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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

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A oposição destrutiva no Brasil

Incinerar o outro não cria lógica, racionalidade ou dado prestável. As oposições precisam amadurecer, desinfantilizar-se

Incinerar o outro não cria lógica, racionalidade ou dado prestável. As oposições precisam amadurecer, desinfantilizar-se (Foto: Jean Menezes de Aguiar)
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A recente história dos movimentos políticos de oposição no Brasil, no período redemocratizado, denota uma trajetória tristemente condizente com uma sociedade intolerante.

Um dos traços do consumismo/intolerância é a pressa, em tudo. Uma busca de atalhos para vitórias e derrotas rápidas sobre o oponente. Quase sempre, nunca refletidas.

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Com a pressa não se quer refletir, pensar serena e objetivamente, mas resolver a questão como se caça uma resposta-resumo no Google. Isto jamais é conhecimento, no máximo informação. Já com a intolerância tem-se a vontade de tratorar o oponente, mesmo que pela via da ofensa ou da desqualificação pessoal. É primário e tosco, mas muitos optam por esta via.

O filósofo Arthur Schopenhauer escreveu 'Como vencer um debate sem precisar ter razão'. Para quem leva a vida achando que a sociedade é inimiga e precisa derrotar pessoas desde quando sai de casa, ou seja, o medíocre típico, esta é uma ótima literatura. Schopenhauer era tão genial que se deu ao luxo de teorizar, magistralmente, a guerrilha verbal para vazios mentais que precisam de truques dialéticos.

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Na política este modelo impera. Duas pessoas de partidos opostos, numa conversa qualquer na TV, por exemplo, costumam considerar a outra e o seu partido como totalmente imbecis. Nada que um proponha serve, presta ou cabe.

É claro que com essa tentativa de desmonte do outro se transfere para a sociedade – o eleitor- a pecha de energúmeno, afinal, quem escolheu o partido-débil, o político-asno foi o povo.

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Não é assim. Pessoas totalmente imbecis são muito raras. É mais ou menos como não acertar nenhum jogo na loteria esportiva. Quando uma oposição política busca dizer que 'tudo' que foi feito por uma equipe de governo está errado, a análise automaticamente se compromete. Perde credibilidade.

Mesmo que partidos sejam ideologicamente contrários. O Pt caiu nesse erro antes de ser governo. O Psdb agora é seu usuário. A diferença é que o Psdb já foi governo e foi 'vítima' dessa 'técnica'. Deveria ter aprendido.

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Incinerar o outro não cria lógica, racionalidade ou dado prestável. As oposições precisam amadurecer, desinfantilizar-se. Aécio Neves, um sujeito bonitão, aparece como uma tia-velha-reclamona. Estima-se que nem ele próprio acredite muito no que tem a obrigação de dizer, contestar e tratorar. É apenas sistemático e vicioso.

Já pelo lado do governo, veem-se defesas atrapalhadas como essa de que a mancomunação na Cpi da Petrobras é 'histórica'. Então se outros partidos fraudaram, nós também podemos fraudar. Um argumento que nenhum advogado iniciante usaria.

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Mas a mania de tratorar, incinerar e focar não no problema, mas na 'desacreditação' do outro gera essas deformidades pensantes ou irracionalidades.

Seja de que lado for, há pessoas preocupadas, competentes e hábeis. Ninguém menos que o gênio Darcy Ribeiro que declarava 'Sou de esquerda e acho que ela é a salvação do mundo', disparava: 'Existe uma intelectualidade vadia pregando que a direita é burra. Não é, não.' (Confissões, p. 298).

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A oposição política brasileira, não de hoje, se envolve em futricas. A desqualificação pessoal que busca, inclusive familiar, às vezes beira à fofoca-Caras. Às vezes ao baixo preconceito. Implicaram com Lula quando descobriram uma filha sua. Que 'troféu', que 'descoberta' ótima para uma oposição conservadora e farisaica. É como se os que implicam não fazem seus filhos escondidos, secretos com secretárias gostosonas aí reveladas pela Playboy. E mais, com dinheiro público. E pensão alimentícia também.

Com a redemocratização pôde-se falar tudo e não se ser mais preso e torturado. Mas isto abriu a possibilidade de factóides, mentiras e ilusionismos.

Com a mídia eletrônica espremendo o tempo e o tamanho do discurso – o twitter impondo 140 carateres por fala – não se compreendem e não se digerem mais discursos longos, filosóficos e concatenados. A pressa venceu. Na política o xingamento, o cinismo e a mentira se tornaram o ordinário e o comum.

Paulo Skaff – a Marina Silva da garoa-, o empresário que luta para virar político, numa semana diz que jamais votaria em Dilma, só se fosse louco. Que valentia, que bravata. Na semana seguinte muda na maior cara de pau e diz que vota em quem seu partido Pmdb-Dilma mandar. É assim, não há 'palavra'? Não. Não há. É exatamente assim.

Estima-se que a eleição de 2014 seja um açougue. Ou um matadouro. Mas e a sociedade? E o povo? E o Brasil?

A desonestidade da vitória a qualquer preço, tudo sem ética, triunfou. Foi assim com as acusações da Copa e será com a eleição. Como não existem um TRE, um Ministério Público ou uma polícia da ética, liberou geral. Pode tudo. E o Brasil e seus sistemas econômicos, de balança, de bolsa, de imagem que aguentem.

Já se percebeu que políticos têm sangue de barata. Xinga-se à vontade sua mãe e filhos. Se na semana seguinte o xingador compuser uma 'alian$a', tudo resolvido. Tudo esquecido e sorriso na TV de mãos dadas.

Quando isso vai evoluir, melhorar, depurar ou chegar a um nível minimamente 'honroso' (que palavra difícil)? Quando a educação violar os cadeados dos currais eleitorais. Mas até hoje o que nunca se quis muito neste país foi educar a massa. Segue o jogo.

Do blog Observatório Geral

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