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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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As aberrações e os danos que causam a este país destroçado

Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia, expõe o que ele chama de "sexteto de aberrações admiráveis" no governo Bolsonaro. "Todos têm se esforçado ao máximo, é preciso reconhecer, para arrasar suas áreas, com uma exceção"

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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas Pela Democracia - O governo Bolsonaro abriga um sexteto de aberrações admiráveis: no ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a senhora Damares Alves. Já no do Meio Ambiente temos Ricardo Salles, condenado em primeira instância por improbidade administrativa (quando foi secretário de Meio Ambiente de São Paulo, se adulteraram – segundo a sentença que o condenou – programas de proteção ambiental).

No de Aberrações Exteriores, temos um obscuro diplomata de carreira chamado Ernesto Araújo. No de Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, indiciado pela Polícia Federal e denunciado pela promotoria de Minas Gerais por falsidade ideológica, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.  

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A quinta aberração atende pelo nome de Abraham Weintraub e ocupa o ministério da Educação. Comete erros grosseiros de concordância verbal quando fala e de ortografia quando escreve. Aliás, isso explica suas péssimas notas quando foi estudante.

A sexta não ocupa propriamente um ministério, mas quase: a secretaria de Cultura, parte do ministério de Turismo. Seu chama Roberto Rego Pinheiro, e atende pela alcunha de Roberto Alvim. 

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Todos têm se esforçado ao máximo, é preciso reconhecer, para arrasar suas áreas, com uma única exceção: Marcelo Álvaro Antônio. Por uma questão de justiça, deve-se admitir que não arrasou nada até agora, porque não fez nem faz absolutamente nada.  

Os outros, porém, dedicam integralmente seu tempo a destruir, destroçar, regredir. E neste ponto, também por uma questão de justiça, deve-se reconhecer que cumprem fielmente o anunciado por Bolsonaro na campanha eleitoral: sua primeira missão seria destruir tudo. 

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Weintraub, por exemplo. Ignorante, grosseiro, tosco, pedante, espelha em seu comportamento o esforço olímpico em imitar as atitudes grotescas de Bolsonaro. Não consegue atingir o mesmo nível de baixeza, mas seu esforço certamente é reconhecido pelo clã presidencial. Se a isso for somada a eficiência com que vem desmontando os meios públicos de educação, com sanha especial para as pesquisas acadêmicas, esse reconhecimento cresce. 

Araújo, então, nem se fale. Em dez meses e meio desmontou uma tradição secular de política externa. E faz isso sem pejo algum, sabedor, quiçá, de que os verdadeiros traçadores da política externa brasileira são Filipe Martins, assessor especial de Bolsonaro, e um dos filhos presidenciais hidrófobos, o deputado Eduardo. Ambos são fiéis discípulos do astrólogo autonomeado filósofo, Olavo de Carvalho, guru da família presidencial. 

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Entre as façanhas do ministério de Aberrações Exteriores contam-se iniciativas que fizeram o Brasil abandonar posições construídas ao longo de décadas, tudo em nome da vassalagem bolsonarista diante do ídolo-mor, Donald Trump. 

Nunca antes o país foi tão isolado e ridicularizado no cenário externo. Nem nos tempos da ditadura militar sempre tão louvada por Bolsonaro. 

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Já Damares Alves vem desmontando, desde que deixou de contar como viu Jesus Cristo numa goiabeira, tudo que havia de estrutura de defesa dos direitos humanos, de recuperação da memória e da busca pela verdade.

Ricardo Salles, por sua vez, também faz tudo que seu mestre mandar: facilitou o trabalho dos garimpeiros ilegais que envenenam e matam rios e arroios, baixou a fiscalização ambiental a níveis ínfimos, e tem coragem suficiente para não ter medo algum do que faz.       

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E, finalmente, temos a sexta aberração, o Roberto que prefere ser Alvim. Agora mesmo ele esteve numa reunião da Unesco em Paris, e causou assombro a ministros e representantes de todo o mundo. 

A sequência de sandices disparadas incluiu, claro, a afirmação de que tudo que foi feito nas artes ao longo dos últimos vinte anos pretendia escravizar a mentalidade do povo em nome ‘de um violento projeto de poder esquerdista’. Depois de fechar sua sequência de delírios verbais ele viu como representantes estrangeiros pediam a palavra para defender com veemência o que ele havia atacado, ou seja, as artes brasileiras.

Paulo Guedes, Sergio Moro e o general Augusto Heleno não devem ser incluídos no rol das aberrações: ao contrário, são plenamente conscientes de suas atitudes, e destroem tudo com firme convicção. São lúcidos, o que faz com que sejam ainda mais perigosos.

Quando terminar o pesadelo bolsonarista, as artes e a cultura irão se recuperar, a educação também (demorando muito mais) e as estruturas de defesa dos direitos humanos serão reconstruídas. 

Recuperar a tradição diplomática brasileira levará um bom tempo, mas acontecerá. Até mesmo a entrega do país ao mundo a troco de migalhas, missão que o pinochetista Guedes cumpre com eficácia, poderá ser revertida, e a legislação genocida do ex-juiz corrupto destinada a combater o crime poderá ser retrocedida. 

Já o meio ambiente destroçado por Salles e Bolsonaro talvez seja irrecuperável. E isso tudo acontece em menos de um ano de governo.

Pobre país, este meu. Pobre país mergulhado num silêncio amorfo, vil.  

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