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A Páscoa de nossa desesperança

A besta fera de nossa desalegria não resistirá a capitalização comercial da fé, ainda que resistido tenha a todos os vírus e pestes que assolaram a humanidade ao longo de nossa marcha. Nesta pós-páscoa, neste instante não civilizatório de pós verdade, vejamos no vírus um adversário (temível, nocivo, mortal) a ser vencido e peleemos quarentenados

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A história conta seu tempo em ciclos, estabelecendo nos costumes que então se alinham, modelos de convívio. Há 2020 anos passamos um ciclo que recepcionava, dentre outras querenças, o descontentamento fundamentalista de grande parte do patriciado judaico.

A Judeia estava dominada pelos romanos (como de resto quase todo o mundo civilizado, a exceção de uma aldeia de irredutíveis gauleses, conforme nos conta o grande Renée Goscinny, pela pena do mago Uderzo) e um jovem plebeu judeu passou pelo mundo falando de respeito, amor, fé, partilha, inclusão, e outras temeridades cidadãs ainda mais perigosas, como o perdão...

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Seu discurso, por ser recebido como sedicioso por grande parte da elite econômica judaica, levou-o ao cadafalso, condenado que fora (no primeiro caso de lawfare de que se tem notícia) a morrer na cruz romana...

Essa sentença nos assombra a todos desde então, eternizados que fomos/estamos por suas consequências sociais e políticas...

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Eternos por obra e graça de Sua execução, passamos a revisitar nossas vidas, no período da covardia, como que a fixar no calendário a mancha dos julgamentos de conveniência.

Essa vigília longeva tem nos permitido elencar acertos, mitigar equívocos e, principalmente, entender o significado das cousas...

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Pilatos, para este que vos escreve, é merecedor de um momento de reflexão mais profundo, naquilo que significa para o Advogado de defesa que estamos, assistir ao que julga lavar as mãos no resultado de sua decisão...

No ponto, enquanto o julgador de época lavava as mãos, sucumbindo a vontade da elite econômica, ainda que asseverasse não ver crime Naquele homem, sofríamos todos nós as consequências de sua decisão política...

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O resto é história antiga, que vem se repetindo enquanto farsa e tragédia, a cada vez que um juiz lava as mãos – e não precisa ser na páscoa, não precisa de uma pandemia que mitigue a própria páscoa; basta um juiz, um justo, uma pia e a semente fascista que floresce entre os covardes que justiçam quando deveriam julgar... 

Se o justo ressuscitará ao cabo do terceiro dia, ou se a tragédia concebida para mitigar nossos pecados fará algum sentido em um mundo dividido pelo tanger do gado, isso apenas a história contará – nossa esperança é que a história não seja conturbada pela disseminação das estórias de conveniências, que estabeleceram o modelo totalitário dos julgamentos de conveniência, pródigos em apostolar a vontade das maiorias que espelha a raiz do modelo nazi-fascista...

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Enquanto isso restará a cruz a nos lembrar da somatória dos esforços plebeus à cata de um lugar ao sol.

Deveras, a páscoa encerra um período destacado do calendário da cristandade, desde que a igreja se construiu sob Pedro, mas há uma páscoa nova a florescer em cada desvalorização cidadã que o modelo neoliberal impõe ao contrato social.

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Este menoscabo civilizatório não compõe o ideário da cristandade – talvez encontre abrigo em templos e em seus vendilhões (alemães e seus canhões?), em interpretações fundamentalistas que soçobram no mar da existência, onde pias, lawfare e justos sacrificados politicamente, compõe o cardápio caro aos tubarões que caçam peixes menores...

Tudo isso emoldurado pelo silencio dos que foram recompensados com as sobras do ideário da própria cristandade e, corrompidos, ocupam uma cadeira no banquete dos fundamentalistas...

Assim, esvaecidos na fundamentalização dos postulados, na releitura das circunstâncias, na esteira das covardias institucionais que mitigam certezas e aportam nas próprias convicções, os que se deixam tanger compõe a tela emoldurada pela páscoa da peste – a diferença é que o sangue do cordeiro já se derramou e nós outros não temos mais proteção contra o vírus fascista dos utilitaristas...

Orwell (1984) já nos contou essa história. Machado (O Alienista) também. O que seria ficcional é, hoje, triste conformação neopentecostal que sequestrou o evangelho segundo Jesus Cristo (obrigado José), dando assento a questão econômica dos povos sob o prisma da fé, ou da condição cidadã de seus neoabençoados. 

A besta fera de nossa desalegria não resistirá a capitalização comercial da fé, ainda que resistido tenha a todos os vírus e pestes que assolaram a humanidade ao longo de nossa marcha.

Nesta pós-páscoa, neste instante não civilizatório de pós verdade, vejamos no vírus um adversário (temível, nocivo, mortal) a ser vencido e peleemos quarentenados. 

Já em relação ao inimigo, não nos percamos em eufemismos: ele é fundamentalista, acredita no próprio messianismo (que o Cristo em pessoa fez questão de não propagar: A César o que é de César, a Deus o que é de Deus) e faz de quem operou em lawfare a seu favor, o seu verdugo.

Tristes trópicos... 

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