosofia pela USP

15 artigos

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A disputa real em 2014

O presidente do Conselho de Administração do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme, afirma que o País não está à beira de uma crise

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Nada pode ser melhor para nós, leigos em economia, compreendermos as críticas à política econômica do Governo Dilma, que uma sincera avaliação do presidente do Conselho de Administração do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme. Em entrevista concedida ao jornal "O Estado de São Paulo" hoje, 13 de fevereiro, Leme define sua posição sobre a bateria de críticas que vem sendo feitas. O Brasil não está à beira de uma crise, porque não é uma lancha que faz curvas fechadas, mas um petroleiro que tem inércia.

Inércia, para ele, são as condições favoráveis construídas nos últimos anos: "Por causa das condições inicias, dados os grandes avanços que foram feitos em vários governos, não só do PSDB, mas também do próprio PT, a economia brasileira tinha uma boa condição: um estoque altíssimo de reservas, da ordem de US$ 375 bilhões, um sistema financeiro muito sólido, a confiança do empresariado no Brasil e do investidor estrangeiro. Esses são ativos com vida longa".

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Na sua opinião o que está acontecendo é uma deterioração gradual porque a economia vai ficando mais dependente das condições externas: a política monetária do FED, do Banco Central Europeu, preço das commodities etc. Leme diz que a probabilidade de se ter uma crise em 12 meses é baixa, mas há desequilíbrios na economia, é preciso fazer ajustes. Ele critica a visão simplista dos analistas críticos que focam exclusivamente a questão fiscal. Na sua visão o processo é mais complexo, há um colapso na produtividade, uma queda do PIB, a poupança caiu e há um descompasso entre uma economia que consome muito e investe pouco. Para Leme, há uma deterioração na balança de pagamentos somada a uma inflação reprimida.

Para um leigo bom entendedor, a conclusão é clara: o maior sinal de debilidade da economia é a má vontade dos investidores. Leia-se, da presença maciça de capital, seus clientes.

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Quais são, então, os ajustes que ele propõe? A receita é simples e ele pontua cada ação: reduzir os gastos do governo, reduzir a expansão do crédito, reduzir salários, reduzir a taxa de câmbio, reduzir subsídios, reduzir o custo unitário da mão de obra, reduzir a carga tributária. Ele resume: gastar menos para arrecadar menos.

O que ele não põe claramente na mesa é que os donos do capital não gostaram do intervencionismo do governo Dilma. Não gostaram da redução dos juros comandada pelo BB e pela CEF, não gostaram da intervenção no preço da energia elétrica, não gostaram da intervenção nas margens de lucros das concessionárias de serviços, não gostaram, enfim, de um governo que intervém para garantir um nível alto de emprego, salário mínimo com valor de compra real crescente, políticas públicas inclusivas e assim por diante. A questão central é que, apesar de o governo Dilma evidentemente ceder ao capital, como tem feito mais recentemente sob forte pressão, inclusive indo a Davos para declarar amor aos investidores, o leme do petroleiro não está integralmente nas mãos do mercado.

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A receita do capital, para o Brasil, é clara: parem de colocar dinheiro em Bolsa Família, ProUni, Minha Casa Minha Vida e tantos outros projetos que desperdiçam riqueza. Parem de intervir no mercado, parem de atrapalhar nossas vidas, deixem que nós sabemos como administrar essa enorme riqueza que o país produz. Esta é a disputa real que estará contida no processo eleitoral de 2014.

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