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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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A Folha ajudou a criar o chefe do bando

O jornalista Moisés Mendes examina o editorial da Folha de S. Paulo contra Bolsonaro à luz da história de relacionamento do jornal com sua figura: "A Folha esquece de admitir que a própria Folha, em recomendação interna aos jornalistas, uma semana antes do primeiro turno da eleição de 2018, determinou a todos os profissionais da casa: não tratem Bolsonaro como um candidato da extrema direita"

Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
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O editorial em que a Folha de S. Paulo ataca Bolsonaro, definido como um ignorante e machista abjeto, com espírito de facção e de chefe de bando, tem alguns esquecimentos.

A Folha não identifica as origens de Bolsonaro no golpe que o próprio jornal ajudou a articular e tampouco cita os cúmplices do bolsonarismo entre os pares da Folha no empresariado nacional.

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A Folha tenta ver Bolsonaro como um sujeito solto no mundo, apenas com seus parceiros de milícia, quando se sabe que ele é uma invenção da direita que derrubou Dilma e ajudou a encarcerar Lula.

A Folha se faz de boba, ao citar apenas “os jagunços de Bolsonaro”, como se a aberração política no governo fosse somente um produto dos banditismos cariocas e da articulação do amigo de Adriano da Nóbrega com militares e com Sergio Moro. A Folha estaria admitindo que o ex-juiz é um dos jagunços?

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Bolsonaro é o bicho brabo saído da cabeça da direita, que vive agora atormentada com os extremismos da criatura. A Folha contribuiu para que Bolsonaro existisse com a forma que ganhou desde muito antes de eleito.

O jornal faz bem em atacá-lo, não só porque o sujeito agrediu covardemente a repórter Patrícia Campos Mello, mas porque Bolsonaro é um insulto à democracia, inclusive aos idiotas que o elegeram.

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Mas a Folha precisa dizer que essa aventura, como o jornal define a gestão do sujeito, foi iniciada com o aval da imprensa. Para a Folha, Bolsonaro era apenas chefe de uma facção ao almejar o poder.

Escolhido como único nome capaz de derrotar o PT, foi eleito e se transformou no líder do empresariado dito liberal, o reduto do qual faz parte o comando da Folha. O editorial esqueceu de dizer que a Fiesp é Bolsonaro e que a elite brasileira sustenta seus projetos nos planos do bolsonarismo.

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A Folha esquece de admitir que a própria Folha, em recomendação interna aos jornalistas, uma semana antes do primeiro turno da eleição de 2018, determinou a todos os profissionais da casa: não tratem Bolsonaro como um candidato da extrema direita,

Para a Folha, não havia no Brasil políticos de extrema direita, mas apenas de direita, e Bolsonaro era um deles. Bolsonaro foi colocado ao lado de Álvaro Dias, Aécio, Henrique Meirelles, Alckmin, Amôedo.

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O editorial, além das enrolações de conteúdo, é muito ruim na forma, como texto de opinião do comando do maior jornal do país num momento grave. É uma peça do século 19 no diário que pretende ser parte do que chama de “jornalismo com vocação de longo prazo”.

A Folha está enrolada no curto prazo. A Folha é esquecida quando interessa esquecer que, antes de tentar abandonar a criatura, já havia sido por ela abandonada.

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