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Giselle Mathias

Advogada em Brasília, integra a ABJD/DF e a RENAP – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares e #partidA/DF

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A vacina e o capital

Essa pandemia deveria servir para que os trabalhadores voltassem, em alguma medida, a se reconhecerem como a força produtiva, como o verdadeiro produtor do capital

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No dia 12 de abril de 2020 escrevi um artigo chamado “Humanos ou parafusos? O dilema posto pelo Coronavírus”. Naquele momento, não tínhamos a vacina, mas a preservação da saúde dos trabalhadores já estava posta.

Os donos do capital naquele momento questionavam a tentativa de se fazer o lockdown e fechar totalmente para impedir o avanço da doença no país, muitos reagiram violentamente com manifestações absurdas e formas de burlar a legislação imposta para a proteção da saúde da população e evitar mortes.

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Claro que não se pode esquecer a atuação visivelmente irresponsável e criminosa do atual Presidente da República, forçando as pessoas a saírem e não cumprirem as regras para evitar o avanço da pandemia.

Naquele momento a irracionalidade dos donos do capital, a visão escravocrata dominante no país e a inconsequência do Executivo da União impediram a realização do lockdown, e o que se teve foi um isolamento social parcial, mas que obviamente surtiu algum resultado e evitou muitas mortes de cidadãos brasileiros.

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A política inconsequente, perversa e genocida do Governo Central fez com que o país tenha tido um dos piores resultados econômicos no mundo, ou seja a ideia de imunidade de rebanho mostrou-se ineficaz, a OCDE publicou relatório em setembro de 2020 demonstrando como o PIB brasileiro foi um dos piores do mundo na crise da pandemia, e na última análise em dezembro a mesma organização previu uma queda de 5,0%.

No final do ano de 2020 novas cepas do coronavírus surgiram no mundo, e mais uma vez o número de contaminados, de internações e mortes aumentou assustadoramente no Brasil e no mundo.

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Com a chegada das vacinas os países iniciaram suas campanhas de vacinação, enquanto no Brasil o Governo Federal permaneceu na sua necropolítica e fez todos os esforços para retardar o início da vacinação, bem como permaneceu vendendo a absurda ideia de um tratamento preventivo, o qual nunca existiu.

Diante das dificuldades criadas para a vacinação em massa no país, a possibilidade da população economicamente ativa ser rapidamente vacinada tornou-se remota.

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Assim, empresários se reuniram para comprarem de um laboratório vacinas contra o Coronavírus para imunizarem seus funcionários, em descumprimento a priorização para a vacinação no país, conforme recentemente anunciado na imprensa. 

A iniciativa não tem um cunho empático ou de preocupação com seus funcionários, mas apenas a redução dos prejuízos que tiveram e que provavelmente terão, visto que o aumento da contaminação aumentará o custo do trabalhador em razão de licenças médicas, afastamento por luto, e na situação mais grave a morte.

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Apesar da iniciativa não ter se concretizado, pois o laboratório recusou a venda de vacinas nos moldes propostos, é interessante observar o que há nessa tentativa do capital em preservar a si e não aos trabalhadores, mesmo que a vacina seja um mecanismo de proteção individual e da vida de cada funcionário.

Essa situação evidencia toda a construção do capitalismo, e como ainda hoje o trabalhador é visto apenas como um escravo, como mais uma engrenagem, objeto a ser descartado quando não é mais necessário, ou protegido quando o custo para o capital é maior do que seu descarte.

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Essa pandemia deveria servir para que os trabalhadores voltassem, em alguma medida, a se reconhecerem como a força produtiva, como o verdadeiro produtor do capital, e questionar o absurdo acúmulo de capital proposto por essa versão neoliberal, que o torna cada vez mais submisso, com menos garantias e direitos, tornando-o a cada dia mais escravizado para manter um mínimo de subsistência.

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