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      Enio Verri

      Diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional

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      A quem ou a que recorrer?

      A receita para agradar o nosso senhor deus Mercado é passada para uma sociedade majoritariamente despolitizada, por uma imprensa interessada no butim do golpe. Os grandes veículos de comunicação escondem dos brasileiros as consequências das políticas liberalizantes dos anos 1990

      Temer (Foto: Enio Verri)

      Escolas de Economia têm diferentes teses de como tirar um país de uma crise econômica. Porém, antes do econômico vem a vontade política. O ministério de golpistas e entreguistas optou pela política liberalizante do consenso de Washington, que defende a redução ou mesmo a ausência do Estado. Essa política é conduzida pela elite mais mesquinha e truculenta das Américas. Condições minimamente dignas de trabalho foram suprimidas, a maior parte da população não se aposentará e as riquezas e empresas brasileiras estão sendo entregues aos interesses das nações centro de poder.

      A receita para agradar o nosso senhor deus Mercado é passada para uma sociedade majoritariamente despolitizada, por uma imprensa interessada no butim do golpe. Os grandes veículos de comunicação escondem dos brasileiros as consequências das políticas liberalizantes dos anos 1990. O resultado dessa receita o Brasil experimentou ao fim dos oito anos dos governos tucanos, quando centenas de pessoas morriam diariamente de fome, depois que parte do patrimônio brasileiro foi entre ao capital estrangeiro, a preço de nada.
      O notável ministro golpista da Fazenda, Henrique Meirelles, adota a mesma política liberalizante cujos benefícios são percebidos por 20% da população. O Brasil está sob um golpe de Estado, fruto de um consórcio entre parte dos poderes da República, da imprensa e da elite. Não há a quem recorrer, apenas a fazer contra os ataques à soberania do País, que comprometem a sua capacidade de desenvolvimento e afetarão a vida de 200 milhões de pessoas.

      Uma das maiores empresas de petróleo do mundo, a Petrobras, está sendo desmantelada, e sucateada para ser entregue aos interesses internacionais. O primeiro passo foi retirar da petroleira a condição de operadora exclusiva do pré-sal, a maior riqueza petrolífera brasileira. O bilhete premiado para o desenvolvimento do Brasil, do qual falou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, quando anunciava, para até 2012, R$ 65 bilhões em investimentos no pré-sal.

      A medida de Temer valeu uma visitinha do CEO da Shell, para assinar um acordo pelo qual a petroleira estatal da Noruega passou a ter o direito de explorar o pré-sal. Ainda em 2016, Temer e seu bando entregaram para norueguesa Statolil, o Campo Carcará, na Bacia de Santos, por R$ 2,5 bilhões, quando ele valia pelo menos R$ 20 bilhões. A Petrobras está se desfazendo de ferramentas estratégicas. Além de privatizar 90% da malha de transporte de gás, Temer abriu à petroleira Shell, por meio de um acordo de cooperação técnica, conhecimentos tecnológicos desenvolvidos ao longo de décadas, com os quais a Petrobras conquistou a condição de campeã mundial em prospecção e produção de petróleo em águas ultraprofundas. É o desenvolvimento tecnológico construído com o suor e o sangue dos brasileiros que está sendo aberto a outros países.

      O Sistema Eletrobras é outra ferramenta fundamental para a soberania do País, que está sendo entregue ao desenvolvimento de outras nações. A imprensa deletéria não explica que os interesses do povo brasileiro estarão submetidos aos interesses de empresas,
      privadas ou não, de outros países. O Brasil está dispensado de aplicar estratégias para o seu desenvolvimento como nação soberana e altiva. Regiões menos desenvolvidas sentirão mais as consequências da privatização, pois somente o Estado faz investimentos onde não há lucratividade imediata.

      O Banco do Brasil está passando por um processo de reestruturação, com vistas à privatização. A imprensa golpista não conta e nem explica para a população o que significa o processo ser conduzido por uma consultoria contratada, sem licitação, cujo um dos membros do seu Conselho de Administração é o então presidente da holding Itaú Unibanco e atual presidente do Conselho Diretor da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Pedro Moreira Salles.

      Essas e mais 34 empresas estratégicas para a autodeterminação do modelo de desenvolvimento pretendido por uma nação, sendo algumas vitais para a soberania, estão sendo entregues ao capital privado nacional e internacional, muitas vezes especulativo, com a anuência e participação dos Poderes e pleno apoio de uma imprensa elitista e desconectada, por opção, da realidade nacional. Se não há um Poder a quem reclamar, resta-nos agir.

      Nesse sentido, é urgente que os trabalhadores ocupem seus sindicatos, cobrem dos dirigentes reação à altura dos ataques dos donos dos meios de produção e afiancem apoio às ações deliberadas em defesa da classe trabalhadora. Assim devem fazer os estudantes, nos centros acadêmicos; os fieis, nas igrejas; os vizinhos, em suas ruas e bairros e as famílias. No combate ao golpe, uma de nossas piores inimigas é a imprensa que o apoia. Estamos atrasados na desobediência civil.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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