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Nívea Carpes

Doutora em Ciência Política e mestre em Antropologia Social

27 artigos

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A ditadura jurídica do herói 666

São muitas as formas violentas de eliminação simbólica, mais do que de eliminação física. A Lava Jato constrói-se nessa perspectiva, orientada pela lógica neoliberal da elite brasileira e com intensões colonialistas

Sergio Moro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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“Ninguém acreditará que fizemos o que estamos fazendo, não haverá traços nem memória” é uma frase recorrente no nazismo, mas parece ecoar bastante bem os propósitos de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Ela reflete a consciência dos crimes cometidos que pretendiam deixar sem rastros, sem corpos e sem memórias. 

São muitas as formas violentas de eliminação simbólica, mais do que de eliminação física. A Lava Jato constrói-se nessa perspectiva, orientada pela lógica neoliberal da elite brasileira e com intensões colonialistas. A Lava Jato reedita a Operação Condor, para sujeição da nação brasileira aos interesses econômicos e energéticos americanos. Os agentes da implementação do projeto receberiam a contraprestação financeira e para suas mais altas ambições.

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Estamos tratando de métodos para retirar o Brasil da disputa de posições no topo das potências mundiais, utilizados para apagar-se da história os anseios e as ações postas em prática para que o povo fizesse parte dos interesses de Estado e também para retirar do mercado internacional grandes empresas nacionais que ocupavam domínios empresariais estratégicos na geopolítica mundial. Para isso, foi necessário cooptar Moro e Dallagnol, para que construíssem a farsa de limpeza, em farsescas punições. Como se eles não estivessem aliados de maneira corrupta para o projeto, uma vez que entregariam a soberania nacional recebendo benefícios pessoais.

Por outro lado, é uma recorrência no modus operandi das elites a utilização da bandeira da corrupção como mote para colocar em prática planos escusos. Contudo, o que seria o capitalismo, o neoliberalismo e o jogo do mercado financeiro se não um vale tudo? A defesa do liberalismo não leva em consideração que se trata de um “salve-se quem puder”? A última questão que está posta nesses alinhamentos é a ética e a legalidade. Para que serviriam os departamentos de inteligência nas empresas, se não para fazer a “limpa” espionagem de mercado, em prol de adiantar-se aos passos dos concorrentes e até mesmo para furto de ciência e tecnologia? Qual “mundo limpo” as elites vendem quando levantam a bandeira da corrupção?

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A direita crê que a primazia dos recursos financeiros e naturais do Brasil são de um segmento apenas da sociedade, o que sempre esteve no poder. Quem desajustou a balança? O Partido dos Trabalhadores extrapolou quando propôs que o pré-sal fosse de todos e que com esses ganhos o Brasil financiaria mais tecnologia, educação e saúde para seus cidadãos. Considerar as riquezas nacionais para todos e de todos foi o pecado capital, quando as raposas velhas não puderam mais tolerar os arroubos do populismo (esse que é tão mal classificado teoricamente, por se tratar de políticas para pobres). O pré-sal poderia colocar-nos entre os países ricos!

Eles elegeram um inimigo universal, a corrupção, como foram os “terroristas” do comunismo. A intensão era tomar o poder sem maiores cerimônias, consumir os desavisados egoístas – esses de um ódio mortal contra quem possa ascender socialmente e disputar espaços. Nesse caso, o inconsciente nos trai cotidianamente, basta usar o gatilho de nossas piores pulsões. Os amestrados, formados para colocar o plano em ação – detonaram as piores sensações da sociedade brasileira - não por acaso, é o fel que abre caminho e azeita as engrenagens do plano arquitetado através da Lava Jato.

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A Lava Jato fez uso da violência simbólica, uma vez que os direitos de Lula foram negados e a prisão de Lula foi um pretexto que consome a soberania e a constitucionalidade. Os advogados estavam grampeados e Cristiano Zanin não foi ouvido – nada que fizesse importava, a sentença estava dada. Acabar com Lula era acabar com as forças do povo, era interromper a potência da população em geral, era desacreditar toda a política e era desacreditar do Estado brasileiro. A prisão de Lula é a morte das forças de luta, é a morte da proteção às instituições, é o congelamento das atitudes, restando somente a Lava Jato e seus heróis 666. 

A construção de pós-verdades foi o recurso central para toda essa engenhoca. A Era dos recursos à pós-verdade impõe-nos o desafio de não destruir a memória e a existência simbólica de acontecimentos, de ideias e de personagens. Os fatos são contorcidos ao gosto do público que se pretende atingir. Da modernidade líquida, tão bem discutida pelo sociólogo Sigmund Bauman, chegamos à Era dos gases. A verdade já não possui forma tangível e se torna escrava dos desejos, sem que qualquer característica lhe deva garantias ou verossimilhança.

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A Lava Jato, impulsionada pela mídia, deu vazão à nossa falta de humanidade e às nossas memórias mal resolvidas. Essa experiência pós, pós-modernidade, tem vínculos profundos com o passado, primeiro, com a herança colonialista, depois, com a ditadura não passada a limpo. São experiências que deixam rastro, que mantêm a porta aberta para novos episódios, que preservam uma chama de autoritarismo e arbítrio. 

Segundo Sófocles, uma nação que transforma a anulação moral em política escreve o seu fim.

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Se vale tudo para uma suposta “limpeza”, se esquecer os excessos é o preço que se deve pagar para ter “justiça”, assinamos nossa ruína! Quem coloca o monstro do arbítrio de volta na jaula? Até onde irão os sujeitos que ficam autorizados pela sociedade para definir a excepcionalidade como forma de fazer justiça? Moro deixa claro, como ministro ou juiz, que se considera nas condições de subverter as regras para fazer o justo. O justo é sua obsessão por poder. 

Estávamos enganados, quando acreditamos numa certa estabilidade das instituições. A Constituição Federal, boa parte dela, ficou dormente em aspectos essenciais. A Carta Máxima não tem sido utilizada para proteger os limites mínimos da convivência civilizada. Moro apresentou-nos a posse dos poderes sem qualquer compromisso institucional, sem qualquer senso republicano e democrático.

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Daqueles que distribuíram fel, vimos a classe média com as vísceras para fora, essa que não se preocupa se os ricos vão ficar mais ricos, que até acha que eles podem ficar cada vez mais ricos, só não aceita que os pobres lhes alcancem. É o que explica a diferença nos arroubos de ódio quando quem roubou é rico ou pobre. O que não pode é o pobre deixar de ser tão pobre e competir com igualdade de condições.

Pensar que tínhamos uma justiça imparcial foi um erro fatal, o mesmo cometido por Lula, quando pensou que poderia construir acordo com as elites. A direita nunca iria aceitar que nos organizássemos, nunca aceitaria os movimentos sociais, nunca aceitaria os grupos que defendem as minorias, nunca aceitaria os sindicatos. Eles não respeitam nada, estão certos de que são donos de tudo e de que devem tirar vantagens de todas as negociações que envolvem as riquezas nacionais. Eles não se importam em entregar o país às forças econômicas estrangeiras, eles não estão preocupados com soberania, eles desprezam o seu povo. As elites e os oportunistas só pensam nas contas bancárias e nas ações no mercado. 

Moro vendeu sua alma aos interesses americanos que disputam hegemonia no cenário geopolítico. Moro vendeu seu povo e não possui qualquer rumor de ética, é um psicopata social!

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