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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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A era Bolsonaro provou a importância das Ciências Sociais

Estamos no ponto meio das Ciências Sociais; aquele que busca diariamente apagar o incêndio da tragédia civilizatória

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Por Marconi Moura de Lima

Enquanto as Ciências da Saúde buscam mais vacinas[1] para enfrentar a COVID-19, as Ciências Sociais seguem buscando as “vacinas cognitivas" para nunca mais repetirmos a tragédia histórico-cultural chamada Bolsonaro.

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É comum vermos as perseguições às Ciências Sociais. "Para que serve filosofia? Essa tal de sociologia leva aonde mesmo? Quem precisa da linguística? Professores de história plantam maconha com os alunos atrás das universidades?" 

Estas frases, além de preconceituosas ou mentirosas, compõem parte do acervo de uma estratégia política altamente requintada: desacreditar as Ciências Sociais a tal ponto que as pessoas não apenas não a queiram para seu arcabouço formativo, todavia, a abominem com tal intensidade que se torne fácil simplesmente retirá-las das grades de ensino (nos vários níveis e modalidades). (Vide as “reformas” da Educação discutidas no Congresso Nacional.)

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Dessa forma, esses agentes conseguem frear a consolidação da estética civilizatória de nossa nação, inibir sua evolução cultural e sua estabilização social, política e mesmo econômica (concentrando, acriticamente, renda e riqueza nas mãos de uma pequenina elite). Para além disso, impedem a permanente vigilância de nosso caráter ético coletivo, de nosso senso de humanidade e solidariedade (o cuidado Eu-Eu, a partilha entre o Eu-Outro) que passa necessariamente pelo conhecimento destas ciências.

Esta justificação acima sobre a sagrada importância das Ciências Sociais encontra a sua antítese perfeita na Era Bolsonaro (que, aliás, está longe de acabar, mesmo que este ser monstruoso eventualmente sai do poder em 2022; restará o conjunto de cognições destruídas por suas narrativas fascistas e mentiras bem massificadas). A verdade é que Bolsonaro é a própria síntese do anti-humano . É o escopo da maldade fria e calculista. Mas é também a personificação do estereótipo mítico que existe na figura do Anticristo bíblico.

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E como combater fenômenos sádicos à semelhança deste?

Na primeira esteira, é enxergar o significado das Ciências Sociais como uma ferramenta estratégico-civilizatória. Feito isto, os investimentos de governos humanistas (em sentido ressignificado para além do oportunismo liberal) na educação de nossas crianças, jovens e adultos.

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Todavia, mostra-se fundamental uma espécie de educação continuada para a cognição social. Isto é, assim como somos bombardeados todos os dias pelas fake news e mesmo pelos jornais tendenciosos (a exemplo, o Jornal Nacional), estes que enviesam o evento fático e entortam a própria história, pagando um "cavalo de pau" na evolução potencial de um povo, é fundamental que "pílulas"[2] possam chegar às casas das pessoas diariamente "devolvendo" a verdade dos fatos e as narrativas do bem, empoderando os sujeitos para sua efetiva emancipação social e cultural.

Destarte, resta claro que existe um antes, um durante e um depois para eras como essas de Jair Messias Bolsonaro. Não são neros, digo: meros acidentes históricos. Ocupam um vazio deixado pela academia, pelos ativistas sociais e por governos realmente bem intencionados (como é o caso dos governos progressistas das últimas décadas, que queriam essa emancipação integral dos sujeitos) que cochilaram nos investimentos nas Ciências Sociais e nas tais "pílulas" (campanhas de conscientização) a que me refiro.

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Portanto, estamos no ponto meio das Ciências Sociais; aquele que busca diariamente apagar o incêndio da tragédia civilizatória. Que disputa a narrativa (linguística, sociológica, filosófica etc), a fim de nos devolver ao eixo de outra racionalidade histórica que signifique ao final vida e evolução intergeracional.

Ademais, teremos um "depois" (que é, em si também, um "antes"). Isto é, o papel dos cientistas sociais e seus aliados (governos locais e nacional do bem; a boa imprensa; as entidades e seus mobilizadores de plantão etc.), será o cuidado para que nunca mais repitamos seres asquerosos na ocupação dos espaços de poder e força (poder simbólico emprestado pelo povo; força destruidora agindo no cotidiano das instituições e eventos cotidianos).[3]

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Lembremos que a COVID-19 já matou (até este texto ser escrito) quase 500 mil humanos inocentes. Como diz um amigo meu: "Estas pessoas morreriam de quê?". Pense você: o seu vizinho, amiga, ou parente: era mesmo o tempo dessa pessoa partir? Ela morreria de “quê”, se não fosse a deliberada ação do Presidente de não comprar as vacinas que as Ciências da Saúde já em dezembro de 2020 deixaram à nossa disposição? E se as Ciências Sociais não fossem tão perseguidas, ou tivessem seus investimentos cortados a quase zero para as pesquisas e aplicações, teríamos ambiência histórico-conjuntural para fazer a primeira pergunta?

Portanto, não basta um #ForaBolsonaro. É fundamental que, derrubado este desumano da Presidência, as Ciências Humanas[4] assumam o caminhar histórico de nossas cognições, isto é, i) que cada brasileiro sinta esta importância em suas vidas, e, ii) que os governos invistam sobremaneira também neste ramo da Ciência...

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[1] Além da vacina, a Ciência tem buscado com esforço hercúleo medicamentos eficazes para a cura ou a mitigação durante o tratamento da doença imposta nesta pandemia.

[2] Metáfora para a ideia de medicação? Por incrível que pareça, não. Refiro-me à uma expressão utilizada no ramo da publicidade e meios de comunicação para se configurar pequenos filmes (pílulas) de propaganda na tevê, no rádio e hoje, na internet. 

[3] Entre as Ciências Sociais, uma das que nos será essencial no período pós-bolsonarismo é a Psicologia. Além de uma investigação deste campo do saber sobre contextos de nosso comportamento e natureza, o profissional da área terá enorme trabalho para “curar” os traumas da mente e da alma das pessoas impactadas por esse ciclo de tragédias, friezas e antipatias oriundas de Bolsonaro e seus seguidores (mesmo aqueles dentro de nossas famílias, lá pertinho de casa).

[4] Importa muito esclarecer aos leitores que ainda não saibam que Ciências Sociais são simetricamente ou sinonimamente a mesma coisa que as Ciências Humanas. Tal que História, Antropologia, Economia, Geografia e outras são conteúdos para as provas do ENEM categorizadas como “Ciências Humanas e suas Tecnologias”. Veja, portanto, que a semântica desta ciência se reveste da própria natureza da pessoa humana, do indivíduo, do ser. É, ademais, importante à vida de todos nós – em sociedade.

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