A fé de Francisco
A lógica capitalista - egocêntrica, individualista, se contrapõe ao espírito solidário cristão. O cristianismo, enquanto prática de vida, não pode coexistir no mesmo espaço com o capitalismo
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Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o papa Germoglio, reinvidicando os evangelhos, defendeu a redistribuição da riqueza, criticou as injustiças do sistema capitalista e a necessidade de ajudar os mais pobres. Fez críticas severas à teoria do "trickle-down", exaltada pelos neoliberais, que corresponde ao "gotejamento" que transborda dos mais ricos para os mais pobres, pressupondo que todo crescimento econômico termina beneficiando os marginalizados. "Na prática, os excluídos continuam a esperar!," concluiu o religioso.
Os católicos conservadores e a direita americana em rádios, TVs, jornais esbravejaram: " O papa é marxista".
Leonardo Boff falando sobre Niemeyer: "o importante não é crer ou não crer em Deus, mas viver com amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem. Seu comunismo está muito próximo daqueles dos primeiros cristãos, referido nos Atos dos Apóstolos nos capítulos 2 e 4".
A igreja católica deveria ter sido alicerçada nessa base cristã. Perdeu-se pelos caminhos tortuosos do capitalismo, absolutamente antagônico aos ensinamentos de Cristo.
A lógica capitalista - egocêntrica, individualista, se contrapõe ao espírito solidário cristão. O cristianismo, enquanto prática de vida, não pode coexistir no mesmo espaço com o capitalismo.
Por outro lado, o catolicismo ao longo dos anos se harmonizou perfeitamente com o sistema capitalista (a igreja é proprietária do Banco do Vaticano).
A Teologia da Libertação, configurada nas ideias do teólogo peruano Gustavo Gutierrez, surgiu dos ensinamentos do Concílio Vaticano II (1962-1965) e pretendeu romper aquela realidade, reinserindo o cristianismo nas entranhas do catolicismo.
O abraço do catolicismo aos fracos e oprimidos, pode ser entendido na dialética da força evangelizadora da Teologia da Libertação, se contrapondo ao poder conservador de Roma e fazendo brotar o sangue cristão, transfundido às veias capitalistas da velha Igreja Católica Apostólica Romana.
Na América Latina, a Teologia dos pobres e marginalizados encontrou terreno fértil para crescer e multiplicar-se.
No meio do caminho surgiu uma pedra.
O pontificado Wojtyla/Ratzinger, deu início ao desmonte da opção pelos oprimidos.
No Brasil, fragmentou em quatro a diocese de D. Evaristo Arns; o reacionarismo de D. José Cardoso Sobrinho preencheu o amor aos pobres de D. Hélder; o cristianismo humilde de D. José Maria Pires foi substituido pela insensibilidade cristã de D. Aldo Pagotto. De Frei Leonardo Boff arrancou-se a batina. Extraiu-se o último suspiro cristão do catolicismo. A CNBB, antes progressista,vibrante, cristã, se perdeu pelos caminhos conservadores das diretrizes de Roma.
Quando os cristãos conscientes começaram a acreditar que o vaticano iria crucificar Jesus Cristo pela segunda vez, eis que surge em Roma uma figura simples, humilde, soberana, feito o próprio Jesus. Atende pelo nome de Francisco, que vem a ser o santo mais cristão que já pisou nos tapetes do céu.
Uma de suas primeiras providências como Papa, foi receber o dominicano Gustavo Gutierrez. Conversaram longamente sobre Teologia da libertação.
Na crítica americana, enxerga-se uma convicção religiosa desprovida de sensibilidade cristã, contestando a pureza da fé em Cristo, inserida na religiosidade de Francisco.
A simpatia, o carisma e a profunda sensibilidade cristã do papa Germoglio injetou uma nova esperança no coração dos cristãos espalhados pelos mundo, especialmente os pobres, oprimidos e excluídos que habitam os grotões da nossa América Latina.
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