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A voz calada de Lula

Em Curitiba, a emoção era grande por ver muitas pessoas vestidas com camiseta referindo-se à Lula. Meu coração estava apertado na mistura de alegria, revolta e tristeza

A voz calada de Lula
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Desde que o ex-presidente Lula (Luiz Inácio Lula da Silva) foi preso, quis ir a Curitiba, no estado do Paraná, mas por uma questão de logística não sabia como.

No dia 03 de março de 2019, participei do programa Giro das Onze, do jornalista Mauro Lopes na TV 247. Por meio deste programa fiquei conhecendo um casal muito simpático, Vânia e Adilson. No dia 16 de março de 2019, houve o lançamento da campanha Lula Livre no sindicato dos metroviários em São Paulo. Para minha surpresa e felicidade, o casal veio do interior do estado, especialmente para me conhecer. A partir de então não deixamos de nos falar mais.

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Em 30 de março, participei de uma reunião do PT aqui em Santos e quem me deu uma carona foi o generoso Dinailton, como sempre.

No caminho, ele me perguntou se eu já tinha ido a Curitiba. Respondi que não, por pura falta de oportunidade. Contou-me que foi algumas vezes lá e que se hospedou no acampamento Lula Livre, mas que desta vez não seria possível, porque muitas caravanas do Brasil inteiro iriam a Curitiba para se juntar à resistência contra a prisão injusta e arbitrária do nosso querido ex-presidente Lula, e não teria lugar no acampamento. Acertamos nossa ida e convidamos Vânia e Adilson para ir conosco a Curitiba. E não é que deu certo?

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Combinamos que iríamos no dia 06 e voltaríamos no dia 07 de abril. Lúcia, minha esposa, não pode ir porque estaria em semana de provas na escola.

Montei um grupo no Whatsapp chamado Rumo a Curitiba e apesar de eu ter uma boa habilidade na internet, nunca procurei hotel ou fiz reserva. Vânia se prontificou em fazer essa procura.

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Enquanto isso, conversei com alguns amigos com deficiência que pudessem indicar algum hotel com acessibilidade. Até achamos, mas os hotéis "perfeitos" nesse quesito eram muito caros. E, então Vânia encontrou um Hostel com preço justo e portas largas e sem escadas.

Quase não dormi de ansiedade, na véspera da viagem. Saímos de Santos por volta de 9 horas (Dinailton, sua esposa Taininha e eu). Fomos até o Jabaquara, em São Paulo nos encontrarmos com Vânia e Adilson; e seguimos rumo a Curitiba. A viagem foi tranquila, pois minha cadeira é reclinável e bem confortável em viagem de longas distâncias.

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Quando chegamos próximo ao acampamento, avistei o ex-senador Lindbergh Farias (veja o video até o fim) dando uma entrevista. Pedi para o Dinailton parar o carro e fui lá dar um abraço nele. Essa foi a segunda vez que o encontrei. A primeira vez foi no lançamento da campanha Lula Livre no dia 16 de março de 2019, em São Paulo. Ele parou a entrevista ao vivo pelo portal Jornalistas Livres, deu-me um caloroso abraço e, em seguida uma amiga me ligou de São Paulo, dizendo que assistiu. Na época do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, Lindbergh foi um parlamentar com atuação imbatível. E por isso tornei-me seu fã.

Próximo da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba onde o Lula está preso, existe um local chamado Espaço Marielle Franco. Situa-se num terreno muito comprido, e no fundo existe um barracão onde as pessoas tocam violão e cantam o tempo todo. Ao mesmo tempo que é alegre dá um nó no peito em constatar que todas aquelas pessoas que ali estão, encontram-se pelo mesmo motivo: unir-se em solidariedade e resistência à prisão do nosso querido ex-presidente Lula.

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Meu cunhado e amigo querido Samuel de Souza brinca comigo dizendo que sou uma celebridade da esquerda. Neste dia, senti-me assim porque várias pessoas me reconheceram em virtude do programa do Mauro Lopes e quiseram tirar fotografias comigo. Uma dessas pessoas foi a Ana Lúcia de Porto Alegre que se define como: Sou apenas uma militante por um mundo melhor.

Além disso, a emoção ali era grande por ver muitas pessoas vestidas com camiseta referindo-se à Lula. Meu coração estava apertado na mistura de alegria, revolta e tristeza. Alegria por estarem todos ali compartilhando o mesmo sentimento: tristeza e emoção por Lula estar preso injustamente. Em todo momento vinha uma pergunta e uma imagem na minha cabeça: que líder mundial seria capaz de aglutinar tantas pessoas em torno de si?

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Perto dali, foi montado um pequeno palco num outro terreno em frente à Superintendência da Polícia Federal, com um sistema de som onde são falados os ja históricos "Bom dia, Boa tarde e boa noite, Presidente Lula". Num espaço mais recuado existe uma tenda coberta onde estacionei minha cadeira. O som era bom, mas não conseguia ver nada, porque as pessoas estavam em pé na minha frente; ao fundo avistava-se um imponente e frio prédio onde estava escrito: Polícia Federal.

Após o Boa noite, presidente Lula, fomos para o Hostel e chovia muito. Já era noite, e os vidros do carro ficaram embaçados. Curitiba lembrou-me São Paulo, apesar de não estar enxergando quase nada.

Eu nunca tinha ficado num Hostel, e esta foi uma experiência muito interessante! A casa é antiga, grande e bem aconchegante. Na parte da frente da casa, a garagem foi transformada em um bar, e lá alguns jovens faziam festa, e tinham acabado de tocar ao-vivo. Conversei um pouco com um deles, e descobrimos amigos em comum, inclusive um violonista de Curitiba chamado João Romano Nunes conhecido como Cabelo, já falecido. Cheguei a produzi-lo na década de 90 em São Paulo. Estávamos exaustos, pedimos pizza e fomos dormir. Fui colocado na cama pelo Adilson e Dinailton, no braço, porque não tinha guincho.

No dia seguinte, no caminho para a Vigília Lula Livre, tive de novo a sensação de estar em São Paulo, porém uma cidade mais limpa e moderna. Como já era dia 07, domingo – o dia que completou um ano da prisão injusta de Lula –, as ruas no entorno estavam cheias, e tivemos que parar o carro mais longe. Durante o trajeto via-se muitas pessoas com bandeiras e camisetas e a sensação era como se fosse dia de eleição.

Ao descer do carro tive que atravessar uma avenida larga que dava acesso à Polícia Federal, com bastante trânsito e os carros estavam bem devagar. Quando acontece essa situação, tenho o hábito de andar no meio dos carros e como o Adilson e a Vânia não sabiam disso, o Adilson saiu correndo atrás de mim, apavorado, e eu disse para ele ficar tranquilo, pois estava acostumado. Neste momento, a Lúcia me ligou, mas acabei nem atendendo o celular.

A rua que dá acesso à Polícia Federal estava fechada, com um contigente enorme e ostensivo da Polícia Militar, a segurança reforçada, e as pessoas sendo revistadas.

A quantidade de gente era bem maior que a do dia anterior. Conseguimos ficar no mesmo local onde já havia ficado antes, porém eu não sabia que o acesso estava fechado e a passagem liberada apenas para as pessoas que iriam discursar.

No caminho para o palco a Deputada Benedita da Silva deu-me um caloroso abraço. Eu não a conhecia pessoalmente e estava sem os meus cartões de visitas para dar um a ela. Junto dela, estava também a querida Selma Rocha que trabalha na Fundação Perseu Abramo, mas não a reconheci. Foi ela que me disse: Sacha, sou a Selma Rocha. Ela, também, deu-me um abraço e disse que estava feliz com a minha presença.

Como o acesso estava restrito, fiquei sozinho bastante tempo. Quando o Adilson chegou foi barrado na entrada e só conseguiu ser liberado porque disse que estava comigo. Vânia também foi barrada e argumentou que eu precisava tomar remédio e só assim foi liberada. Dinailton e Taninha ficaram do lado de fora.

Passado algum tempo, e cansado de ficar parado, dirigi-me para perto do palco, porém havia uma cerca de metal e com ajuda consegui chegar até uma entrada onde as pessoas que discursariam passariam por lá. A organização pediu para que saísse e argumentei que enquanto não desse um abraço no Haddad não sairia. Então, a organização o chamou que veio me deu abraçou-me e saí. O Adilson ficou do lado de fora desta cerca e onde ele estava também o espaço era restrito, porém eu estava mais perto do palco ainda. Depois que abracei o Haddad fui para o lado de fora das duas cercas onde estava o povo.

Lá fora, quando olhei para o lado, apenas o Adilson estava perto de mim. Perguntei a ele sobre a Vânia e ele respondeu-me que tinha ficado "presa" lá dentro. Disse, ainda que não entraria mais e queria ficar rodando. No caminho, encontramos um homem de Joinville também cadeirante, paramos e ficamos conversando.

Exatamente neste momento, chegou minha ex-professora Leda por trás de mim e abraçou-me carinhosamente. Foi muito emocionante!

Eu havia feito uma camiseta com duas fotografias minhas com o amado Lula. Uma foi feita em 1994 e a outra, mais atual, em 2017. Fiz uma montagem no computador com as duas fotos e escrevi: Eleição sem Lula é fraude. Lula Livre. As fotos não foram estampadas direto na camiseta. É um quadro com as fotos que foi grudado na camiseta. Contudo não foi bem colado e estava descolando. E passada a emoção do reencontro, perguntei à Leda se ela aceitava um presente meu. Ela me respondeu: Claro que sim. Terminei de arrancar a foto e dei de presente a ela.

Em seguida, passou o deputado Zeca Dirceu que chamou o ministro Paulo Guedes de "tchutchuca" e isto deu polêmica na Câmara dos Deputados na semana passada. Contei a ele que sou amigo de seu pai José Dirceu e que estou lendo a biografia dele e adorando.

Dinailton é professor, mas atualmente faz parte da direção do sindicato em São Bernardo do Campo, e em virtude disso ele conhece todo mundo. É muito bom estar ao lado dele, pois vai me apresentando as pessoas. E pelo fato dele conhecer muita gente, é parado o tempo todo. O Dinailton ainda não estava com a gente neste momento, porque quando estávamos "presos" perto do palco, ele ficou andando e conversando com as pessoas e quando saímos no meio do povão, trocamos mensagens para ele saber onde estávamos. Quando chegou até nós, fiquei andando com ele, e encontramos mais outras pessoas como, por exemplo, o deputado Vicentinho que já me conhecia de alguns anos atrás, e achei que ele não fosse lembrar de mim, mas para a minha surpresa ele se lembrou. Junto com ele estava também sua assessora Adriana que fiquei conhecendo no lançamento da campanha Lula Livre, no sindicado dos metroviários em São Paulo.

Encontrei ainda o deputado federal Paulo Pimenta que também não conhecia pessoalmente e na época do Impeachment da Dilma tornei-me fã dele também. Ele é um dos responsáveis por eu me filiar ao PT novamente.

Estava andando e uma pessoa me chamou, e era Lurian Cordeiro Lula da Silva filha do Lula, dizendo que seu pai, ex-presidente Lula (Luis Inácio Lula da Silva) viu-me no programa Giro das Onze com Mauro Lopes, e em São Paulo no dia do lançamento da campanha Lula Livre. Eu tinha pedido a ela para ver a possibilidade de visitar o Lula na carceragem em Curitiba. Quando Lula soube que eu queria visita-lo disse que não seria possível, porque lá tem escada, e fica difícil de eu ir. E assim que ele sair da prisão vamos marcar um encontro. Fiquei emocionado com a generosidade dele.

Comprei mais uma camiseta da campanha Lula Livre, um pote de mel, um chapéu, um café e uma cachaça na barraca do MST para a Lúcia.
Em seguida fomos à casa de uma pessoa nas redondezas da Polícia Federal de uns amigos do Dinailton para fazer um churrasco, e a dona da casa contou-me que os apoiadores de Bolsonaro que moram perto da Polícia Federal jogam água nos apoiadores de Lula, e que alguns vizinhos já têm processos.

Por volta das 15h00 saímos de Curitiba rumo a São Paulo.

A estrada estava tranquila, mas quando chegamos em São Paulo tinha havido um acidente na Rodovia Régis Bittencourt, e ficamos parados por mais de uma hora.

Depois de chegar em casa, tomei banho, conversei um pouco com Lúcia e fui dormir.

Publicado no Blog de Sacha Band

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