A necropolítica e Guedes

As declarações estapafúrdias de Paulo Guedes sobre o fato de que "ricos capitalizam" e "pobres gastam tudo" é um exemplo real do que significa a necropolítica hoje no Brasil.

Um completo desprezo da realidade, do próximo e da maioria avassaladora dos brasileiros. 

O ministro, completamente alheio ao povo, desconhece (ou finge desconhecer) o mundo real, já que sua formação e vivências vêm dos escritórios do capital especulativo, completamente diferente do salário mínimo que sustenta dezenas e dezenas de milhões de trabalhadores humildes, muitos dependentes dos outros pelo desemprego. 

A conta não tem como fechar: cada vez mais jogados à informalidade e precarização, com rendimentos humilhantes, os trabalhadores não vão ter como contribuir para a Previdência e menos ainda para sua modalidade privada. Ou é um delírio psicótico na cabeça do ministro ou é perversidade pura, sabendo que haverá um genocídio natural nas ruas para os brasileiros pós-terceira idade, isso quando ele mesmo, Paulo Guedes, provavelmente já não estiver aqui devido à sua própria idade. 

É uma monstruosidade. 

Os brasileiros pobres não deixam de poupar por irresponsabilidade, mas por insuficiência absoluta de recursos. Mal conseguem sobreviver com três refeições dignas, milhões moram em farrapos sem a menor infraestrutura do Estado. Para quem ganha mil reais mensais e sustenta duas ou três pessoas, como tirar cinquenta ou cem reais para "capitalizar"?

A perversidade e o desprezo do ministro ao povo são evidentes em suas manifestações públicas. O assustador é saber que ainda há eleitores dispostos a defender tais sandices em nome do "combate ao comunismo", e que sem perceber (ou não, como diria o gênio Caetano) estão associados a esta verdadeira fábrica de matar gente idosa que explodirá no Brasil mais à frente. É o princípio básico da necropolítica: aqueles que não são rentáveis merecem morrer.

Os brasileiros que têm amor à sua pátria e ao seu povo não podem deixar de se indignar contra isso.