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Michel Zaidan

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A política externa bolsonariana

Nem os militares, durante a ditadura de 1964, foram tão obtusos a ponto de restringirem a política comercial à uma ideologia anticomunista e xenófoba: negociaram com os soviéticos e chineses

A política externa bolsonariana (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Foi John Foster Dulles que definiu melhor o espírito da política externa norte-americana, ao dizer que um país não tem amigos, tem interesses. Interesses econômicos e estratégicos. Desde a formulação do chamado "pan-americanismo", ou a doutrina que afirma ser a América para os americanos, que os governos estadunidenses entendem que a América Latina é o quintal deles. Até a Primeira Guerra Mundial, o imperialismo inglês mandava no mundo. Depois da primeira grande guerra, os americanos tomaram a hegemonia política e econômica dos ingleses. Neste intuito, a política externa ianque varia do mero expansionismo anexionista ao unilateralismo, fazendo acordos bilaterais, com governos fracos, para afastá-los dos processos de integração regional e submetê-los à sua influência, ou pelo "soft power" ou o "hard power".

As relações externas do Brasil com os EUA mudaram muito no curso dos últimos 100 anos. Desde a cópia servil da Constituição norte-americana feita por Rui Barbosa, a mando do governo provisório em 1981, até a origem do primeiro processo de integração regional sul-americana, sob a hegemonia brasileira, houve muitos vai-e-vens nestas relações, que variam da total submissão aos interesses americanos até a afirmação internacional dos interesses nacionais do Brasil. Não é segredo para ninguém que o governo de Inácio (LULA) da Silva foi a gestão que mais avançou na direção de uma política externa independente, multicultural, pacifista e sul-sul.

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Os logros e as conquistas dessa política foram muitos, entre eles: o protagonismo mundial do país na frente diplomática e o Mercosul. O Brasil conseguiu uma liderança continental que incomodou alguns de seus vizinhos. Mais importante foi a diversificação do comércio internacional brasileiro, para a venda das "commodities" agrícolas e minerais: a China, o Irã, a União Europeia e os países árabes. Nosso país avançou muito no pragmatismo comercial, firmando parcerias e acordos estratégicos para os interesses do povo brasileiro.

É absolutamente injustificável que o atual governo da República jogue por terra, em nome de um anticomunismo grosseiro e do alinhamento incondicional com o país americano do norte, todo esse acervo de realizações e avanços da política externa do Brasil. Mais ainda à luz dos interesses econômicos e comerciais que ele diz representar: o agronegócio, a bancada ruralista, a indústria brasileira, a exportação das "commodities" agrícolas ou minerais, tão importante para o equilíbrio da balança comercial brasileira.

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Nem os militares, durante a ditadura de 1964, foram tão obtusos a ponto de restringirem a política comercial à uma ideologia anticomunista e xenófoba: negociaram com os soviéticos e chineses. Não que tenhamos que concordar com as palavras de Foster Dulles. Mas não se pode conduzir a política externa de um país como o nosso, com o olho na Bíblia ou na Lei de Segurança Nacional. Há objetivos estratégicos, econômicos, geopolíticos que devem guiar essa política.

E aí cabe um formidável espaço para o pragmatismo nas relações internacionais. O nosso país não é o Haiti, Porto Rico ou Panamá. É uma nação continental que tem um enorme peso na política internacional. Mas precisa ter consciência desse papel, para não se tornar mais um satélite comercial ou militar dos americanos.

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Outro ponto sério dessa política isolacionista e americanofila é a aproximação política e diplomática com o Estado de israel. Está aí outra grande ameaça aos interesses do povo brasileiro. Sempre tivemos uma grande simpatia pelos povos árabes. Hipotecamos mais de uma vez o nosso apoio à causa justa e humanitária do povo palestino (que vive sob a ocupação militar israelita, por terra, mar e ar). Privilegiar o Estado judeu, nas relações diplomáticas com o Oriente Médio, em razão do apoio dos evangélicos e para agradar Donald Trump, é um equívoco de graves consequências para nós.

O país judeu muito pouco tem a oferecer ao Brasil, a não ser a tecnologia de espionagem ilegal nas terras alheias. A técnica agrícola de irrigação em terras áridas, nós já temos. A experiência dos "Kibutzim" já foi totalmente desvirtuada. Temos uma das medicinas mais modernas do mundo. Mas em compensação, os movimentos de libertação da Palestina (tanto quanto o Estado Islâmico) podem mirar o Brasil como próximo alvo, em razão do nosso alinhamento com os americanos e judeus. E perderemos o mercado das nações árabes para nossas exportações comerciais.

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O Brasil tem tudo a perder e nada a ganhar com essa política comercial estreita, sectária, filoamericana e judia. E os maiores prejudicados serão os brasileiros, no final das contas. Somos um povo pacifista, miscigenado, aberto aos intercâmbios e parcerias do mundo inteiro. Não vamos nos curvar a uma seita de adoradores do satanás, nem daqui nem de fora.

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