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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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A globalização se esgotou. É hora dos BRICs

"O mundo que surge do Brexit, da eleição de Trump, da profunda crise da União Europeia e, sobretudo, dos Brics, é um mundo de transição entre aquele da globalização comandada pelos EUA e seu modelo neoliberal, e o que aponta para mecanismos de retomada do crescimento, de resolução negociada dos conflitos internacionais, de fortalecimento dos Estados nacionais e dos processos de integração regional e de intercâmbio Sul-Sul", diz o colunista Emir Sader; no entanto, ele afirma que "na contramão dessas fortes tendências mundiais, o Brasil, com o golpe, assume uma política externa medíocre e conservadora"

"O mundo que surge do Brexit, da eleição de Trump, da profunda crise da União Europeia e, sobretudo, dos Brics, é um mundo de transição entre aquele da globalização comandada pelos EUA e seu modelo neoliberal, e o que aponta para mecanismos de retomada do crescimento, de resolução negociada dos conflitos internacionais, de fortalecimento dos Estados nacionais e dos processos de integração regional e de intercâmbio Sul-Sul", diz o colunista Emir Sader; no entanto, ele afirma que "na contramão dessas fortes tendências mundiais, o Brasil, com o golpe, assume uma política externa medíocre e conservadora" (Foto: Emir Sader)
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Quando venceu a guerra fria, o bloco ocidental, comandado pelos EUA, anunciou que a história chegava a seu porto final. Haveria acontecimentos, mas nada fora da economia capitalista de mercado e da democracia liberal. Esse era o fim da história.

A globalização neoliberal se encarregava de tornar universais esses esquemas econômicos e políticos. A Pax americana se impunha. Mas a passagem de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob hegemonia imperial norteamericana não trouxe nem paz, nem desenvolvimento econômico. Ao contrário, se multiplicaram os focos de guerra e a recessão econômica se globalizou.

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A crise recessiva no centro do sistema, iniciada em 2008, não tem nem prazo, nem forma de acabar. As políticas de austeridade assumidas por todos os países europeus são maquinas de geração de instabilidade social e política, tirando legitimidade dos sistemas políticos e dos partidos tradicionais.

O Brexit foi uma expressão mais evidente do mal-estar provocado pela globalização, de que a eleição de Donald Trump é a confirmação. Se generaliza a rejeição aos efeitos da globalização neoliberal. Os governos e partidos que insistem nela são sistematicamente derrotados. A crise de esgotamento da globalização leva consigo também a democracia liberal, que perde legitimidade ao não expressar os sentimentos da maioria da população.

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O fim da história desembocou no fim do neoliberalismo, com um horizonte de sua superação, representado pelos BRICs. Mais que uma agrupação de países, desde a reunião histórica realizada em Fortaleza, em 2014, os Brics desenham a nova ordem econômica e política mundial, a que vai substituir aquela construída no final da segunda guerra mundial, assentada no Banco Mundial, no FMI e no dólar.

Quando a globalização mostra seus limites, condena as economias mundiais a uma estagnação sem precedentes, provoca a perda de legitimidade dos sistemas políticos assentados nela, é um período histórico que termina. Os que falavam tanto de um suposto final de ciclo dos governos progressistas na America Latina, agora vivem o final de ciclo em carne própria, com a saída da Grã-Bretanha da União Europeia e os questionamentos que Trump faz dos Tratados de Livre Comercio e de outros pilares da globalização.

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A globalização neoliberal se esgotou sem conseguir fazer com que a economia mundial pudesse voltar a crescer, ao contrário, naturalizando a recessão em escala mundial. Tampouco conseguiu diminuir os conflitos bélicos pelo mundo afora, ao contrario, multiplicando-os.

O mundo que surge do Brexit, da eleição de Trump, da profunda crise da União Europeia e, sobretudo, dos Brics, é um mundo de transição entre aquele da globalização comandada pelos EUA e seu modelo neoliberal, e o que aponta para mecanismos de retomada do crescimento, de resolução negociada dos conflitos internacionais, de fortalecimento dos Estados nacionais e dos processos de integração regional e de intercâmbio Sul-Sul.

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Na contramão dessas fortes tendências mundiais, o Brasil, com o golpe, assume uma política externa medíocre, conservadora, retrograda, de elevação dos conflitos no plano internacional, provinciana. Se isola das tendências e das forcas dinâmicas, que apontam para uma nova ordem mundial, centrada na paz e no desenvolvimento com distribuição de renda. Corre o grave risco de, distanciando-se dos Brics, perder a oportunidade de aprofundar a nova inserção internacional que vinha assumindo e ficar, de novo, relegado, como nos anos 1990, a uma posição subalterna e irrelevante no planos internacional, correlato externo do governo golpista no plano interno.

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