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Hildegard Angel

Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do militante político Stuart Angel Jones

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“Amigo secreto” deve ser visto, mesmo que nos custe enxergar

"O filme disseca o cadáver putrefato da Lava Jato, que também atuava como agência de notícias daquela Operação", escreve Hildegard Angel

(Foto: Divulgação)
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Por Hildegard Angel, para o 247

Não vá apenas de máscara, quando for assistir ao documentário “Amigo secreto”, de Maria Augusta Ramos, que estreia hoje. Leve um pregador para o nariz. O filme disseca o cadáver putrefato da Lava Jato, que também atuava como agência de notícias daquela Operação, distribuindo diariamente “press releases” para a grande mídia brasileira, que os publicava, irresponsavelmente, sem qualquer questionamento ou apuração.

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Quando o filme terminar, e você retirar a máscara para tomar um sal de frutas, se dará conta que outras máscaras tombaram no desdobramento daquele caso: 1) as dos procuradores do MPF, cujo grupo no What’sApp se intitulava Amigo Secreto; 2) a  do ex-juiz e atual candidato a pré-candidato, Sergio Moro; 3) as dos desembargadores do TRF-4; 4) a da hoje desacreditada imprensa corporativa brasileira, cuja omissão impulsionou o crescimento da mídia progressista, que hoje a incomoda bastante.

Sem repetir as emoções e palpitações de seu premiado “O processo”, sobre o impeachment de Dilma, o novo documentário de Maria Augusta propõe o ritmo da paciência diligente de quatro jornalistas “perdigueiras”, no acompanhamento às pegadas encontradas pela Vaza Jato – série de reportagens do The Intercept, que revelou a indecência dos trapos da Lava Jato sob sua túnica de vestal imaculada.     

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Em sua “Lição de anatomia”, a autopsia da ‘legista’ Maria Augusta Ramos se desdobra em cenas, revelando as tripas fétidas daquele período inquisitorial recente brasileiro (por isso recomendei o pregador no nariz). A sordidez das audiências de Moro, com o selo “Culpado” carimbado em Lula, antes mesmo de ele depor. O vazamento dos diálogos cafajestes e inadequados dos procuradores da LJ. O ridículo power point do primário Dallagnol (ou seria o primário power point do ridículo Dallagnol?) , arrancando gargalhadas da plateia na sala lotada do cinema Estação NetRio. A reunião do ministério do “Dom Corleonaro”, em nível de baixeza moral e verbal que nem Coppola igualou em sua série sobre a máfia. Com novas gargalhadas para as expressões de espanto do ministro da Saúde, Nelson Teich, ante as boiadas de Ricardo Salles, naquela reunião de 22 de abril de 2020, que envergonha a História da República do Brasil. 

O documentário segue em ritmo de reflexão – não de palpitação – contextualizando o cotidiano de vida e trabalho das jornalistas envolvidas, ouvindo as revelações indecentes de personagens das “delações premiadas”, a interpretação dos fatos por grandes juristas brasileiros e as entrevistas dos jornalistas responsáveis pela Vaza Jato, Glenn Greenwald e Leandro Demori – palmas para eles!

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Maria Augusta refaz a história. Lula na prisão; a vigília solidária e permanente de seus seguidores até o fim; a reviravolta do caso; a decisão do STF, proibindo prisão após 2ª Instância, que beneficiou Lula; a parcialidade de Moro, resultando na anulação do processo do tríplex pelo STF, e posteriormente dos demais processos contra o ex-presidente. 

Documentando esse desdobramento, que insiste em continuar a se desdobrar, o filme da cineasta nos leva ao anticlímax, um estado de frustração, motivado pela realidade das imagens do vilão sênior, Moro, aplaudido, lançando-se candidato no Paraná, não se sabe ainda a quê, e do vilão master, Bolsonaro, falando a uma impressionante multidão de tresloucados seguidores, na Avenida Paulista, qual um pastor, levando seus fiéis fanáticos ao estado de exorcismo. 

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O bolsonarismo não é uma doença nem é uma torcida de futebol. É pior. É um credo, que propõe o fim da civilização e a apoteose da barbárie, recitado pelo Jim Jones de Rio das Pedras.

Infelizmente, é este o estado brasileiro em que nos encontramos, e que a nós mesmos cabe mudar. 

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“Amigo secreto” deve ser visto, mesmo que nos custe enxergar.

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