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Lindbergh Farias

Senador pelo PT do Rio de Janeiro

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Agenda dos brasileiros contra "Agenda Brasil” dos neoliberais

Todo mundo sabe que o Brasil passa por uma crise econômica muito grave e já existem sinais de uma crise social. No entanto, a agenda posta para debate no plenário do Senado não resolve nenhum dos problemas que afligem o povo brasileiro

Todo mundo sabe que o Brasil passa por uma crise econômica muito grave e já existem sinais de uma crise social. No entanto, a agenda posta para debate no plenário do Senado não resolve nenhum dos problemas que afligem o povo brasileiro (Foto: Lindbergh Farias)
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Vivemos dias agitados e decisivos, como se o cotidiano tivesse sido suspenso por uma reiterada sequência de acontecimentos extraordinários. Se Hegel disse um dia que para entender a história é preciso ler os jornais diários como se fossem pães quentes, a tradução da mensagem do filósofo significa que precisamos pensar em movimento.

Na voragem de acontecimentos desse Brasil em transe, de crises econômica e política, não podemos nos dar ao luxo de uma pausa para a reflexão, mas pensar no exato tempo de agir. São dias em que o espanto não pode virar perplexidade e de pouco vale uma ação desprovida de pensamento.

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Tenho conversado com muitas pessoas espantadas, que me fazem perguntas como se tivessem mal percebido que entraram em um pesadelo. É sério que vão acabar com o regime de exploração do pré-sal? A votação de autonomia do Banco Central é pra já? Como pode a Embrapa virar sociedade anônima? A Caixa Econômica poderá cobrar uma taxa de serviço do programa Bolsa-Família, virando um banco puramente comercial?

Para encurtar o assunto, me apresentam a síntese de todas as perguntas: como é possível tudo isso ao mesmo tempo e de uma vez só?

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O fato é que, enquanto a maioria da imprensa se ocupava de barcos de alumínio e pedalinhos - factoides a pretexto de desconstrução da imagem do Lula -, à meia luz, como cabe aos bons conspiradores, vinha sendo urdida no Senado, pelas mãos do presidente Renan Calheiros e o pensamento dos formuladores do PSDB, a pesadíssima pauta bomba da "Agenda Brasil".

Não é brincadeira. Caso os projetos dessa pauta sejam aprovados, as modificações configurarão outro Estado brasileiro, menos desenvolvimentista e mais neoliberal, menos democrático e mais privatizado, menos do público e mais do capital. Tudo o que foi construído por gerações de brasileiros, no nosso complexo processo histórico de 1930 para cá, de uma hora para outra se vê em xeque.

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Do ponto de vista didático, são três os pilares da "Agenda Brasil". O primeiro pilar cinge-se à estrutura do Estado, composto da Lei de Responsabilidade das Estatais, do projeto de Independência do Banco Central e da proposta de estabelecimento de um limite para o endividamento público.

São projetos complexos de muitas nuances técnicas, difíceis de elucidar em texto curto. O essencial é que, caso esses três projetos sejam aprovados, o povo escolherá o presidente, mas não definirá o programa, porque o governo estará amarrado e não disporá de instrumentos de política econômica desenvolvimentista (estatais e BNDES), anticíclica (gasto público) e monetária (Banco Central).

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O segundo pilar, de fácil compreensão, pois ainda é viva na memória a campanha do "Petróleo é Nosso", é a entrega das nossas riquezas naturais para o capital estrangeiro, com o projeto que tira a condição da Petrobras de operadora única do pré-sal, bem como a flexibilização do processo de licenciamento ambiental e do marco da mineração. As consequências da irresponsabilidade da mineradora Samarco/Vale do Rio Doce em Mariana são um trágico exemplo. Petróleo, minérios, terra e água, recursos que poderiam estar a serviço do desenvolvimento, ficarão à mercê do grande capital internacional.

O terceiro pilar é a retirada de direitos dos trabalhadores, com a aprovação do projeto da terceirização, a restrição do conceito de trabalho escravo e a Reforma da Previdência, infelizmente patrocinada pelo governo federal. Essa fórmula é simples: diminuir o preço da força de trabalho para preservar os lucros dos grandes empresários.

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Esses projetos da "Agenda Brasil" tramitam em ritmo acelerado e muitos deles estão prontos para serem votados no plenário a qualquer momento. Essa plataforma é, para sermos claros, a plataforma neoliberal para amenizar a crise do grande capital em um cenário de recessão.

Em contraponto à agenda neoliberal, apresentamos ao presidente Renan Calheiros, em conjunto com um grupo de senadores progressistas de diversos partidos, uma plataforma de oito projetos, que apontam para a retomada do crescimento, com a manutenção dos direitos e das conquistas sociais.

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O primeiro eixo de nossa agenda alternativa mexe com a questão tributária, propondo a transição da estrutura regressiva de nossos tributos para a adoção de um novo modelo de tributação progressiva. O objetivo é taxar o "andar de cima" para preservar o "andar de baixo". Propomos a taxação de lucros e dividendos, de grandes fortunas, de juros sobre capital próprio, a ampliação do IPVA para grandes embarcações e jatinhos e a criminalização da sonegação de impostos.

O segundo eixo, fundamental, é a proteção do emprego e a retomada do crescimento. Com a recessão, a cada mês, os indicadores demonstram o aumento do desemprego. O governo e o Parlamento não podem ficar inertes, assistindo a uma tragédia se desenrolar com cara de paisagem. Os grandes empresários, que ganharam muito dinheiro nos últimos anos, não podem jogar a crise nas costas do trabalhador.

Uma das propostas que retomamos na plataforma é a redução da jornada de trabalho, que cairia a cada ano progressivamente até chegar a 40 horas semanais. Outro item do eixo do trabalho proíbe a demissão imotivada, garantindo o cumprimento da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil.

A terceira proposta desse eixo confere um duplo mandato ao Banco Central, assim como nos Estados Unidos, que terá como atribuições a defesa do emprego e do crescimento, além do controle da inflação. O BC não pode ignorar o aumento do desemprego e a recessão e aumentar de forma indiscriminada a taxa Selic.

A construção dessa agenda articula senadores progressistas de diversos partidos, preocupados com a escalada neoliberal no Senado e que pretendem apresentar propostas concretas para o país superar o quadro econômico, sem retrocessos.

Todo mundo sabe que o Brasil passa por uma crise econômica muito grave e já existem sinais de uma crise social. No entanto, a agenda posta para debate no plenário do Senado não resolve nenhum dos problemas que afligem o povo brasileiro.

A nossa plataforma aponta para um rumo diferente. Defendemos a proteção do emprego e a centralidade no crescimento econômico, a taxação dos mais ricos e a diminuição da taxa de juros, de modo a preservar os direitos dos trabalhadores e manter conquistas sociais dos últimos 13 anos. Essa é a verdadeira agenda dos brasileiros, um contraponto à "Agenda Brasil" dos neoliberais.

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