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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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A ‘nova política' é a ‘velha politica’ com uma nova roupagem: a do cinismo

Vestidos com essa nova roupagem, indicam que a responsabilidade/culpa sempre é dos outros. Essa divisão fictícia da realidade política, essa falsa “nova” política, precisa ser vencida. Precisamos acabar com essa farsa!

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Primeiramente é importante frisar que essa história de “nova” e “velha” política é uma criação política da direita liberal e, principalmente, de grupos de extrema-direita que de forma fictícia buscaram instituir um elemento de diferenciação com a finalidade de estabelecer um corte qualitativo entre o que seria essa “velha” política (apadrinhamentos, favorecimentos, desvios de dinheiro público, corrupção as mais diversas...) e a “nova” política (sem corrupção, troca de favores, etc.). Nos marcos da democracia liberal burguesa só há nova política se esta for destruída e superada. Não é o caso aqui. Não há nova política. 

Infelizmente muitas pessoas, ingênua ou propositalmente, atuaram no sentido de reforçar tal divisão fictícia da realidade política (na esfera do cotidiano) que apenas, repetimos, foi criada, e também apoiada e difundida pela mídia empresarial-corporativa, para favorecer os grupos de extrema-direita, uma vez que a ideia dessa divisão era colocá-los como os “salvadores da pátria”, através dos seus líderes mais imediatos (no plano nacional, Bolsonaro, e no plano estadual e municipal, respectivamente Wilson Lima e David Almeida) e, com isso, tê-los também como seus interlocutores, com a finalidade de viabilizar os projetos políticos e econômicos de setores da elite nacional (agronegócio, banqueiros, rentistas...) e regional (empresários locais, donos de universidades, comércios, etc.).

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Não por acaso, no plano nacional, houve um esforço enorme em destruir os direitos sociais e trabalhistas conquistados, com persistência, suor e muita luta, pelos trabalhadores e setores populares. E isso numa velocidade incrivelmente rápida e sem diálogo com a sociedade. O que só é possível em cenário de golpe, o que efetivamente ocorreu nos fatídicos anos de 2016 (golpe com a farsa do impeachment) e 2018 (eleições fraudadas, com a farsa da prisão do Lula e as fake news que elegeram Bolsonaro). As ditas reformas trabalhistas (destruição dos direitos trabalhistas) e da previdência (destruição da assistência e proteção social) são emblemáticas desse cenário pós-golpe, assim como o esforço em eliminar/enfraquecer os sindicatos, as organizações da sociedade civil e suas respectivas lideranças populares. Soma-se a isso a corrupção vislumbrada na família Bolsonaro: as rachadinhas, a ligação com as milícias, o cheque do Queiroz na conta da esposa de Bolsonaro, etc. Isto aqui e os 28 anos em que Bolsonaro foi Deputado Federal não são nada “novos”.

No plano estadual, Wilson Lima, do PSC, apresentou-se como o “novo” no cenário político estadual. Apresentador de um programa (Alô Amazonas) na TV Acrítica, vivia criticando os governos anteriores e propondo discursivamente no seu programa soluções para os problemas que o Amazonas enfrentava. Na cola de Bolsonaro, conseguiu se eleger governador do Amazonas (apoiado pelo dono da TV Acrítica,  pelos líderes evangélico e elite local). 

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No plano municipal, David Almeida, do AVANTE, vem das entranhas do mundo neopentecostal, com um discurso contra a esquerda, vista como inimiga, e a favor das pautas defendidas por Bolsonaro, demonstrando um alinhamento numa escala muito mais intensa, do que o do governador Wilson Lima, com o governo federal. Para David Almeida, Deus o colocou lá para salvar o povo de Manaus e do Amazonas do “inimigo” (seguramente a esquerda e todo o campo progressista).

No entanto, para usar a divisão fictícia utilizada por eles, o “novo” acabou se revelando muito pior do que o “velho”, tendo como parte de sua roupagem o cinismo. 

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David Almeida, em menos de um mês, aparentemente tratou de utilizar a sua posição pública para lançar mão de velhos mecanismos já conhecidos no país: os apadrinhamentos e favorecimentos. Quando foi governador tampão (2017-2018), um dos seus primeiros atos, só para citar um exemplo, foi contratar empresas da família Lins. Não por acaso, agora como prefeito de Manaus, permitiu a vacinação das filhas do Nilton Costa Lins Júnior (dono da Universidade Nilton Lins), que embora médicas, foram nomeadas um dia antes da vacinação e não faziam parte das prioridades dentro do grupo prioritário da 1º fase, o que fica caracterizado como “fura-fila”. Não bastasse isso, mais uma vez mostrou a sua faceta autoritária (já revelada algumas vezes, como, por exemplo, no episódio em que ameaçou Amazonino Mendes e seu marqueteiro Martinelle, e também na Assembleia Legislativa do Amazonas numa confusão que se envolveu com o deputado Vicente Lopes), quando então em vez de corrigir o que estava errado, tentou impedir o registro fotográfico de quem ainda iria se vacinar. Atentando inclusive contra a transparência pública.

Por outro lado, o governador Wilson Lima viu o seu governo se envolver em escândalos no meio da pandemia, com a compra de respiradores superfaturados em uma casa de vinhos, respiradores estes que nem serviam para dar suporte aos infectados com a Covid-19, pois não eram para este fim. Além disso, assim como Almeida, aparentemente permitiu que o empresário Bento Martins Eirili e sua esposa se vacinassem com a Coronavac. Não eram nem do grupo prioritário. São “furas-filas” também. Aliás, este empresário já é velho conhecido do governo, pois na gestão de Wilson Lima, quando a pasta da Educação estava sob o comando de Luiz Castro, este foi alvo de uma representação no MPF pela contratação com dispensa de licitação de empresa de fornecimento de merenda escolar. De quem era a empresa? Deste mesmo empresário citado, que também em 2018 foi envolvido num episódio de falta de merenda escolar na rede estadual, mesmo com milhões já pagos. 

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As ilustrações acima (de fácil confirmação, só fazer uma pequena pesquisa na internet) atestam que a “velha” política, com tudo aquilo que ela foi acusada, está presente, porém com uma nova roupagem: a do cinismo. 

E mais grave ainda, da “nova” política brotam ações mais intensas de destruição dos direitos sociais, trabalhistas e dos programas sociais. Governam para a elite, cujos favorecimentos e apadrinhamentos se tornaram explícitos (olha os exemplos acima). Além disso, a crise sanitária pela qual estamos passando demonstrou a falta de planejamento e o improvido, que acabaram custando vidas! 

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Porém, vestidos com essa nova roupagem, indicam que a responsabilidade/culpa sempre é dos outros. Essa divisão fictícia da realidade política, essa falsa “nova” política, precisa ser vencida. Precisamos acabar com essa farsa! 

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