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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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As adivinhações furadas sobre Bolsonaro

Jornalista Moisés Mendes lista cinco cenários-adivinhações apresentados desde o início do governo de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: Adriano Machado/Reuters)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia

A tentação da adivinhação toma conta de jornalistas e cientistas, e não só de cartomantes, em tempos de desespero. Acertar uma boa previsão é garantir fama e reputação, mesmo que efêmeras.

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Abaixo, alguns cenários-adivinhações apresentados desde o início do governo. Não deram certo. É do jogo, e muitos continuarão chutando futuros certos e incertos para todo lado, incluindo um golpe.

1. Bolsonaro iria construir sem muito esforço lastro social, forte apoio empresarial, com as reformas, e base parlamentar. Com o peso do poder, seria empurrado para o centro e calibraria o discurso mais radical para manter sua base sem assustar os moderados. Alargaria benefícios para os pobres e teria no Congresso o apoio das bancadas transversais e seus interesses setoriais econômicos, negociais e de costumes. Os partidos e o centrão seriam jogados para um lado e substituídos pelos grupos de interesse. A governabilidade sairia desses arranjos avulsos. A realidade: o centrão está vivo, dá colo por alto preço a Bolsonaro e ainda serve de leão-de-chácara.

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2. Paulo Guedes seguiria em frente, sem obstáculos, fazendo o serviço sujo e cumprindo a agenda liberal, enquanto Bolsonaro seria o palhaço-trapezista do circo. Guedes se transformaria, por impetuosa ação ‘modernizante’, no mais poderoso ministro do governo e seria intocável. A realidade é que o ministro da Fazenda só tem autonomia para dizer bobagens e quem conduz a agenda das reformas, aos trancos e barrancos, ainda é a Câmara que era de Rodrigo Maia e agora é de Arthur Lira. Guedes não manda, destruiu a economia e incorporou-se ao folclore do governo.< br />

3. Os militares seriam os tutores de Bolsonaro. Os generais buscariam dar forma e rosto a um governo militarizado. Era preciso ter um projeto para o país, com a marca dos fardados, para que não ficassem apenas como seguranças de Bolsonaro. Eles mandariam em Bolsonaro. A realidade: o tenente transformou os militares em tarefeiros, empregando 6 mil oficiais e dobrando seus salários, e desmoralizou a saúde pública com Eduardo Pazuello e os coronéis das vacinas. Os militares não tutelam Bolsonaro, são apenas seus serviçais. Não há um projeto pensado pelos militares e não se sabe o que eles têm condiç&otil de;es de pensar e interpretar, se não interpretam direito nem mesmo o artigo 142 da Constituição.

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4. Quando Bolsonaro começou a se fragilizar, consagrou-se a tese, quase que sem contestação, de que o sujeito teria apoio militar incondicional para seguir em frente. O apoio incluiria respaldo aos blefes e a todo tipo de desatino. Dependendo do ritmo de degradação do governo, um golpe poderia ser aplicado ou apenas anunciado indefinidamente, porque os chefes militares estariam sempre por perto. Os comandantes das três armas foram embora em março, puxados pelo aviso do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, de que precisavam cair fora. O apoio militar do mais bem informado general de Brasília e das lideranças de Exército, Marinh a e Aeronáutica não era integral. Bolsonaro chamou substitutos, que são substitutos.

5. Agora nos braços do centrão, Bolsonaro segue adiante, apavorado com a ressurreição de Lula e o cerco do Supremo e da CPI do Genocídio, mas com um fato que o consola e ao mesmo tempo o aterroriza. Não há terceira via no horizonte, e a tarefa de enfrentar Lula é toda dele. E então alguns anunciam que todos os partidos de ‘centro’ e de direita terão de se jogar na arca furada do sujeito, sem máscara, porque não haverá outra saída. É a mais recente adivinhação e talvez mais uma candidata a ser também uma adivinhação furada.

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