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Guilherme Coutinho

Jornalista, publicitário e especialista em Direito Público. Autor do blog Nitroglicerina Política

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A retórica apolítica que tenta criminalizar as esquerdas

Não importa o quanto as evidências apontem para os outros lados, as esquerdas são culpabilizadas por todas as mazelas da nação. O ódio é direcionado e tem alvo certo. A todos os outros, a redenção

Não importa o quanto as evidências apontem para os outros lados, as esquerdas são culpabilizadas por todas as mazelas da nação. O ódio é direcionado e tem alvo certo. A todos os outros, a redenção (Foto: Guilherme Coutinho)
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Nos últimos anos, a população brasileira se interessou como nunca pela política. No entanto, parte dessa população, historicamente pouco engajada, resolveu participar do debate sem se politizar. Muitas vezes munida com um conhecimento raso, baseada em uma mídia igualmente rasteira e tendenciosa, usa repetições sem sentido como munição de seu discurso. Não importa o quanto as evidências apontem para os outros lados, as esquerdas são culpabilizadas por todas as mazelas da nação. O ódio é direcionado e tem alvo certo. A todos os outros, a redenção.

O ódio, aliás, parece ter sido legitimado desde o golpe. Ele está travestido com muitos nomes, como, por exemplo, humor e opinião. Durante o processo de impeachment de Dilma, a misoginia estava liberada nas ruas e na internet. Os nomes dos quais ela foi chamada são impublicáveis. Mas as ofensas sempre eram direcionadas ao fato de ela ser mulher, colocando em dúvida sua orientação sexual, sua pretensa promiscuidade, sua sanidade mental e mesmo se uma mulher estaria apta para exercer o cargo de Presidente da República. O discurso parecia político, mas era de ódio. Era fascista e cruel.

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O humor também é utilizado para atacar mulheres e outras minorias. Apenas para citar um caso recente, temos a obscenidade sem limites de Danilo Gentili, respondendo uma comunicação oficial de uma deputada do PT. A resposta consistiu em rasgar o conteúdo, o colocar nas partes íntimas e devolver, cheio de ironia, à Parlamentar (tudo isso sem ler o conteúdo). Teria o "humorista" tido a mesma reação se a comunicação viesse de um deputado homem e de um partido de direita? Honestamente, creio que não. Não precisa falar que a presepada foi comemorada pela área conservadora da sociedade, que aproveitou para ofender ainda mais Maria do Rosário, nas redes sociais. Acabou a empatia. E sem empatia, sobrevive o ódio. E o ódio contra a esquerda é lícito e exaltado.

Os exemplos não param por aí. Para aquele que quer debater política sem se politizar, a corrupção foi toda causada por um único partido, os militantes de esquerda são defensores de bandidos, os manifestantes que não usam camisa da CBF são vândalos e quem exige democracia está promovendo uma guerra civil. Sob o ponto de vista do "neo politizado" a sociedade fica dividida em "cidadãos de bem" e "vagabundos e criminosos". Essa é a luta do bem contra o mal, no país do preconceito legalizado. E se você está do "lado do bem", você pode chamar a luta do oprimido de violência ou simplesmente de "mimimi". Afinal, você está munido do ódio. O ódio contra esses esquerdopatas.

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Criminalizar as esquerdas, representadas por seus políticos e militantes, interessa apenas aos maiores detentores de Capital e poder. Aos maiores grupos industriais, aos grandes empresários da comunicação e à ala conservadora da política no Congresso. A "caça aos comunistas" abrirá um vácuo no poder a ser ocupado por algo tenebroso. Extrema direita e bancada evangélica são candidatas. Mas quem debate política sem se politizar, não se preocupa com as consequências.

Foto: Lula Marques/PT

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