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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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A força da consciência e a consciência da força

Sem coordenar corretamente a força da consciência com a consciência da força iremos vagar por largo período num deserto ou na escuridão. A tentação de adequar a realidade ao discurso ou a interesses particulares nunca gera colheita farta e excedente. Pensemos num roteiro mais viável e condizente para que a semeadura vingue folhas, flores e frutos de esperança e transformação

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Nem Frente Ampla (na melhor das hipóteses, movimentos e episódios onde a amplitude frutificou e foi decisiva), tampouco Frente de Esquerda (parece que a própria ainda não assimilou a profundidade e extensão do problema histórico em que nos envolvemos). Até o presente momento nenhuma formatação discutida e disputada pelas correntes políticas de perfIl ideológico e programático de Esquerda prosperou no cenário nacional.

A vitória da narrativa de defesa do emprego e da economia defendida pelo Presidente é inconteste. Vida e saúde, ou noutros, termos morte e doença, "não causam mais espanto". E o armistício bolsonarista deve durar até, no máximo, o fechamento das urnas, essas mesmas que tendem hoje a confirmar pelo voto  a ofensiva e hegemonia das ideias neoliberais e autoritárias.

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Diante de tudo isso, acontece um fenômeno dramático no campo progressista: a força da consciência quanto aos perigos reais e imediatos da situação histórica não corresponde (em termos analíticos, táticos e de iniciativas políticas) a consciência da força que temos. Predomina o voluntarismo: "otimismo da vontade" gramsciniano se torna único e absoluto, esquecendo-se que a premissa completa falava antes do "pessimismo da razão".

Não bastasse essa variedade de visão distópica, acrescenta-se a postura de lacração, equivalente esquerdista melhor elaborado argumentativamente do que o famoso "mimimi" ou a "memerização" da discussão política, mas que conduz a resultados pouco eficazes e efetivos, prestando-se mais ao regozijo e autossatisfação do que ao diálogo e convencimento alheio.

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Também ocorre um tipo de equívoco comum e recorrente: a intelectualização sobremedida dos discursos, narrativas e fórmulas veiculadas pelos quadros dirigentes ou pela militância de base ergue obstáculos para conversar com o povo. Acaba por encerrar-se em si próprio, afastando-se dos segmentos de massa. Não adianta torcer o nariz para o comediante que criticou a Esquerda por seu academicismo e continuar ignorando as questões de subjetividade e linguagem, mesmo reconhecendo que estes foram trunfos da Extrema-Direita.

Existe ainda um agravante: a da recusa em aceitar os que outrora se alinharam à oposição aos governos petistas, ao golpe, à Lava Jato, à prisão de Lula ou ao voto em Bolsonaro. No chamamento dos 70% - amplo, difuso, miscelâneo - prevaleceram entre os esquerdistas o espírito conflitivo, revanchista e dono da verdade. Nunca a unidade e a luta antifascista tiveram centro e importância.

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Em relação aos evangélicos, idem. A superioridade autoproclamada, não raro arrogante e soberba, espanta ou exclui quem pensa diferente dos cânones libertários, politizados e críticos do qual nos arvoramos. Falta um eito para tratar sujeitos e setores sociais vívidos, atuantes, que divergem de nossas verdades e certezas por variados motivos e aos quais preferimos o conforto do afago do nosso ego.

O equívoco no cálculo de nossas forças reais, nas nossas capacidades de operação e incidência para além das fronteiras daquilo que somos ou convivemos não é sinal positivo ou saudável, apenas confirma e conforma uma sentença a qual nossos inimigos celebram efusivamente. A relutância em admitir o fato dado e concreto inviabiliza a superação de um ciclo histórico maldito.

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Confundir a emergência dos acontecimentos e processos com uma espécie de ansiedade ou precipitação política constitui erro inaceitável para quem quer que seja que pretenda servir de esteio e guia para vencer o projeto de poder em curso. A rigorosa e escrupulosa análise das nossas expectativas conscienciosas requer que idêntica conscienciosidade encontre e reconheça as faltas, limites e adversidades, pois paciência histórica costuma ser sinônimo de convicção, trabalho árduo, temperança, saber recuar e conceder para depois avançar e conquistar, enfim, equivalência de lutas muito maiores do que a pontualidade ou institucionalização.

Sem coordenar corretamente a força da consciência com a consciência da força iremos vagar por largo período num deserto ou na escuridão. A tentação de adequar a realidade ao discurso ou a interesses particulares nunca gera colheita farta e excedente. Pensemos num roteiro mais viável e condizente para que a semeadura vingue folhas, flores e frutos de esperança e transformação.

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