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Milton Blay

Formado em Direito e Jornalismo, já passou por veículos como Jovem Pan, Jornal da Tarde, revista Visão, Folha de S.Paulo, rádios Capital, Excelsior (futura CBN), Eldorado, Bandeirantes e TV Democracia, além da Radio France Internationale

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A farsa de Bolsonaro

"O texto com um pedido de desculpas pela violência expressa no “calor do momento” não passa de uma farsa. Arrependimento não faz parte da personalidade do capitão, que na sua história de vida já deu inúmeras provas de que quando contrariado só é capaz de responder de forma violenta e desconhece o sentimento de compunção"

Michel Temer e Jair Bolsonaro (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters | Marcos Corrêa/PR)
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Os ingênuos que não se enganem: a nota de Jair Messias Bolsonaro do último dia 9 de setembro não é uma mostra de recuo nem de arrependimento pela forma golpista como agrediu o Poder Judiciário e violentou a Constituição (uma vez mais). O texto com um pedido de desculpas pela violência expressa no “calor do momento” não passa de uma farsa. 

Na Declaração à Nação, ele afirma não ter tido “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes.”

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Foi além, assegurou “a observância dos direitos e garantias fundamentais previstos no Art 5º da Constituição Federal” e reiterou seu “respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país''.

Para finalizar, se outorgou o direito de dar lição de Democracia, com “Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.”

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O texto é assinado por Jair Bolsonaro, porém de autoria do ex-presidente golpista Michel Temer. São suas apenas a expressão popular “esticar a corda”, tantas vezes por ele utilizada, e a assinatura em nome de DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA. Aí está o verdadeiro Bolsonaro fascista, antidemocrata. Arrependimento não faz parte da personalidade do capitão, que na sua história de vida já deu inúmeras provas de que quando contrariado só é capaz de responder de forma violenta e desconhece o sentimento de compunção.  Mas deixemos de lado a análise do caráter de Bolsonaro, mesmo se vale a pena relembrar que ele foi capaz de preparar atentados terroristas contra a sua corporação, o exército brasileiro, fato que o propulsou à política. No caso presente, o carimbo  fascista do presidente está nas três palavras:  DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA, copiada do  lema da Ação Integralista Brasileira, movimento inspirado no fascismo italiano, fundado em 1932 por Plínio Salgado.

Os integralistas brasileiros usavam símbolos similares aos dos europeus, como o uso do verde na indumentária, a letra grega sigma no logotipo do movimento e a saudação anauê.

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Não é a primeira vez que pessoas próximas do presidente  utilizam símbolos e expressões que os conectam com o integralismo, o fascismo ou o nazismo.

Em 24 de março, o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, aparecia na TV Senado, atrás de Rodrigo Pacheco,  presidente da Casa, fazendo o gesto de “OK”  com três dedos em forma de W, usado pelos supremacistas brancos.

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O  ex-secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, em janeiro de 2020, copiou uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em um discurso para divulgar o Prêmio Nacional das Artes.

Goebbels afirmou: “A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.

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A adaptação de Alvim, ficou assim: “A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada.”

Em 17 de maio de 2020, ex-companheiros de armas de Bolsonaro, quando o presidente era paraquedista das Forças Armadas, foram até o Palácio do Planalto saudar o presidente. No momento do cumprimento, estenderam o braço direito para o alto e gritaram “Bolsonaro somos nós”, imitando o famoso “Heil Hitler!”

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Agora, na sua “Declaração à Nação” concluída com o lema integralista, Bolsonaro evoca um apelo à ordem cristã clássica, cujo suporte é a família, e à ordem positivista no enfrentamento de uma suposta desordem moral criada pelo Comunismo. 

Por cúmulo da ironia, neste momento de comemoração da independência do país, Bolsonaro também foi buscar inspiração na ex-colônia, apelando para o Estado Novo salazarista. 

Para assinalar os dez anos de ditadura de Antônio de Oliveira Salazar, foi editada, em 1938, uma série de sete cartazes intitulada “A Lição de Salazar”, distribuída em todas as escolas primárias de Portugal. Estes cartazes faziam parte de uma estratégia de inculcação de valores por parte do Estado Novo, destinando-se a glorificar a obra feita até então pelo ditador. Durante muitos anos, estes cartazes didáticos foram utilizados como forma de transmitir a ideia da superioridade de um Estado forte e autoritário sobre os regimes democráticos liberais.

O último cartaz da série, “Deus, Pátria, Família: a Trilogia da Educação Nacional” é uma síntese da pedagogia e moral salazaristas: a imagem revela o lar perfeito, rústico, humilde, analfabeto, patriarcal, cristão. É a apologia da saudável e simples vida do campo, por oposição aos vícios gerados pela vida urbana. Lar simples, aconchegado, sem água nem electricidade, sem um jornal ou aparelho de rádio, nada que faça lembrar a indústria, a modernidade. A mulher que, submissa, cumpre a sua missão de esposa e mãe; o pai, chefe de família, que chega do campo onde labuta para angariar o sustento da casa; o crucifixo, o pão e o vinho sobre a mesa, fazendo lembrar o sacrifício da missa; os filhos que, reverentemente saúdam o pai; ao fundo da imagem, o castelo com a bandeira nacional revela a gloriosa história da pátria.

É o mundo sem violência, sem vícios, sem protestos, perfeitamente ordenado, traduzindo uma ordem econômica, política e social que o Estado Novo considerava perfeita. 

Não, Bolsonaro não está arrependido. Como de hábito, mente ao tentar justificar suas atitudes autoritárias, violentas, mal educadas e  criminosas apelando para o “calor do momento”. Seus atos e palavras são refletidos e expressam exatamente o que pensa e o que quer o capitão-presidente: ser ditador do Brasil e assim poder destruir a democracia e toda forma viva de inteligência e compostura do Oiapoque ao Chuí.

O fascista genocida vai voltar mais rápido do que muitos pensam. O recado está em  DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA.

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