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Luís Costa Pinto

Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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"Aménsalão do MEC" é a síntese da conversão da Esplanada em Sodoma e Gomorra sob Bolsonaro: zona com vendilhões de templos

"Espanta neste caso a semelhança que o modus operandi dos lobistas guarda com tudo aquilo a que assistimos na CPI da Covid", escreve Luís Costa Pinto

Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro (Foto: Reprodução | Abr)
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Os capítulos 18 e 19 do Livro do Gênesis, da Bíblia tão citada quanto esgrimida por Jair Bolsonaro e pelos bolsonaristas, narram a trágica destruição das cidades de Sodoma e Gomorra. Localizados às margens do Mar Morto, no Vale do Sidim, os núcleos urbanos da Antiguidade teriam sido destruídos por ordem divina. Todos os habitantes sucumbiram sob tempestades de fogo e enxofre, segundo a versão bíblica. A razão de tamanha ira de Deus, narra o Antigo Testamento, foram as práticas generalizadas de corrupção, desvios, roubos, estupros e imoralidades diversas segundo os credos israelitas então vigentes. Um grupo de homens tentou sodomizar dois anjos enviados pelo Senhor, antes do castigo celestial.

Nos últimos três anos, desde que Bolsonaro envergou a faixa presidencial e empunhou a caneta com a qual perpetra as barbaridades oficiais com a destreza dos vendilhões corruptos que habitavam as antigas cidades do Sidim, o Ministério da Educação vem se convertendo paulatinamente em uma espécie de Sodoma e Gomorra da Esplanada dos Ministérios. 

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Pela pasta já passaram três ministros – Ricardo Vélez, três meses de duração na cadeira e total inapetência e inabilitação para o cargo; Abraham Weintraub, um desqualificado vingativo que não tinha noção da dimensão das políticas públicas do setor e destruiu tudo o que funcionava a seu redor; e Milton Ribeiro, pastor presbiteriano designado para o posto por seus vínculos religiosos e não por quaisquer brilhos acadêmicos (que inexistem). A revelação da gravação em que Ribeiro diz que libera as verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as prefeituras e os prefeitos que chegam a ele conduzidos pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos por determinação de Jair Bolsonaro não deixa dúvidas: o MEC foi convertido em “Meca” pelo bolsonarismo e pelo fundamentalismo religioso pentescostal que usa esta janela de oportunidade que a política lhes dá na verdadeira corrida do ouro estabelecida na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Bilionário, FNDE é composto por 2,5% de todos os salários pagos no País – públicos e privados

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Com mais de R$ 170 bilhões em caixa e administrado pelo Tesouro Nacional sob as ordens expressas emanadas do ministro da Educação, o FNDE tem 90% de seus recursos provenientes da arrecadação compulsória de 2,5% de todos os salários pagos em folhas de empresas privadas e de órgãos e instituições públicas do Brasil. A rubrica pela qual todos os assalariados contribuem para ele é o “Salário Educação”, que vem assim discriminado na maioria dos holerites (contracheques). Ou seja, é dinheiro seu, meu, nosso, dos brasileiros que irriga o esquema do “Aménsalão do MEC”.

Pelo que se depreende dos áudios nos quais Milton Ribeiro involuntariamente explica a engrenagem do lobby sujo dos pastores Arilton e Gilmar, apresentados a ele pelo próprio presidente da República, que assim chancelou a missão canalha desses dois mercadores da fé (fé exclusiva no taco deles, consigne-se), trata-se do velho sistema de levar prefeitos a contratarem “facilitadores” em Brasília a fim de liberarem recursos públicos mediante comissionamento. De acordo com Gilberto Braga (PSDB), prefeito do município de Luís Domingues, no Maranhão, o pastor Arilton Moura (anote-se: é amigo de Bolsonaro e falava em nome do ministro da Educação), pediu o pagamento da comissão que considerava ser devida a ele em forma de ouro. Mais precisamente, uma barra de ouro de um quilo. Se o prefeito maranhense tem nome de dramaturgo, está aí um roteiro simples e lapidar dos caminhos da corrupção sob o comando e a liderança de Jair Bolsonaro.

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Método deslindado por gravações do MEC assemelha-se à forma de corrupção descoberta pela CPI da Covid

Desde que Brasília começou a sair das pranchetas geniais de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para virar uma cidade de verdade a partir da impetuosidade de Bernardo Sayão e Israel Pinheiro, surgiram no Planalto Central figuras que vendiam facilidades em troca de ganhos de tempo na capital da República. Joaquim Roriz, Wagner Canhedo e Neném Constantino que o digam – transformaram terras e caminhões de areia em fortunas e trajetórias políticas que escorregaram pelos picos e vales da metrópole do Centro Oeste. Os pastores Arilton e Gilmar, portanto, não estavam inventando nada. Apenas, aproveitaram como usura a liberdade libertina que o amigo presidente lhes conferiu.

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O que espanta neste mais recente caso de corrupção que expõe as vísceras corrompidas do governo federal é a semelhança que o modus operandi dos lobistas guarda com tudo aquilo a que assistimos durante as sessões didáticas da CPI da Covid. No Ministério da Saúde, entregue ao comando boçal do general Eduardo Pazuello, trocavam-se as peças “bispos e pastores” por “generais e coronéis”, e até por um capitão da Polícia Militar de Minas Gerais, e o roteiro passa a ser o mesmo traçado pelo prefeito com nome de novelista: vendedores de facilidades que traçam atalhos para os cofres públicos e cobram comissão para tal, até em barras de ouro ou criptomoedas, seja para abrir a marretadas os cofres do FNDE ou o almoxarifado de vacinas do Ministério da Saúde ou as planilhas do Orçamento da União que estão em sigilo pelas verbas secretas somente acessadas com senhas fornecidas pela Casa Civil ou pelas presidências da Câmara e do Senado – todos, claro, amigos e cúmplices de Bolsonaro.

Ao contrário dos anjos que foram enviados por Deus a Sodoma e Gomorra antes do castigo devastador dos Céus e só conseguiram identificar Ló e suas duas filhas como dignas e incorruptíveis (a mãe, Ruth, desobedeceu às ordens divinas, olhou para trás e virou estátua de sal), há no imenso corpo técnico do Ministério da Educação massa crítica capaz de fechar as porteiras do curral de bezerras de ouro que o apostolado criminoso formado a partir da junção de Bolsonaro com denominações evangélicas promoveu ali. Eles já passaram a fazer isso, mesmo sem apoio do Ministério Público, e tratam de reunir provas para incriminar o consórcio de mercadores e vendilhões de templos instalados no MEC pelas denominações religiosas pentecostais. A tempestade divina já se forma de dentro para fora das urnas de outubro – que venha como fogo e enxofre para devastar esses personagens demoníacos como Bolsonaro, Milton Ribeiro, Pazuello, generais, coronéis, capitães, bispos os pastores lobistas e corrompidos.

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