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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Ácido crítico da esquerda e o terror da direita

Rui Costa Pimenta (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
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Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, marxista, trotskista, leninista, faz ataque terrível à esquerda; ela, segundo ele, abandona marxismo para se render ao imperialismo; Marx dedicou sua vida a analisar e conceituar o modo de produção burguês e a consequente mercantilização da vida pela lógica da mercadoria que, no processo de sua fabricação, transforma o ser humano em objeto, enquanto o enterra como sujeito; nesse sentido, vira ser alienado, descolado da realidade, para viver no abstrato, no exterior da realidade, sem poder determina-la; a esquerda, no cenário da globalização e da financeirização econômica global, no rumo da alienação, da abstração, acaba renunciando à analise do real concreto, expresso na produção de mercadoria, sujeita à lógica do lucro, e busca sucedâneos abstratos, ancorando-se no identitarismo; este, segundo Rui, é, hoje, amplamente, financiado pelo imperialismo para, claro, esconder a crítica marxista ao capitalismo;  perde, por isso, capacidade de crítica, com as armas do materialismo dialético, suprema base de apoio do marxismo; sem rumo, manipulada por Washington, a esquerda abraça o acessório(identitarismo) e deixa de lado o principal(crítica da economia política), com a qual Marx e Engels desmontam o ponto de vista do capital, cuja função essencial é a exploração do trabalhador; a rendição ao identitarismo, variante subjetiva(e idealista) do racismo, desvia a esquerda da sua função histórica; joga-a no equívoco da construção de um mecanicismo político acrítico, cujo interesse maior é o individualismo egoísta, tal como o desenvolvido pelo espírito burguês prático, cinico, incapaz de vender a esperança como construção coletiva revolucionária, ancorada, conforme consciência hegeliana, no concreto em movimento de negação dialética; a esquerda cai na visão ideológica estática, escanteando, propositalmente, o fato de que tudo muda, só não muda a lei do movimento segundo a qual tudo muda, como diz Hegel em Princípios da Filosofia do Direito. Carregado de espírito crítico corrosivo, que vende com a paciência de um monge isolado, que não teme incomodar e inquietar os estáticos  e acomodados, que com ele se irritam e se desesperam, Rui virou, sem dúvida, pedra no sapato da esquerda; por abandonar Marx, ela perdeu o seu norte, sobretudo, a capacidade de vender a utopia de uma sociedade  socialista, visto que se aburguesou, ao se transformar em mercadoria desvalorizada, ideologicamente, acrítica; seu radicalismo ético e ideológico, cultivado em Marx, Lenin, Trotski, todos filhos de Hegel, o elege entre o mais amado e odiado dos críticos, à direita e à esquerda, nas aparições semanais promovidas pelo diretor da TV 247, Leonardo Attuch, atacado pelos que acham que ele não teria direito de insistir em por no ar personagem tão incômodo; por conta disso, cresce, como fator de avaliação crítica, o PCO, alvo de considerações de diferentes pontos de vista conflitantes; os adversários tentam, inclusive, vendê-lo como agente secreto da corrupção, mas quanto mais o detratam, mais o promovem, invariavelmente, por falta de argumentos sólidos. Mas, como diz o ditado, quem desdenha quer comprar, só o fazem crescer, no cenário político nacional, por ter coragem e profundo conhecimento de submeter ao crivo do materialismo marxista a realidade política brasileira, marcada pela desigualdade social mais absurda, num dos países mais ricos do mundo, infelizmente, comandado por uma elite das mais brutais e corruptas do planeta, à qual a esquerda se acomoda, buscando espertamente com ela conviver, baseada na lei da correlação de forças. Acossada nesse cenário, a esquerda, especialmente, na América Latina, ideologicamente fragilizada, com medo de ousar, acaba se subordinando aos hibridismos das composições e concessões  espúrias; entrega-se à realpolitik articulada não por ela mas pela direita que a utiliza para governar, pois, afinal, com neoliberalismo, perde capacidade de ganhar eleição no ambiente democrático. Chegaria ao ponto de se identificando cada vez mais com a direita a esquerda acabar um dia julgando inconveniente a própria democracia?

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