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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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À meia-noite, estatizarei seu delírio privatista

"À margem da verdadeira disputa eleitoral, d’Avila talvez não merecesse referências. Por pitoresco, merece-as", diz Paulo Henrique Arantes

Felipe D'Avila (Foto: Reprodução/Twitter/@fdavilaoficial)
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“À meia-noite, privatizarei sua alma”. O hilariante meme que circula nas redes sociais traz a foto de Felipe d’Avila, candidato do partido Novo a presidente da República. Por seu nanismo eleitoral, o cientista político neoliberal não contou com muita atenção da audiência, da imprensa, de ninguém. Autoproclamado novidade, o partido foge do consenso econômico global, que abandonou Milton Friedman já faz algum tempo. O Novo é uma agremiação ultrapassada.

À margem da verdadeira disputa eleitoral, d’Avila talvez não merecesse referências. Por pitoresco, merece-as. O discurso privatista - e nada além disso se ouve do candidato - cairia bem para uma elite hipnotizada por desregulamentações do mercado nos anos 80-90. O estereótipo do moderninho, de todo modo, ainda veste bem nos brasileiros cujo sonho de consumo é Miami. Nada que o faça sair do traço nas intenções de voto.

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Não se pode esquecer que a cabeça econômica de um Felipe d’Avila é a mesma de Paulo Guedes, só que este teve seu neoliberalismo abalroado pela realidade e hoje se contorce, de modo ridículo, para justificar sua inflexão, digamos, keynesiana. Os liberais intelectualmente honestos reviram seus conceitos, e André Lara Resende é o melhor exemplo brasileiro. 

Vai longe o tempo de Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Seus resquícios foram soterrados pela crise de 2008. O trabalhador americano perdeu com Reagan e a classe média naquele país viu regredir seu poder aquisitivo, que tinha alcançado o apogeu no pós-guerra pelas mãos do desenvolvimentismo. No Reino Unido, basta verificar a imagem de que a Dama de Ferro desfruta entre os trabalhadores.

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Políticos e economistas em estado de sanidade não propõem que se saia a estatizar tudo que há pela frente - não se trata disso. Porém, em hipótese alguma cogitam colocar em mãos ligeiras setores estratégicos da economia de um país, tampouco dar a empresários que buscam lucro - e só lucro - autonomia para gerir serviços essenciais à população. Fato é que privatizações e concessões mal feitas estão sendo revistas mundo afora, como informou pesquisa de 2021 publicada pelo Transnational Institute (TNI), centro de estudos sediado na Holanda.

Vale destacar os dados auferidos pelo TNI: não menos que 1.048 serviços foram reestatizados ou criados, a cargo do Estado, no mundo desde o ano 2000, 441 dos quais na Alemanha e 230 nos Estados Unidos. Na França, são 156 os casos desse tipo, junto com 119 na Espanha e 110 no Reino Unido. 

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O candidato do Novo está fora do tempo. Ao que parece, também da disputa eleitoral.

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