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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

202 artigos

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A lista do Mendonça

Em nossa República Tupiniguim, o Ministro André Mendonça, o que substituiu Sergio Moro na pasta da Justiça, instituiu um esquema, que lembra as práticas do hitlerismo e da Gestapo. Assumiu o cargo com a promessa de enfrentar as resistências nos quadros da Polícia Federal e, se possível, no restante da administração pública

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Steven Spielberg, no filme A lista de Schindler, conta a história de um empresário alemão, em pleno regime nazista, que teria inventado um plano capaz de salvar condenados da chamada “solução final”. A crise econômica – e os gastos com a guerra – minavam os recursos do tesouro. Enquanto isso, levavam-se à morte centenas de milhares de judeus que poderiam, trabalhando, produzir e diminuir despesas. Lembremos que a própria morte custava dinheiro. A ideia, apesar de sua amoralidade, vingou. E graças a isso um número de indivíduos conseguiu escapar das câmaras de gás. Naquelas fábricas, trabalhava-se de graça, apenas por comida, mas se garantia a sobrevida dia por dia. 

Agora, em nossa República Tupiniguim, o Ministro André Mendonça, o que substituiu Sergio Moro na pasta da Justiça, instituiu um esquema, que lembra as práticas do hitlerismo e da Gestapo. Assumiu o cargo com a promessa de enfrentar as resistências nos quadros da Polícia Federal e, se possível, no restante da administração pública. O que o antecessor se recusou a fazer, ele, zeloso, prometia em dobro. Dentro de semelhante espírito, providenciou, sob sua alçada, uma lista de gente que qualifica de “antifascistas”, termo elogioso, não fosse o que prenuncia num futuro próximo: a perseguição por razões ideológicas. Aqui ainda não se trata de prender e torturar, à semelhança do macarthismo nos Estados Unidos da pós-II Guerra, com a lista negra que alijou intelectuais talentosos da indústria cinematográfica. Cabe assinalar que o nazismo, uma vez se instalando nas estruturas do Estado levou um tempo para mostrar as garras. Cuidou de início de escolher, nome por nome, os que deviam se retirar. Thomas Mann, Prêmio Nobel e consagrado como grande literato, e seus filhos Klaus, também romancista, e Érica, atriz, precisaram fugir do país em 1933, cor causa disso. Klaus Mann, o autor de Mefisto, só reviu a casa paterna, em Munique, em 1945.

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No Brasil, sob a batuta do Ministro André Mendonça, uma comissão pinçou 579 funcionários da Polícia Federal e quatro acadêmicos para serem catalogados como antifascistas. Por quê? Para quê? Com que propósito? São perguntas que surgem à mente de pessoas que gostam de preservar a sua independência ideológica e intelectual, sem tutelas do Estado, não obstante abominem o fascismo em suas diversas colorações, do verde à ausência de cor, com bico de águia ou de galinha. Alguém dirá que o governo de Jair Bolsonaro, com a retórica ultradireitista, estimula os assessores diretos ou indiretos, com a intenção de agradá-lo, a se revelarem mais realistas do que o rei. Aconteceu com o Abraham Weintraub, de triste memória, na pasta da Educação. O Presidente se defendia atacando e ele pisava no pedal do acelerador, com um rico vocabulário de baixo calão ou difamando os magistrados do Supremo Tribunal Federal.

Nas gestões de Lula e Dilma, acusadas de aparelharem os organismos da administração superior, não houve um único sinal leve de perseguição política. A imprensa gozou de liberdade para dizer o que bem entendesse. Entregou-se o poder à Direita... E assistimos ao espetáculo da descompostura em várias dimensões. A lista do Mendonça prova do veneno, que escorre pela boca e pelos dentes. Temos de impedir que prospere. 

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