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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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A tragédia que vivemos hoje no Amazonas foi anunciada, mas o governo não quis ouvir!

Culpar a população, além de ser fácil e simplificador, ignora e retira a responsabilidade e responsabilização do atual governo estadual (e também federal)

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Muitas pessoas dizem principalmente nas redes sociais que a população amazonense está se portando de forma equivocada, que não entendeu a gravidade da crise sanitária que a assola, que não se protege do novo coronavírus e que, em última instância, é a responsável direta pelo grande número de infectados, pelo eminente colapso do sistema de saúde e pelas vidas ceifadas pelo vírus. 

É muito fácil culpar a população amazonense pela atual situação complicada em que ela se encontra. Culpando-a, você retira a responsabilidade do governo federal e estadual, ambos que justamente possuem, e não a população, os instrumentos e as ferramentas necessárias (decretos, fiscalizações, responsabilizações e até campanhas de sensibilização/conscientização) para implementar/programar de forma efetiva o distanciamento social, o uso de máscaras e até mesmo o lockdowm. Culpar a população amazonense é retirar dos governos que aí estão as suas responsabilidades.

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Por outro lado, ignoram-se também os exemplos dados por esses governos, sobretudo o governo federal que tratou a pandemia com desdém (contrário ao isolamento social, ao uso de máscaras, etc.), cuja imagem registrada, e também emblemática, é a do presidente Jair Bolsonaro causando aglomerações e não usando máscara. Nesse sentido, qual o recado que ele vem passando para a população em geral? Aliás, ele verbaliza constantemente que a melhor vacina para a sociedade brasileira é o contato com o vírus. E se há hoje o infeliz e chocante número de 200 mil mortos, “e daí”? Há esse estímulo persistente do governo federal e de seus apoiadores em desconsiderar os cuidados necessários que a população deve ter no enfrentamento ao vírus. Diria mesmo que existe uma propaganda ao contrário, de normalidade e contato direto com o vírus.

No caso do Amazonas, tanto na primeira onda, mas especialmente nesta segunda onda que estamos vivenciando, de cor roxa – a cor da morte –, infectologistas e profissionais da área de saúde alertaram para a gravidade que poderia surgir com uma segunda onda na região. Um desses profissionais foi um pesquisador da Fiocruz chamado Jessem Orellana, que em fins de setembro e início de outubro de 2020 sugeriu um lockdowm para conter a circulação do vírus. Não foi ouvido pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, que, na ocasião, negou a segunda onda. Esse negacionismo será que tem haver com o apoio dado pelo governador a Jair Bolsonaro?

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De qualquer forma, entre vacilações e idas e vindas do governo do Amazonas no combate ao vírus mortal, foi necessário o judiciário local mandar fechar, através de determinação judicial, as atividades não essenciais no estado. Em virtude de tudo isso, estamos vendo hoje pessoas próximas e queridas partindo, e cenas tristes de pessoas sendo amontoadas em leitos nos corredores das unidades de saúde do estado e, até mesmo, sendo atendidas e acomodadas no chão destas unidades. Já há, pelo menos, quatro centenas de pessoas na fila para a UTI e leitos clínicos. É triste demais tudo isso! 

Essa tragédia que vivemos hoje no Amazonas foi anunciada, mas o governo não quis ouvir!

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Culpar a população, além de ser fácil e simplificador, ignora e retira a responsabilidade e responsabilização do atual governo estadual (e também federal).  

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