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Chico Junior

Jornalista, escritor e comunicador

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Alimentação pós Covid-19: farinha pouca, meu pirão primeiro

"A saída seria, em vez das monoculturas e da produção de commodities para exportação, concentrar a produção no pequeno produtor, na agricultura familiar, que são, como se sabe, os principais fornecedores de alimentos in natura para a população, no mundo todo"

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A FAO (órgão da ONU para a Alimentação e a Agricultura, na sigla em inglês), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Mundial do Comércio (OMC) estão muito preocupadas com a alimentação mundial pós Covid-19.

Tanto que, no dia 31 de março, emitiram um comunicado conjunto cujo título é “Atenuando os impactos da Covid-19 no comércio e mercados de alimentos”, em que alerta os países para o fato de que “milhões de pessoas em todo o mundo dependem do comércio internacional para sua segurança alimentar e meios de subsistência.”

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E continua: “À medida que os países adotam medidas com o objetivo de interromper a pandemia da Covid-19, deve-se tomar cuidado para minimizar possíveis impactos no suprimento de alimentos ou consequências não intencionais no comércio global e na segurança alimentar.”

Na realidade, a grande preocupação dos três organismos internacionais é que os países considerados como grandes produtores de alimentos, o Brasil entre eles, adotem medidas de proteção alimentar para a sua população e diminua consideravelmente a exportação para os países que dependem da importação de alimentos. 

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É aquela história: farinha pouca, meu pirão primeiro.

Já disse aqui nesse espaço que “a produção de alimentos no mundo é uma zona; aparentemente organizada, mas, na realidade, confusa e que favorece apenas uma parcela da população, já que milhões de pessoas ainda passam fome, não têm acesso ao alimento.” Com a Covid-19, que, como sabemos, está alterando profundamente os meios de produção, distribuição e comercialização de alimentos, a tendência é piorar.

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Como eu também já falei, a saída seria, em vez das monoculturas e da produção de commodities para exportação, concentrar a produção no pequeno produtor, na agricultura familiar, que são, como se sabe, os principais fornecedores de alimentos in natura para a população, no mundo todo. Ou seja, produção local, consumo local.

Sei que, para muitos países africanos, latino-americanos e asiáticos, essa política pode não ser fácil de ser implementada. De qualquer maneira, o sistema de produção e de distribuição de alimentos tem que ser repensado, o mais rapidamente possível.

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Mas voltando ao comunicado, eles dizem que “ao agir para proteger a saúde e o bem-estar de seus cidadãos, os países devem garantir que quaisquer medidas relacionadas ao comércio não perturbem a cadeia de suprimento de alimentos. [...] A incerteza sobre a disponibilidade de alimentos pode desencadear uma onda de restrições à exportação, criando uma escassez no mercado global. Tais reações podem alterar o equilíbrio entre oferta e demanda de alimentos, resultando em picos de preços e aumento da volatilidade dos preços.”

Ou seja, tá todo mundo morrendo de medo de que países que são grandes produtores de alimentos tenham que cuidar, prioritariamente, da alimentação dos seus povos.

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“Devemos garantir que nossa resposta à Covid-19 não crie intencionalmente escassez injustificada de itens essenciais e exacerba a fome e a desnutrição”, dizem eles. Vamos ver, porém, como se dará isso na prática.

No dia 23 de abril, um dia depois de a ONU ter advertido para o risco de fome "de proporções bíblicas" no mundo, como consequência da pandemia, a União Europeia e 21 outros países da Organização Mundial do Comércio (OMC), incluindo o Brasil, se comprometeram a garantir o funcionamento das cadeias globais de abastecimento alimentar, afetadas pela pandemia da Covid-19.

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Os especialistas acreditam que os países produtores de alimentos em escala global poderão, por razões óbvias, sentirem menos os efeitos dessa “fome de proporções bíblicas”.

Infelizmente, não dá tempo, nesse momento, de reverter a questão da produção global de alimentos, com investimentos maciços na agricultura familiar, mudando a lógica de produção e consumo. Mas fica aí a lição e a oportunidade. 

Não estão dizendo por aí que o mundo não será o mesmo depois da Covid-19? Então comecemos a mudar esse sistema, ora...

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