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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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A mais descarada fake news da campanha eleitoral

Senti ânsias de vômito ao assistir a propaganda eleitoral de Henrique Meireles na televisão. Jamais vi numa disputa eleitoral tamanha audácia na transformação de uma gestão financeira absolutamente desastrosa numa suposta vantagem econômica para o povo. A boca de Meirelles não expele mentiras. Expele fezes. É insuportável vê-lo falar com a maior cara de pau do planeta que gerou 10 milhões de empregos no governo Lula, na qualidade de presidente do Banco Central, e 2 milhões como ministro, no governo Dilma

A mais descarada fake news da campanha eleitoral (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)
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Senti ânsias de vômito ao assistir a propaganda eleitoral de Henrique Meireles na televisão. Jamais vi numa disputa eleitoral tamanha audácia na transformação de uma gestão financeira absolutamente desastrosa numa suposta vantagem econômica para o povo. A boca de Meirelles não expele mentiras. Expele fezes. É insuportável vê-lo falar com a maior cara de pau do planeta que gerou 10 milhões de empregos no governo Lula, na qualidade de presidente do Banco Central, e 2 milhões como ministro, no governo Dilma.

Tendo em vista a propagação da demagogia pela imprensa, transformando mentiras em verdade, e sem qualquer espírito crítico, é preciso explicar sumariamente o discurso adotado na campanha por Meirelles. Primeiro, não existe nenhuma relação entre a sua presidência do Banco Central, na era Lula, com a geração de 10 milhões de empregos. É verdade que, em outras partes do mundo, uma atuação parcimoniosa do banco central pode favorecer a criação de emprego. Não é o que aconteceu ou o que acontece no Brasil.

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Na verdade, ao longo de todo o governo Lula, o Banco Central gerido por Meirelles foi sempre contracionista, isto é, contribuiu o tempo todo para a redução da criação de emprego. Num único momento a política econômica, e não certamente a política monetária, favoreceu a expansão do emprego. Foi em 2009, quando o governo Lula, atendendo a uma recomendação do governo Obama para enfrentar a crise de 2008, decidiu injetar 200 bilhões de reais na economia. Isso, através do BNDES, não do Banco Central.

A asserção de Meirelles de que, como ministro da Fazenda de Dilma, gerou 2 mlhões  de empregos é simplesmente fruto de um absoluto cinismo. Como isso poderia ter acontecido se a economia naufragou 3,6% em 2015 e mais 3,8% em 2016, estagnando em 2017 e novamente caindo, com toda a probabilidade, no corrente ano? É um farsante descarado quem tenta enganar a opinião pública dessa forma. Fala-se muito em fake news na imprensa alternativa brasileira. Não há maior fake news na grande imprensa do que Meirelles.

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E quanto a suas prerrogativas morais, o fato de que nunca foi processado? Isso é verdade, porque tanto a Polícia Federal quanto a Procuradoria Geral da República são incompetentes. Eu levei a eles uma denúncia de manipulação de derivativos por parte de Meirelles – especificamente, swap cambial reverso – mas não houve qualquer conseqüência em 2014 ou nos anos posteriores. Eu estava no BNDES, como assessor do presidente. Minha denúncia quase resultou em demissão... minha, por pressão do ministro Guido Mantega.

Se tivéssemos imprensa menos declaratória e mais investigativa, não teria passado despercebido à sociedade não apenas esse episódio, mas também o fato de que, durante cinco anos, foi Meirelles quem assinou os balanços da JBS. Falou-se muito, de forma irresponsável, que um filho de Lula seria dono da Friboi. Nada mais falso. Contudo, a verdade está em outro ponto. Coube a Meirelles ensinar aos irmãos Batista a sacar dinheiro do BNDES para o grupo JBS, o qual se tornaria, sob suas asas, um dos maiores conglomerados do setor no mundo. 

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O fato é que foi para crescer tanto quanto bolo fermentado que o grupo JBS chamou Meirelles para sua direção. Ele sabia onde estava o dinheiro. Como conhecia bem a trilha que o levaria ao caixa de R$ 300 milhões do PMDB, não para ganhar a eleição, mas para ganhar o seu financiamento. A propósito, poucos sabem que a cúpula do partido retirou o dinheiro da campanha presidencial justamente para impedir a candidatura do senador Roberto Requião, que se preparava para disputar a legenda do partido. Com se viu, Meirelles  foi mais rápido.

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