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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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A terceira via pode ter de apertar o 13 nas urnas

"Temendo sair novamente esmagada entre o mar e a montanha na refrega de 2022, a centro-direita pode querer aderir no segundo turno ao 'Lula lá'. Neste caso, a moça em questão vai ter de escolher entre uma síncope, ou apertar o treze", escreve a jornalista Denise Assis

(Foto: Stuckert)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Aquela moça que achava bonita a combinação da gravata preta com a camisa preta do ex-juiz Sergio Moro (com que prazer, escrevo hoje, ex-juiz…) e pulula em alguns veículos e nas redes sociais, tratou de pegar a vassoura, a pá de lixo e tirar logo de cena os cacos do seu “herói” de barro. Daqui não deu para ver, mas provavelmente estava ruborizada – ou deveria estar – por ter defendido o lado desmoralizado da história. Depois de limpar a área, tirando rapidamente de cena o que restou do “enxadrista”, ela agora defende que se construa rapidinho, no lugar do seu herói/candidato, uma nova opção, uma “terceira via”, pelo amor de Deus. Logicamente o apelo a Deus da última frase é meu, antevendo a aflição da jornalista, temerosa de ter que fazer a cobertura de mais um governo progressista.

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Nada de comentar sobre a decepção de ter feito “escada” para um governo autoritário, genocida, responsável por 300 mil mortes. Isto provocaria em sua testa uma ruga de preocupação e a aplicação de botox anda muito cara. Tampouco fazer declarações públicas sobre arrependimento. Isto o Reinaldo Azevedo já fez e em torno do seu nome se estabeleceu um momentâneo Fla X Flu. Ela certamente não aguentaria passar por isto, como já deu mostras no twitter, onde não teve muito fôlego para o debate sobre certas declarações classistas. Deixar transparecer que prefere a cafeteria do Hospital Sírio Libanês, à lanchonete simples de um hospital no interior do Nordeste já lhe rendeu amolação suficiente.

Talvez a moça não saiba, mas um candidato não se constrói num estalar de dedos. Há muito pouco tempo para contar para uma expressiva parcela da população, uma historinha de “laboratório”, que faça frente ao que há anos vem sendo construído pelo concorrente que ela não quer ver nem pintado. E a tal da “polarização” que ela ensaiou alguns artigos passados, derrete ante as evidências. Lula não é um radical de esquerda.

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Não, ninguém é ingênuo a ponto de achar que os 500 empresários/economistas que assinaram uma extensa carta desgostosos com  as atitudes (ou falta de) do atual governo, vá mergulhar já na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, para ter de sair por aí lembrando que Lula resgatou 36 milhões de pobres abaixo da linha da miséria absoluta. Tampouco estariam dispostos a divulgar panfletos alardeando que o índice de desemprego, hoje na casa dos quase 15%, quando o PT deixou o governo era de 4,3%.

Sobre a carta, quem teve a melhor definição foi o ex-ministro Delfim Neto. A uma rádio paulista ele declarou que era um texto muito longo, para dar um recado muito curto: “fora Bolsonaro”. Diga-se de passagem, nem isto foi dito de forma explícita. Primeiro, esperaram que a esquerda/classe média colocasse a ideologia acima da preservação de vidas e fosse para a rua gritar por eles. Vendo que isto não aconteceria e que o “ambiente econômico” onde trafegam, derrete a olhos vistos, escolheram a carta como um meio “asséptico” de protesto. Antes isto do que nada. Houve quem dissesse que estavam preocupados com o perigo de faltar leitos para eles até nos hospitais privados. Qual o quê. Essa turma tem meios para montar uma UTI doméstica. E foi em defesa desse capital que vieram a público externar indignação.

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A tal “terceira via” almejada pela moça está por nascer. E, como sabemos, a pressa é inimiga da perfeição.  O monstrengo a ser criado na proveta da direita insatisfeita, tem apenas um ano para ficar pronto. E, ao final,  pode apresentar os ínfimos 4% de Geraldo Alckmin, ou o constrangedor 1% de Marina, em 2018, como resultado.

Hoje mais um grupo se rebelou. Um bloco de parlamentares veio a público falar das suas preocupações com a pandemia. Dos que assinam o “manifesto”, apenas três apoiam o ex-presidente Lula. Os demais são dissidentes da turma do Arthur Lira, o presidente da Câmara, eleito por ter levado a parcela de deputados centristas para o lado de Bolsonaro.

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Enquanto a moça pede em orações a “criação” de um candidato que dê conta de afastar de Lula os insatisfeitos, e lhe conceda a tal “terceira via”, é possível que as correntes marinhas se movam em outra direção.

Há um tsunami se formando rumo ao palácio do Planalto. A máscara imóvel e de olhar vago de Bolsonaro, ontem, ao falar à nação, deu bem a dimensão do seu pânico. Em contrapartida, Sergio Moro submergiu na parcialidade apontada por um Supremo Tribunal Federal que recuperou a sim mesmo e jogou no lixo o tuíte do general Villas Boas.  Temendo sair novamente esmagada entre o mar e a montanha na refrega de 2022, a centro-direita pode querer aderir no segundo turno ao “Lula lá”. Neste caso, a moça em questão vai ter de escolher entre uma síncope, ou apertar o treze.

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