A greve dos caminhoneiros é Cavalo de Tróia
A esquerda andará de mãos dadas com o patronado que trazem consigo um cavalo de troia com os militares dentro? As forças progressistas não devem se empolgar com a derrota dos nossos adversários, mas sim fazer uma análise criteriosa e minuciosa dessa nova realidade que se apresenta. Pois quem erra na análise política, também errara na ação



Quando começaram os burburinhos de que haveria uma greve dos caminhoneiros no Brasil, os meus instintos mais céticos ligaram o alerta. Desde então, comecei a ler as mais variadas análises e pesquisar o que dizem os movimentos grevistas.
Antes de mais nada, gostaria de salientar que observei muitos colegas da esquerda fortemente empolgados com essa greve, pois desgasta brutalmente o governo de Michel Temer. Sim, desgasta! Mas gostaria de sinalizar para um ponto importante. Quem são os líderes e os movimentos que estão a convocar a greve? Todavia, sinto informar, essa não é uma greve da classe trabalhadora, mas sim uma greve do patronado que tem visto os seus lucros a diminuir por causa da crise econômica que afeta o Brasil. O ponto de referência que tenho para dizer tais coisas são organizações que estão a negociar com o (des)governo do Temer. Uma delas é o Movimento União Brasil Caminhoneiro, que tem como um dos líderes um senhor chamado Nélio Botelho, o qual tem um histórico muito suspeito, como podem verificar em uma simples pesquisa online, pois existem algumas reportagens. Acredito que se jornalistas fizerem um verdadeiro escrutínio com esse senhor e os seus negócios sairá muito lixo.
Para fortalecer ainda mais as minhas suspeitas, a União Nacional dos Transportadores Rodoviários e Autônomos de Carga, divulgou um comunicado nas redes socais e alguns sites compartilharam (um deles é o "antagonista"); informa que o primeiro item da sua pauta política é a seguinte:
1) "Cumprimento integral da lei do voto impresso em urnas eletrônicas ou adoção do voto impresso em urnas de lona, com apuração a cargo das Forças Armadas. Em caso de descumprimento, nos somaremos ao clamor popular por intervenção militar."
Para que os que acompanham as falas do candidato à presidência da extrema-direita, Jair Bolsonaro e os seus seguidores, esse é um discurso muito comum e corrente. Isso liga um sinal de alerta ainda maior. Pergunto-me, será essa a fenda que encontraram para construir um discurso para não haja eleições? Temos que fazer essas perguntas e suspeitar de todos esses movimentos que não têm bases populares. Muitos propalaram o seguinte: nós da esquerda temos que ir para a luta e tentar pautar essa greve. O ponto é: nós não conseguimos conduzir e trazer o povo a rua para lutas de extremo interesse popular como a reforma trabalhista e da previdência?
A esquerda andará de mãos dadas com o patronado que trazem consigo um cavalo de troia com os militares dentro? As forças progressistas não devem se empolgar com a derrota dos nossos adversários, mas sim fazer uma análise criteriosa e minuciosa dessa nova realidade que se apresenta. Pois quem erra na análise política, também errara na ação.
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