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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Apesar das loucuras, se depender do Congresso e do STF, Bolsonaro não sai

"Se as instituições brasileiras estivessem mesmo funcionando plenamente, como costumam dizer alguns defensores do atual status quo, Bolsonaro há muito já teria sido defenestrado da Presidência da República", constata Ribamar Fonseca

Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nobrega/PR)
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O grito de “Fora Bolsonaro” vem ecoando, em meio a panelaços, na maioria das cidades brasileiras. O povo, cansado, já dá sinais de que não aguenta mais o capitão, cuja sanidade mental vem sendo questionada por muita gente, inclusive pelo jurista Miguel Reale Jr, depois do seu comportamento irresponsável no dia 15 último, colocando em risco a saúde dos seus próprios seguidores. O jurista Reale Jr, aliás, que é o mesmo que subscreveu o pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef, pediu uma junta médica para examinar o capitão e deveria aproveitar a oportunidade para ele próprio, um dos principais responsáveis pela ascensão de Bolsonaro, também se submeter ao exame, junto com a sua parceira Janaína Paschoal. Na verdade, seria salutar que também o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente, que acusou a China pela pandemia do coronavirus e foi apelidado pelo vice-presidente Mourão de Eduardo Bananinha, fosse igualmente examinado, pois parece ter o mesmo problema do pai. Com essa simples providência seria mais prático e menos demorado, como a gravidade do momento exige, afastar Bolsonaro do comando da Nação e permitir que pessoas mais equilibradas conduzam o país nestes tempos difíceis de crise. 

Parece que o coronavirus, que vem produzindo mais estragos no mundo do que uma guerra convencional,  vai fazer o que os adversários de Bolsonaro não conseguiram até agora: derrubá-lo. Afora os fanáticos bolsonaristas, aqueles imbecilizados que o idolatram independente do que faça, ninguém mais tem dúvidas de que o capitão, um grande equívoco eleitoral, não rem mais condições de governar o país, o que, aliás, na verdade nunca fez. Sem controle sequer sobre os  filhos, responsáveis por algumas das crises e demissões de ministros, o Presidente já perdeu até o apoio do seu guru, o astrólogo Olavo de Carvalho, que passou a prever a sua próxima queda. Ainda assim, com o terreno fugindo dos seus pés,  ele debocha dos dois pedidos de impeachment que deram entrada na Câmara dos Deputados, certamente  porque sabe que o presidente da Casa, Rodrigo Maia, não tem coragem de abrir o processo para o seu afastamento. Na verdade, Bolsonaro debocha de tudo, até do coronavirus, o que explica aquela pantomina com a máscara, que ele não sabia se colocava sobre a boca, o nariz  ou sobre os olhos. O fato é que o Brasil já vem navegando à deriva desde o início do ano passado, sem comando, o que fatalmente o levará ao naufrágio se o comandante não for substituído o mais rápido possível. 

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Bolsonaro, na realidade, não parece nem um pouco preocupado com o avanço do coronavirus no Brasil, preferindo caminhar na contramão de tudo e de todos, prosseguindo em seu passatempo preferido: disseminar fakes nas redes sociais. Enquanto especialistas do mundo inteiro alertam para os riscos do uso da cloroquina no combate ao vírus, cujos efeitos ainda estão sendo pesquisados em vários laboratórios,  o capitão simplesmente divulga um vídeo, gravado pelos seus filhos,  falando sobre as excelências do medicamento, o que deverá provocar uma corrida às farmácias com  prejuízos para os doentes que efetivamente necessitam daquele remédio. Ao mesmo tempo, ele briga com os governadores que, cansados de esperar pelas providências do governo federal, decidiram fechar os aeroportos, portos e rodovias para conter o contágio acelerado do coronavirus. Ele criticou os governadores pela iniciativa, sob a alegação de que tais medidas são da alçada federal, mas os governantes argumentam que mais importante do que essa briga por competência é a saúde da população, razão porque estão pedindo diretamente ajuda à China, apesar da agressão do deputado Bananinha.  “Nossa briga deve ser contra o coronavirus”, disse o governador Flavio Dino, do Maranhão.   

Seguindo o exemplo de Bolsonaro, para quem o coronavirus é uma “gripezinha”, tem muita gente no Brasil que não vem dando importância à pandemia do novo virus e, como consequência, está contribuindo para a disseminação do novo vírus. É o caso, por exemplo, do pastor Silas Malafaia, que desafiou as autoridades a impedirem a realização de cultos em suas igrejas. Como os semelhantes se atraem,   o capitão atraiu das trevas pessoas que pensam e se comportam como ele, algumas delas levadas para o seu governo, como é o caso do chanceler Ernesto Araujo, que a Band, em editorial, chamou de “idiota” e “inepto” por ter endossado as críticas do deputado Bananinha à China, principal parceiro comercial do Brasil.  E como resultado do despreparo, trapalhadas e grosserias do Presidente, que decepcionou até seus eleitores, cresce na sociedade, com a participação da grande imprensa, a pressão para que ele seja afastado do Palácio do Planalto. Já é visível o temor de que a sua permanência no comando da Nação poderá ser muito mais prejudicial ao país do que o próprio coronavirus.   

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Se as instituições brasileiras estivessem mesmo funcionando plenamente, como costumam dizer alguns defensores do atual status quo, Bolsonaro há muito já teria sido defenestrado da Presidência da República. Segundo levantamento feito pela Folha de São Paulo, desde o inicio do seu mandato ele já cometeu 15 crimes de responsabilidade e, portanto, já existe motivo suficiente para que seja afastado do cargo. Por muito menos disso a presidenta Dilma Roussef foi destituída pelo Congresso. Se depender, porém, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o capitão vai  continuar destroçando o país até o final do seu mandato, apesar dos dois pedidos de impeachment que deram entrada na Casa. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do Globo, Maia disse que não vai abrir nenhum processo contra Bolsonaro porque “dá azar”. Lembrou que os dois presidentes da Câmara, que permitiram o impeachment de dois presidentes da República, Fernando Collor e Dilma Roussef, caíram: Ibsen Pinheiro perdeu o mandato e morreu e Eduardo Cunha está preso.  Como ele é supersticioso não pretende ter o mesmo fim, não se importando com os destinos da nação e do seu povo. 

Na verdade, essa desculpa de Maia tem outro nome: covardia. Ele se borra de medo do capitão e sua milícia virtual, assim como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Tóffoli. Recorde-se que no auge do movimento golpista para a derrubada de Dilma, sob a coordenação dos tucanos e com o apoio da grande imprensa, o então presidente da Corte Suprema, ministro Ricardo Lewandowski, chegou a fazer uma advertência  sobre a ilegalidade do golpe, afirmando que era preciso “aguentar” Dilma ainda por mais três anos. O atual presidente do STF, Tóffoli, que todos sabem transformou-se em amigo íntimo de Bolsonaro, preferiu o silêncio, apesar das agressões  à Corte e do comportamento do Presidente que, surpreendentemente, chegou a manifestar apoio às manifestações de rua  pelo fechamento do Supremo e do Congresso Nacional. O capitão, portanto, pode ficar tranquilo, pois se depender do Parlamento e do STF ele vai se eternizar  no poder. Isso só acontecerá, no entanto, se o povo ficar apenas nos panelaços e a grande imprensa, responsável também pela ascensão de Bolsonaro, ficar nos editoriais. Sem mobilização popular será difícil desalojar o capitão do Palácio do Planalto, apesar das suas loucuras.


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