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José Álvaro de Lima Cardoso

Economista

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Alcance do Plano Biden e a dura realidade dos países subdesenvolvidos

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 No dia 31 de março, o governo dos EUA anunciou um ambicioso pacote de investimentos em infraestrutura no valor de US$ 2,3 trilhões. A medida visa reverter a grave crise em que se encontra a maior economia do mundo, já há bastante tempo. Os investimentos previstos vão desde obras em rodovias, até assistência a famílias, e ao desenvolvimento de novas tecnologias. O pacote de Joe Biden é o terceiro aprovado pelo país desde o início da pandemia. Ao todo, a partir do início da doença, já foram investidos US$ 5 trilhões em programas de ajuda econômica, equivalente a cerca de 25% do PIB americano.  

 Em janeiro, logo após assumir, Biden conseguiu aprovar no Congresso o seu programa de US$ 1,9 trilhão, defendendo que ele é fundamental para a recuperação da economia. O plano atual, anunciado em 31 de março, tem três grandes eixos: intensificar o enfrentamento da pandemia; ajudar diretamente as famílias afetadas pela crise; e amparar empresas e locais mais impactados pela crise. O plano foi apresentado como o mais importante pacote econômico do governo dos EUA, desde a década de 1940 e o mais significativo para a geração de empregos desde a Segunda Guerra Mundial.  

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 O plano é composto do “Plano Americano de Empregos” e do “Plano Americano para as Famílias”. No anúncio de final de março, só foi comunicado o conteúdo referente à primeira parte, a estratégia para a geração de empregos. O plano para as famílias, que deverá ser apresentado no final de abril, deverá focar temas como cuidados infantis, saúde e educação. Estimasse que custará cerca de US$ 1 trilhão.  

 O pacote prevê ajuda direta às famílias, num total de US$ 400 bilhões, entregues a milhões de americanos. Não é empréstimo, é uma ajuda para tirar as pessoas da situação de pobreza extrema. Detalhe: esses cheques que serão enviados agora, complementam outros de US$ 600 enviados no último plano de US$ 900 bilhões, que foi adotado em dezembro. Este por sua vez, veio depois do plano de 2,2 trilhões de meados de 2020. Este conjunto de ações do governo norte-americano para socorrer a população e a economia é muito impressionante e revela o nível da crise que atravessa a economia norte-americana.  

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 Enquanto isso, no Brasil, o mais incompetente e subserviente governo da história do país, só fala em “privatizar tudo”. Como se sabe, o processo de privatizações, especialmente o realizado num momento como este, de grave crise econômica e crise sanitária é, antes de tudo a possibilidade de as empresas comprarem barato, ativos estratégicos, extremamente eficientes e rentáveis como Banco do Brasil, Correios, refinarias e outros. “Fazer dinheiro” é o objetivo central desses processos de privatização, especialmente em países subdesenvolvidos e governados por golpistas. Por isso, esses processos têm que ser enrustidos, sem transparência. Para justificar a entrega de ativos públicos fundamentais para a população, ao capital, os governantes têm que mentir descaradamente.  

 Dentre as várias mentiras que se conta, uma delas é de que a privatização pode resolver o problema fiscal do governo. Mas não há saída para o problema fiscal no Brasil, se não se resolve o problema da dívida pública. O governo arrecadou com privatizações no ano passado, menos de R$ 100 bilhões, torrando ativos fundamentais para a população brasileira. Mas só os gastos com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública chegaram a espantosa cifra de R$ 1.381 trilhão, tendo aumentado R$ 344 bilhões no ano passado, em relação à 2019.  

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 A privatização de certas áreas não interessa ao empresariado nacional. Por exemplo, se depender do governo a Eletrobrás será privatizada rapidamente. Se o capital privado assume 100% da distribuição de energia no país, a tendência muito forte é aumentar o seu preço. Isso não interessa à indústria e mesmo ao capital nacional como um todo. Além disso, normalmente quem tem café no bule para comprar as estatais é o capital internacional, ou seja, o grosso dos capitalistas nacionais não irá faturar com as privatizações  

 O argumento de que a privatização é fundamental para aumentar o nível de investimentos no país é absolutamente cretino. O “financiamento” que vem para o país em tempos de privatização é para comprar empresas à preço de bananas. Investimentos produtivos não se deslocam à países que estão destruindo as leis trabalhistas, desmontando a previdência, e liquidando o mercado consumidor interno. Pelo contrário, vejam o que está acontecendo no Brasil.

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 A montadora Ford anunciou que encerrará a produção de veículos no Brasil em 2021, depois de mais de 100 anos de presença no país. Deverá fechar cerca de 5.000 postos de trabalho. Privatização só atrai o recurso para comprar o ativo a preços de banana, mais não para investimentos. Privatização significa desemprego, como revelam a experiência mundial e brasileira. As demissões começam antes de entregar o ativo. Vejam o caso do Banco do Brasil, que irá fechar 361 unidades no país, e demitir 5 mil trabalhadores. Estão preparando o Banco para privatizar, estão fazendo o serviço sujo. Ao mesmo tempo abrem mercados para os bancos estrangeiros e enxugam o banco para o processo de privatização. Detalhe: o lucro líquido do banco no ano passado, com pandemia e tudo, foi de quase R$ 14 bilhões.    

 As privatizações são sempre realizadas abaixo do que seria o valor real da empresa, essa é a regra. A Petrobrás vendeu a BR Distribuidora por cerca de R$ 9,6 bilhões, em torno de US$ 1,6 bilhão (ao câmbio atual). Esse valor, para uma empresa como essa, é “dinheiro trocado”. O valor de venda da BR Distribuidora (R$ 9,6 bilhões), já foi devolvido em boa parte com o lucro líquido de 2020, de R$ 3,9 bilhões (ano de pandemia).  

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 Enquanto o governo mais subserviente da história fala em “entregar tudo”, a fome volta a ser um agudo problema social. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil passou a viver o pior nível de pobreza de toda a série histórica iniciada em 2012. A fome é um resultado quase que matemático do conjunto de resultados, a que levou o golpe de 2016: desmonte do Estado, aumento do desemprego e precarização, aceleração do processo de desindustrialização, desmonte das estatais e privatização, liquidação dos direitos sociais e trabalhistas.  

 A experiência brasileira e latino-americana recente, mostra que o fenômeno do Imperialismo é um dos mais significativos da vida moderna e impõe uma realidade muito dura aos povos da periferia. O governo dos EUA, que agora encaminha um plano ambicioso de recuperação da economia, é o mesmo que perpetrou o golpe no Brasil, visando interromper uma série de governos que, mesmos moderados e reformistas, contrariavam os interesses dos EUA na Região. Está cada vez melhor documentado que os EUA são os principais responsáveis não só pelo golpe de 2016 no Brasil, mas pelos golpes em Honduras (2009), Paraguai (2012), Bolívia (2019) e outros, utilizando metodologias adaptadas a cada situação.  

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 Para o centro capitalista continuar dominando, os países subdesenvolvidos têm que continuar nesta condição. Não pode dispor de refinarias ou de reservas bilionárias de petróleo, ou de indústria sofisticada. No caso do Brasil, o golpe recente foi dado também para garantir o acesso sem limites, além do petróleo, às reservas de água existentes na região, os minerais e toda a biodiversidade da Amazônia. A prisão do Vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, principal responsável pela conquista da independência na tecnologia do ciclo de combustível, foi uma das primeiras realizadas pelos pérfidos integrantes da Lava Jato (ainda em 2015). Há anos os EUA realizavam espionagem para interromper essas pesquisas no Brasil, e o processo golpista foi o momento adequado para dar o bote.  Entender o significado da submissão de um país como o Brasil, com uma das maiores populações do mundo, diante dos países imperialistas, é um pré-requisito para começar a mudar a situação.  

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