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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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A presidenta tem uma estratégia

Para tornar as “bandeiras” do “impeachment” e “intervenção militar já” definitivamente obra de colírio alucinógeno, devemos opor “em defesa dos empregos, salários e do crescimento”. Nós governamos, nós pautamos

Para tornar as “bandeiras” do “impeachment” e “intervenção militar já” definitivamente obra de colírio alucinógeno, devemos opor “em defesa dos empregos, salários e do crescimento”. Nós governamos, nós pautamos (Foto: Leopoldo Vieira)
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Pesquisas do Datafolha (http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/03/82-dos-manifestantes-de-domingo-votaram-em-aecio-diz-datafolha/) e da Fundação Perseu Abramo (http://www.revistaforum.com.br/mariafro/2015/03/22/pesquisa-da-perseu-abramo-traca-perfil-dos-manifestantes-de-1303-e-1503/), sobre o perfil dos manifestantes do dia 12/03, comprovaram que a declaração do ministro Miguel Rossetto estava correta: foram protagonizadas majoritariamente por não-eleitores da presidenta Dilma. Tais pesquisas revelaram cabalmente que a maioria foi eleitora de Aécio e Marina e que a bandeira pelo fim da corrupção teria como solução o Impeachment. 

Contudo, uma posterior, da CNT/MDA (http://jornalggn.com.br/noticia/59-aprovam-impeachment-de-dilma-aponta-pesquisa-nacional), que revelou uma rejeição de 62% à presidenta, animou os que classificaram os protestos de "da sociedade", pois a avaliação negativa se espraiara para todos os segmentos de renda e escolaridade. Elementar, meus caros Watsons: todas as "elites brancas" do planeta o são justamente por disporem de instrumentos para persuadir o povo de seus valores, representações, ideias e propostas. A isso se chama Hegemonia. 

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A pesquisa da CNT/MDA aponta uma coisa bem mais relevante. Nos segmentos de renda e escolaridade que compõem as camadas C, D e E as preocupações centrais são com o futuro de seus empregos, de seus salários e com a inflação. Não à toa, "96,1% dos entrevistados não participaram de qualquer protesto no dia 15 de março". Até 2010, com a economia crescendo, o ataque diário da velha mídia ao governo e ao PT batia e voltava nos dados da CAGED. Com a desaceleração econômica, isso foi sendo relativizado e, ao inexistir pluralismo político na mídia, esta passou a reconquistar a credibilidade perdida, retomando a capacidade de influenciar o povo. O que ocorreu, então, foi a contaminação dos segmentos de baixa renda e em mobilidade social pelo discurso da velha mídia e pelas imagens e narrativa dos protestos do dia 12.

Este dado da pesquisa CNT/MDA é o mais relevante porque ele revela que a reversão da rejeição ao governo reside, por suposto, na economia e sua capacidade de reverter o pessimismo do povo.  É por isso a aposta no ajuste fiscal. Bem sucedido, ele pode resolver o impasse. E, respeitando os que pensam o contrário, ele não significou nenhum estelionato eleitoral. 

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Na campanha, a presidenta, em debates e no programa de TV, deixou claro que haveria ajuste, mas este seria gradual e que a desaceleração se deveu à crise internacional, sendo que a política econômica do governo, via investimentos das estatais, em infraestrutura, crédito subsidiado, entre outros, tratou, até o limite, de reduzir seus efeitos nocivos.  No ato de sanção do novo Código de Processo Civil, a presidenta deixou isso bem nítido: "A economia não reagiu. Ninguém pode negar que nós fizemos de tudo para a economia reagir. Podem falar o seguinte: 'então era melhor deixar quebrar'. Eu não acredito nisso".

Por outro lado, inexiste um novo discurso com signos de direita, a espremer a base política que reelegeu a presidenta. No Dia da Mulher, em cadeia nacional, Dilma disse: "o esforço fiscal não é um fim em si mesmo. É apenas a travessia para um tempo melhor, que vai chegar rápido e de forma ainda mais duradoura (...) não vamos trair nossos compromissos com os trabalhadores".

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 Em artigo recente (http://terezacruvinel.com/2015/03/20/ajuste-fiscal-poucos-sabem-que-falam/), a jornalista Tereza Cruvinel explicou os pontos mais polêmicos do ajuste: evitar que o erário banque golpes do baú e que trabalhadores e empregados acertem demissões falsas para que, em troca do seguro-desemprego, os primeiros aliviem o patrão dos encargos. 

 Com razão, a ex-comandante-em-chefe da EBC cobra: "Isso nem as centrais sindicais nem os partidos dizem. Nem os aliados nem os da oposição (...)Enquanto isso,  nas ruas, as pessoas continuam repetindo, sem saber o que estão dizendo”.

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O ajuste, porém, não se limita a estes dois aspectos. A presidenta determinou cortes no orçamento, mas com cada ministério definindo suas máximas prioridades a serem mantidas, analisando criteriosamente os seus programas à luz da eficácia do gasto público em prol da cidadania e, novamente, reafirmando que se trata de priorizar as políticas sociais e os investimentos em  infraestrutura, incentivando as concessões.

No que tange à articulação política, no Valor Econômico de 25/03, Rosângela Bittar escreveu que Dilma está entre dois tipos de conselheiros: os que recomendam fechar questão no ajuste, endurecendo com o PMDB e atenuando as medidas trabalhistas. E os que lhe mostram “como é fácil, simples e barato atender ao PMDB e tocar seu plano adiante, com mais eficácia”. Ao que parece, a presidenta escolheu o caminho do meio: atender ao PMDB endurecendo na pactuação do ajuste, sem, contudo, deixar de negociar. 

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Após a semi-crise política sobre as dívidas dos estados e municípios, a presidenta se reuniu com governadores do Nordeste e propôs um pacto: ajuste fiscal aprovado, demandas por mais investimentos encaminhadas. Agora, os governadores irão dialogar com suas bancadas no Congresso Nacional em torno disso.

Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha foram incluídos no núcleo político, um gesto para o PMDB não apenas ter cargos, mas influenciar na linha do governo. Um acordo foi firmado sobre a correção da tabela do Imposto de Renda. Mas, por outro lado, a presidenta vetou pontos em que discorda da alteração da lei eleitoral sobre a criação de novos partidos, pois, afinal, não aceita e nem quer passar a mensagem de que o governo está de joelhos à chantagem da mídia . 

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Na seara do diálogo e participação social, embora as últimas reuniões sobre as MPs entre governo e centrais sindicais terem terminado sem acordo, elas estão em curso, o que revela a opção de manter a mesa aberta e a conversa fluida, garantindo o compromisso de amplo diálogo do Discurso da Vitória. Além disso, o ministro Miguel Rossetto, em todas as oportunidades que tem na imprensa, deixa claro que o governo não abre mão da Reforma Política.

Os sinais emitidos pela presidenta tem sido de tentar criar condições para a implementação do programa vitorioso nas urnas. Inclusive, no simbólico que gera rumo, há ótimos deles: Jessé de Souza no IPEA, Janine Ribeiro no MEC, Edinho Silva na SECOM.

 A questão, então, é: quem vai marchar na travessia com o governo, com a paciência revolucionária e a insistência pedagógica necessárias? 

Para tornar as “bandeiras” do “impeachment” e “intervenção militar já” definitivamente obra de colírio alucinógeno, devemos opor “em defesa dos empregos, salários e do crescimento”. Nós governamos, nós pautamos.

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