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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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A doença do fascismo

"O bolsonarista extremado não merece a proteção do argumento de que possa ser o resultado de uma patologia mental. O bolsonarista militante precisa ser enfrentado na sua normalidade, mesmo como aberração social. Mas nunca pelo entendimento de que seus atos sejam impensados", sugere o colunista Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia 

A tentação de conectar o bolsonarismo a algum tipo de patologia social ou mental pode refluir por algum tempo, mas não desaparece.

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O debate do momento envolve o sujeito grandão que ofendeu o entregador num condomínio de ricos em Valinhos. As redes sociais e o jornalismo examinam o homem há dias.

O pai do agressor diz que ele sofre de problemas mentais, o que provoca até uma certa euforia em parte da esquerda, porque a declaração fecha com uma tese.

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Se Bolsonaro é um psicopata (a teoria mais defendida), seus seguidores também devem ter algum distúrbio.

É a armadilha da simplificação, que não ofende o bolsonarismo, mas acaba por ofender os doentes mentais. Para que o bolsonarista seja agredido como alguém que não deu certo, associa-se qualquer extremista de direita a uma doença, de preferência as aparentemente mais desqualificadoras, e o diagnóstico está feito.

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Há textos variados a internet, muitos com a assinatura de gente respeitável, que atribuem os desatinos de Bolsonaro a patologias variadas. Tudo pelo impulso das suposições.

Bolsonaro, os filhos, ministros, assessores e a claque do entorno seriam parte de uma loucura contagiosa, como protagonistas ou apenas como figurantes. O bolsonarista legítimo é apresentado como alguém sem controle dos seus atos, um doente cujo mal Bolsonaro apenas acionou.

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É a tentação da busca de uma explicação dita científica, por mais simplória que seja. A esquerda copia a direita.

Assim, a tese de que as almas coletivas do bolsonarismo são doentes poderia ser testada em pelo menos 10% dos eleitores (pela conta de alguns cientistas) com fidelidade incondicional ao bolsonarismo. São 15 milhões de pessoas.

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O bolsonarista que agride e mata mulheres, que tem obsessão por caçar gays,  negros e pobres e que não esconde seu racismo e outros defeitos também seria um doente?

A teoria do bolsonarismo como doença é atenuante para a extrema direita, não é agravante. O Brasil ressuscita, inclusive com o aval de ‘especialistas’, uma abordagem desprezada desde as tentativas de avaliação do comportamento de nazistas.

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O morador do condomínio pode ser, porque é algo comprovável por quem o atende, um sujeito doente. Mas 15 milhões de pessoas não podem estar sob a suspeita de que fazem parte do contingente a que ele pertence porque são racistas ou bolsonaristas.

O bolsonarista extremado não merece a proteção do argumento oferecido pela própria esquerda de que possa ser o resultado de uma patologia mental com efeitos disseminados.

A tese não ajuda. O bolsonarista militante precisa ser enfrentado na sua normalidade, mesmo como aberração social. Mas nunca pelo entendimento de que seus atos sejam impensados.

O agressor do motoboy pode ser um doente. Mas o bolsonarista pode ser apenas o que é, um fascista.

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